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A Psicologia te ajudando na hora de investir

por Paulo R. Ribeiro
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A Psicologia te ajudando na hora de investirO ser humano tem uma arrogância natural por achar que é o “centro das atenções” da natureza, já que é o único animal que pensa. Isso faz com que superestimemos nossa capacidade de ser racional, dando valor demais a ela. Como?

Bem, nosso cérebro prega todos os tipos de truques em nós sem sabermos disso. São pequenas falhas de pensamento, problemas de lógica e dificuldades em tomar decisões. Grande parte desses “lapsos” ocorre sem nem mesmo termos consciência deles. Por isso, hoje se faz essencial conhecermos os pequenos defeitos de nossa mente para que não sejamos vítimas deles, principalmente quando se trata de dinheiro.

Se você quer estudar, um bom livro iniciante e popular chama-se “Você não é tão esperto” (em inglês, apenas). Já há mais de 100 tendências cognitivas catalogadas (é assim que os cientistas chamam aqueles truques que mencionei), vários problemas de heurísticas (modos errôneos de tomar decisão) e outros problemas psicológicos inerentes aos seres humanos.

Há várias razões para eles existirem, mas, em termos evolutivos, basta você pensar que nosso cérebro evoluiu para viver numa floresta, ajudando na caça, fugindo de predadores e vivendo em tribos pequenas. Ele não foi criado para conviver numa sociedade conectada, para ter que lidar com internet e fazer investimentos! Quando usamos esse “equipamento antigão” para o mundo moderno, vários problemas surgem.

Estudando eles com calma, selecionei alguns para te apresentar, focando naqueles que podem atrapalhar sua relação com dinheiro na hora do investimento. O primeiro passo para lidar com eles, claro, é conhecê-los bem.

Aversão a perdas
Quem gosta de perder? Ninguém! Alguns estudos chegam a sugerir que a dor da perda pode ser até duas vezes maior do que o prazer de ganhar. Ou seja, você fica feliz quando ganha X, mas fica pelo menos duas vezes mais triste quando perde o mesmo X.

Quando no meio dos investimentos, esteja consciente de que há ganhos e perdas, pois há riscos. Sem riscos (por menores que sejam), não há investimento. Seu dever é controlar e minimizar a possibilidade de perdas através do aprofundamento no assunto, conversas com pessoas mais experientes e busca de vivência no mercado.

Ter consciência de que a perda é real e faz parte do jogo ajuda, pois você não vai entrar em pânico quando suas ações caírem em um dia 0,1%, já que você estudou a empresa e sabe da possibilidade dela em melhorar no longo prazo. É por isso que paciência é uma das principais virtudes dos investidores profissionais.

O efeito de manada
A ideia do efeito de manada é simples: as chances de você fazer alguma coisa aumentam conforme aumenta o número de pessoas fazendo. Isso acontece, pois o ser humano tem uma tendência forte de conformar, ou seja, de fazer igual àqueles a sua volta. Esse processo é até observável no próprio mercado financeiro, quando as pessoas entram em pânico, pois alguns investidores começaram a vender as ações de determinada empresa – o que leva o resto a querer vender também, até que os preços desabem.

O ponto a ser notado aqui é: você não deve esperar as outras pessoas agirem para tomar decisões. Não é porque sua amiga nunca investiu o dinheiro dela que você não deve fazer o mesmo. Ou porque você não conhece ninguém que investe no Tesouro Direto que você não deva fazê-lo.

O importante é você buscar informações do campo em questão e julgar por si mesmo. E, claro, se você esperar todo mundo investir em algo para que você o faça também, já não haverá mais lucro algum, justamente porque todo mundo está fazendo o mesmo.

O problema da heurística da disponibilidade
Um problema parecido ao efeito de manada é a heurística da disponibilidade. O conceito é bem mais simples do que parece. Vamos começar com a heurística: o que é isso? Podemos dizer que são regrinhas que você usa para agir (tomar decisões) no dia a dia.

Por exemplo, quando vai a um restaurante novo, o que você pede? O prato da casa ou aquilo que o casal da mesa ao lado está comendo? Quando você está arrumando o quarto, como você tira o lixo: desocupa tudo de uma vez ou o faz móvel por móvel? Tudo isso são heurísticas que você usa, ‘algoritmos’ de tomada de decisões.

Alguns desses algoritmos são observados em todas as pessoas e um deles é a heurística da disponibilidade. Basicamente, é um atalho mental que você usa para julgar as coisas. Se alguém te perguntar “Viajar de avião é seguro?”, você vai tentar lembrar-se de eventos em sua memória relacionados a isso.

