Já pensou poder comprar seu conversor para a TV digital em suaves prestações? Pois é, infelizmente, você leu certo. Que a TV digital vai revolucionar a nossa maneira de assistir televisão, não tenho dúvidas. Só não imaginava que seu impacto também se estenderia para o aspecto financeiro das muitas famílias humildes deste país. Mas, tudo bem, eu sou ingênuo mesmo. Pelo menos assim sempre surgem bons assuntos sobre os quais debater.
A primeira questão foi a lenda dos conversores baratos, que só começaram a surgir no mercado há poucos meses (dias). Não pretendo entrar no mérito técnico da da TV digital, mas na sua repercussão diante da nossa consumista sociedade. A idéia é, mais uma vez, abrir e alimentar um importante debate sobre a necessidade de financiarmos bens de consumo supérfluos em detrimento da saúde financeira familiar e do planejamento futuro, objetivos tão sonhados e almejados por todos. Vale a pena?
Banco do Brasil vai financiar conversor para a TV digital. Esta é a manchete de uma pequena nota do jornal Folha de S. Paulo, do dia 16/07. Não se trata de uma linha especial de crédito, mas da extensão do já existente financiamento de produtos eletroeletrônicos. O anúncio foi feito pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, no lançamento de um novo modelo de conversor.
Ao ler a notícia, fiquei com a sensação de estar sendo “obrigado” a consumir a TV digital. Minha imaginação criou, com realismo incrível, a imagem do ministro dizendo: “A TV digital é revolucionária e você não tem desculpa para não tê-la. Use o crédito, financie, as parcelas são muito pequenas”. Veja bem, ele não falou isso. Foi só minha imaginação. Calei imediatamente minha mente e continuei a leitura da nota:
“Segundo Dênis Corrêa, gerente executivo da diretoria de varejo do banco, não há condições especiais para os conversores. Os juros são de 2,84% ao mês com divisão em até 48 vezes. O valor do crédito vai depender do limite de crédito pré-aprovado de cada cliente do banco.”
Pera lá! Pausa para a educação financeira.
Alguns aparelhos citados na reportagem têm preços sugeridos de R$ 299,00 e R$ 199,00. Grandes varejistas oferecerão estes produtos com parcelas que variam de R$ 10,00 a R$ 15,00. Ah, sim, não existe essa de “sem juros”. O fato é que 2,84% de juros ao mês é um percentual muito alto. Os juros embutidos nos preços “à vista” também são excessivos, não se iluda.
Por que não pensar em poupar o valor das prestações e então comprar o conversor à vista e com desconto? Se aplicados mensalmente em uma simples caderneta de poupança, R$ 10,00 se trasformam em R$ 200,00 em dezoito meses. Ora, é poupar agora para ter o conversor no final do ano que vem. Longe demais? Francamente, falta em nosso dia-a-dia tanto bom senso, quanto disciplina. Inteligência financeira, leitor, sabe o que é isso?
Apenas pretextos.
Este artigo, a TV digital, o conversor e as horas em frente ao televisor são apenas pretextos, confesso. Meu objetivo é alertá-lo, de forma cada vez mais insistente, para as armadilhas do crédito fácil e desnecessário. Ao deparar-se com uma situação cotidiana, como a compra financiada de um simples conversor, procure ir além do raciocínio simplista que apenas mede o impacto da prestação no orçamento doméstico. Pergunte-se:
- Eu preciso mesmo deste produto? Preciso agora? Adiar a satisfação não é sinal de fraqueza, mas de inteligência emocional e financeira.
- Meu fluxo de caixa permite que eu economize o valor da parcela? Posso poupar este montante e comprar o bem à vista e com desconto? Simule as alternativas, ande bastante e pesquise.
- Se eu voltar para casa sem comprá-lo, vou sentir falta daqui um mês? Na dúvida, não compre. Faça a experiência. Quase que a totalidade das coisas que você quer comprar não são necessárias no curto prazo. Então poupe e construa o capital para comprá-lo mais adiante.
- Comprar algo agora afeta meus objetivos financeiros? Ah, não tem objetivos financeiros? Pois é, trate de incorporá-los à sua realidade e leve esta pergunta a tira colo. Sempre.
Atenção então, caro leitor. Educação financeira, noções de economia e algum bom senso são suas armas contra a onda consumista que está solta por ai. Veja você: aqui onde moro, a TV digital deve demorar a chegar. É o belíssimo e famoso “interiorzão” (com o erre bem puxado) de Minas. Não tem problema, enquanto a revolução não chega o dinheiro está sendo poupado pagá-la (se ela chegar).
PS: Enquanto você lê este artigo, estou desfrutando de minhas merecidas férias em algum lugar deste planeta. Tentarei manter o blog atualizado mesmo assim. Conto com a sua compreensão.
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