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A visita de Barack Obama e os resultados do Brasil

por Ricardo Pereira

A visita de Barack Obama e os resultados do BrasilFomos agraciados no final de semana passado com a visita do Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Obama. A visita produziu cenas memoráveis, afinal tanto Obama como a Primeira Dama Michelle mostraram carisma e disposição de sobra para correr os pontos turísticos do Rio de Janeiro, incluindo no roteiro uma inesquecível visita noturna ao Cristo Redentor.

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Diversos temas relevantes foram abordados durante sua passagem, mas a verdade é que sua visita não resultou em nenhum tipo de compromisso efetivamente bom para o Brasil. A visita aconteceu, mas serviu apenas para estreitar laços já conhecidos. O atual cenário global mostra o Brasil como um grande exportador de commodities e, no entanto, persistem enormes barreiras contra a entrada de nossos produtos nos EUA.

A novela do Biocombustível
Entre nossos principais produtos está o biocombustível, feito a partir da cana de açúcar. Nos EUA, o biocombustível é feito a partir do milho e o governo norte-americano paga aos produtores US$ 0,45 por galão. Os subsídios chegaram a custar ao governo americano, só no ano de 2008, mais de US$ 4 bilhões. E o governo norte americano ainda cobra uma tarifa extra de US$ 0,54 por galão. Nosso produto poderia ser muito competitivo por lá. Poderia.

A verdade é que os produtos brasileiros – etanol, suco de laranja, algodão, carne bovina, entre outros – não são competitivos do ponto de vista financeiro a ponto de encontrar mercado consumidor dentro dos EUA. Isso ocorre devido às inúmeras barreiras e à força do lobby de produtores norte-americanos. Acessar o mercado é complicado para nossos exportadores.

Claro que o fim das barreiras não depende exclusivamente da vontade do Presidente Obama (O congresso é fundamental), mas ele é a autoridade máxima do país. Ele não deu nenhum indicativo de que as barreiras possam ser revistas.

Balança comercial: os motivos do déficit
Analisando friamente os números, fica mais fácil entender os motivos que levaram a balança comercial brasileira a ser deficitária em 2010 em relação aos EUA em US$ 8 bilhões – vendemos US$ 19 bilhões e compramos US$ 28 bilhões.

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Durante a visita de Obama, muitos analistas se exaltavam em criticar algumas escolhas que o Brasil fez nos últimos anos ao buscar novos parceiros comerciais. Ora, trabalhar ao lado da maior economia do planeta não é algo que pode ser rejeitado. Pelo contrário, a relação tem e terá sempre muita importância para o desempenho de nosso país.

Mas, sejamos realistas: não existe por parte do governo norte-americano (presidência e principalmente congresso) abertura para que exista um ambiente “ganha ganha”. Eles querem vender e oferecer seus produtos sem a recíproca para nosso país. Fica fácil com esse tipo de conduta entender o fracasso nas negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), por exemplo.

Parceiros globais, não parceiro exclusivo
Imaginemos que o Brasil não diversificasse seus negócios e parceiros comerciais, buscando, por exemplo, outros mercados (como a China). Será que teríamos atravessado o período de crise da mesma forma? Não precisamos ir muito longe para entender isso: basta relembrar as dificuldades que o México atravessou durante o tombo recessivo do Tio Sam, quando passou a querer se aproximar do Brasil.

Para finalizar e citar, claro, um ponto positivo da passagem de Obama, rolou um certo interesse dos EUA pelo tema “pré-sal”. Trata-se de um legado que, sem sobre de dúvidas, pode vir a ser um grande trunfo de nossa economia – desde que não tropecemos nas nossas próprias pernas. É torcer, trabalhar e esperar para ver. Até mais.

Foto de sxc.hu.

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