Se você viu recentemente notícias de várias quedas de avião ou se conhece alguém próximo que morreu em um acidente, você vai julgar viajar de avião como perigoso, muito embora as estatísticas mostrem outra coisa. Aqui, sua memória e as experiências próximas disponíveis se confundem com as verdadeiras chances lá fora.

O mesmo acontece com dinheiro. Se você apenas conhece pessoas com experiências negativas no mercado de imóveis, por exemplo, você vai julgar o mercado como ruim, muito embora você não tenha checado a situação real. O oposto também é verdadeiro: você pode imaginar algo como mais positivo do que realmente é. É essencial estar consciente dessa armadilha para não cair nela.

A falácia do apostador (ou A falácia de Monte Carlo)
Se você joga uma moeda para cima cinco vezes e o resultado são cinco coroas consecutivas, você apostaria quanto que a sexta jogada vai ser cara? Bem, sinto dizer-lhe, mas a probabilidade de eventos passados não altera eventos futuros quando esses são independentes.

Então, mesmo que tenha saído cinco coroas seguidas, a probabilidade de sair cara ou coroa no sexto lançamento não muda e ainda será de 50 %. Essa é a falácia do apostador. Um caso bem extremo aconteceu em um cassino chamado Monte Carlo, em 1913, quando, em um jogo de roleta, o preto saiu 26 vezes seguidas. Sim, 26 vezes seguidas!

A probabilidade disso acontecer é próximo de uma chance em 100 milhões. Como você pode imaginar, as pessoas ‘vítimas’ da falácia do apostador acreditavam que as chances de sair a cor vermelha eram muito maiores porque só tinha saído preto até então, o que fez as apostas crescerem de maneira absurda. Quando são eventos independentes, acontecimentos passados não influenciam o desempenho futuro.

Aqui entra até um pouco de mentalidade: você não pode tratar seu dinheiro como se estivesse apostando. Você tem que tomar decisões estudadas e conscientes do risco envolvido. Se certa opção financeira tem ido mal nos últimos meses, isso não indica que as chances dela irem bem de uma hora para outra são grandes; nem o contrário.

O problema da heurística afetada
A heurística afetada (conceito que se mistura com intuição para as pessoas) é o problema que temos em julgar as situações de um modo geral, jogando elas na categoria de “boa” ou de “ruim”.

“Logicamente, riscos e benefícios são duas coisas diferentes e devem ser julgadas separadamente, mas você não julga coisas logicamente. Quanto mais algo parece te beneficiar, menos arriscado parecerá de maneira geral. Quando você vê algo como bom, os problemas são ofuscados. Quando você vê algo como arriscado, se torna mais difícil enxergar os benefícios” – David McRaney em “Você não é tão esperto”.

Esse é um daqueles mecanismos que existem para nos ajudar a viver numa selva, cheia de predadores, nos auxiliando a tomar decisões rápidas. Mas, como o perigo hoje não é mais questão de vida ou morte, é interessante que você tome decisões deliberadas e atribua mais importância a argumentos e dados do que à sua intuição (que claramente não evoluiu para agir no mundo em que você vive).

Como escolher a melhor ação ou opção de investimento é algo bem abstrato, normalmente somos prejudicados quando tomamos decisões baseadas na intuição. Para investimentos, em específico, o problema surge quando analisamos uma alternativa (seja ações, caderneta de poupança, CDB, etc.) de maneira superficial, atribuindo um sentimento geral de bom – “vale investir” – ou de ruim – “não vale investir”.

É preciso ter em mente a diferença entre o retorno e o risco de nossa opção – não podemos misturar tudo em um sentimento, isso atrapalha o julgamento. Em certo estudo, constatou-se que até mesmo analistas financeiros experientes sofrem desse problema quando estão diante de uma opção financeira não familiar.

O que fazer a respeito de tudo isso?
Toda a ideia do “conhece a ti mesmo” é mais importante do que você imagina. Reconhecer nossas falhas e nossas dificuldades nos ajuda a agir de modo mais consciente e aumenta nossas chances de conseguirmos o que queremos.

Eu listei apenas algumas das dezenas de tendências cognitivas e erros de tomada de decisão que normalmente nos afetam. Se te interessa, há muito mais. Conhecer e trabalhar em cima disso vai te fazer não apenas um investidor melhor e mais preparado, mas um ser humano mais consciente e efetivo. Concorda? Comente no espaço abaixo e até a próxima.

Foto de sxc.hu.

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