Apesar de ter sido introduzida no Brasil há pouco tempo, a Psicologia Econômica está presente em dois grandes programas que visam à educação financeira em larga escala: a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) e o Programa de Apoio ao Superendividado (PAS) do PROCON-SP.
A ENEF na Rede Pública de Ensino
Já falei aqui sobre esta grande iniciativa, que reúne Governo, Ministério da Educação e Cultura (MEC), Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Banco Central (BC) entre outras instituições privadas e não governamentais, e que ainda se encontra em fase de projeto-piloto em 400 escolas de seis estados do país do ensino fundamental e médio.
Sabendo que desequilíbrios financeiros individuais, quando em massa, podem comprometer o sistema econômico do país como um todo, a ENEF nas escolas busca muito mais do que apenas informar alunos sobre questões financeiras e econômicas. O grande objetivo é estabelecer um conjunto de estratégias capazes de modificar comportamentos e hábitos de consumo, poupança e modo de vida.
Em Psicologia Econômica, sabe-se que existe uma série de situações que potencializam as chances de tomarmos decisões não muito favoráveis ao nosso bolso, especialmente no longo prazo. É aí que a Psicologia Econômica entra sob a forma de “pisca-alertas”, que são frases curtas em destaque distribuídas ao longo dos livros utilizados no programa.
O objetivo desses “pisca-alertas” é chamar a atenção dos alunos para essas situações e proporcionar uma discussão que englobe os aspectos psicológicos da tomada de decisão de uma forma leve, mas absolutamente concreta e relevante para eles.
Um exemplo desses “pisca-alertas” é sobre o efeito que a tomada de empréstimo tem sobre a nossa cabecinha: não ficamos mais ricos, pelo contrário teremos que devolver não só aquele montante, mas também uma parcela extra referente aos juros! O efeito desse tipo de informação pode ser muito diferente do que expor os alunos a cálculos de juros compostos ou simplesmente dizer que a tomada de crédito deve ser consciente.
Ajudar esses jovens a entender que as armadilhas estão dentro da nossa cabeça e que existe uma série de situações que funcionam como gatilho para essas ciladas é o que faz da nossa ENEF pioneira no uso da Psicologia Econômica em programas de educação financeira.
PAS do PROCON de São Paulo
O Programa de Apoio ao Superendividado (PAS) do PROCON-SP já saiu da fase piloto e foi inaugurado no dia 5 de outubro. O objetivo é atender pessoas com um alto grau de endividamento e ajudá-las a recuperar suas finanças.
Aqui a Psicologia Econômica está sendo utilizada em duas frentes: na capacitação das pessoas que trabalham diretamente com o público alvo do programa, tanto na fase de triagem quanto na fase de conciliação; e também na orientação financeira das pessoas que procuram o PAS.
Para quem quiser mais informações sobre o serviço basta acessar as informações do lançamento (clique aqui).
Feirão Limpa Nome
Acontece, de 17 a 20/10, a Segunda Rodada do Feirão Limpa Nome, das 9 às 17 horas no Expo Center Norte – Vila Guilherme, São Paulo. Lá, a Coordenadora do Núcleo de Tratamento do Superendividamento do PROCON-SP, Neide Ayoub (que também integra o Grupo de Estudos sobre Psicologia Econômica), estará oferecendo a palestra “Do vermelho ao azul – dicas para equilibrar o orçamento” às 11:20h, 13:20h e 15:20h. Clique aqui para mais detalhes sobre o evento.
Ambos os programas (ENEF e PAS) foram apresentados pela Dra. Vera R. de Mello Ferreira e sua equipe na Conferência de 2012 da International Association for Research in Economic Psychology (IAREP) sob o título: “Can we be debiased? How Economic Psychology can inform financial education programs” (Podemos nos prevenir contra os vieses? Como a Psicologia Econômica pode contribuir para os programas de educação financeira).
É a Psicologia Econômica a serviço da sociedade. Até breve e um abraço.