O Brasil está criando mais gado em áreas menores, ajudando a tornar a produção de carne bovina mais sustentável no maior exportador mundial, mas os riscos da cadeia de suprimentos permanecem, pois os criminosos continuam desmatando a floresta amazônica para desenvolver atividades pecuárias, disse a associação da indústria Abiec.
Segundo o diretor de sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Fernando Sampaio, este é o “calcanhar de Aquiles” do setor, já que os mercados consumidores estão exigindo que grandes produtores de alimentos como o Brasil regularizem suas cadeias de suprimentos e rastreiem a origem das matérias-primas para frear as mudanças climáticas.
A maior parte do desmatamento para criação de gado ocorre ilegalmente em áreas públicas invadidas, disse Sampaio.
“Não estamos produzindo mais ou exportando mais porque o desmatamento está aumentando”, disse. “E não estamos produzindo menos ou exportando menos porque está diminuindo. Não há correlação.”
“(A Amazônia) deveria ser um patrimônio de todos os brasileiros, mas tem gente esperta que acaba indo para lá e se apropriando privadamente. A primeira coisa que fazem é colocar uma boi lá para segurar aquela terra”, disse Sampaio.
A Amazônia tem 60 milhões de hectares de áreas públicas não destinadas, disse Sampaio.
Ele citou unidades de conservação e terras indígenas, além de assentamentos e lotes públicos sem uso como alvos preferenciais de grileiros da floresta.
Sampaio disse ainda que o desmatamento ilegal é prejudicial à imagem do Brasil no exterior e pode gerar embargos de importadores.
“O Brasil está apanhando por causa disso. A indústria inteira está apanhando por causa disso”, afirmou. “O desmatamento ilegal acaba contaminando nossa cadeia produtiva.”