Imagine que esteja andando pela rua e encontre, digamos, 50 reais. Fantástico, não? Após a satisfação inicial causada pela sensação de “estar com sorte”, qual seria sua reação seguinte? Comemoraria o achado, gastando a pequena quantia assim que tivesse oportunidade ou simplesmente contabilizaria o valor junto ao seu patrimônio total? E se, na situação inicial, a quantia fosse maior? Digamos, 500 reais? Sua reação seria a mesma? Pense bem.
E ai? Bom, vamos analisar outra hipótese: se este valor fosse a recompensa por um trabalho realizado (como, por exemplo, uma parcela de um curso ministrado), sua reação mudaria? Todas as hipóteses levantadas poderiam ser cenários de estudo para o que tornou-se conhecido como contas mentais na Psicologia Econômica. A tendência da grande maioria das pessoas é tratar o dinheiro “achado” com mais displicência que aquele conseguido a duras penas.
Não há nada de errado nesta reação, a não ser o fato de que, infelizmente, há situações em que recursos conseguidos com esforço não aparente podem ser colocados na “conta” dos “achados”. Para simplificar o entendimento, é possível citar dois exemplos bastante didáticos para aqueles que são assalariados: a restituição de imposto de renda e o décimo terceiro salário.
Numa interpretação menos profunda, não nos parece que a restituição do imposto de renda é um recurso que acumulamos com grande esforço. Mas tudo fica mais evidente se imaginarmos que esta é uma poupança compulsória que realizamos mensalmente junto ao governo federal. Ou seja, são recursos que deveríamos receber integralmente, juntamente com a remuneração mensal, mas são devolvidos com desconto um ano depois da retenção.
O décimo terceiro salário também deveria ser encarado como outra poupança compulsória, trocando apenas a entidade que realiza a retenção, de governo federal para a empresa que o contratou. O raciocínio encaixa com sua opinião a respeito de cada uma dessas variáveis? Sendo assim, que atitude poderia ser tomada em relação a qualquer novo “prêmio” que recebemos ou venhamos a receber?
Possivelmente, incorporar o valor ao patrimônio colocando-o, por exemplo, em uma das muitas alternativas de investimento disponíveis hoje em dia (caderneta de poupança, títulos, fundos e etc.). Isso para deixar que a euforia/emoção inicial dê lugar a uma atitude mais racional sobre a utilização deste recurso extra – que inclusive já poderá ter rendido bons frutos (juros) dependendo do tempo de espera.
Faz sentido? Tratam-se de conclusões e decisões óbvias? Pois é, aprenda a questionar-se e a avaliar seu comportamento diante do dinheiro. Seu futuro financeiro agradece! Pense nisso sempre!
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Marcelo Stefanelli Santos é leitor assíduo do Dinheirama, vencedor da promoção “Investimentos Inteligentes no Dinheirama”, e grande estudioso da Psicologia Econômica e seus efeitos no cotidiano financeiro dos brasileiros.
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