O Bank of America (BofA) divulgou recentemente um relatório que destaca sua preferência pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) (CBAV3) em comparação com grandes empresas do setor de mineração e siderurgia, como Vale (VALE3), Bradespar (BRAP4), CSN (CSNA3), CSN Mineração (CMIN3) e Usiminas (USIM5). A análise conduzida pelos analistas Caio Ribeiro e Guilherme Rosito aponta para um cenário mais favorável ao alumínio do que ao minério de ferro, devido a fatores estruturais que beneficiam a demanda por alumínio e cobre, enquanto o minério de ferro enfrenta desafios no mercado global.
O relatório explica que os estímulos monetários e fiscais recentes na China impulsionaram uma alta generalizada nos preços dos metais. No entanto, a visão do BofA se mantém otimista apenas para metais como cobre e alumínio, enquanto permanece cautelosa em relação ao minério de ferro. Esse contexto favorece a Companhia Brasileira de Alumínio, levando o BofA a revisar sua recomendação de “Neutra” para “Compra” em relação às ações da CBA, com preço-alvo de R$ 8 por ação, o que sugere um potencial de 30%, mesmo considerando a forte alta de hoje.
De acordo com o relatório, o alumínio se beneficia de uma série de fatores, como a capacidade quase total das fundições chinesas, que operam próximo ao limite imposto pelo governo, e a restrição na expansão de novas fundições no país. Além disso, a crescente demanda por alumínio, impulsionada por setores como energia renovável e veículos elétricos, fortalece ainda mais a posição da CBA, que está integrada na produção de bauxita e alumina, matérias-primas essenciais para a produção de alumínio.
A CBA também apresenta um valuation atrativo, com uma relação EV/EBITDA projetada de 3,1 vezes para 2025 e uma geração de fluxo de caixa livre de 12%. Além disso, a companhia é uma das mais expostas à desvalorização do real, o que aumenta sua competitividade no mercado global. Cada desvalorização de 10 centavos no real, segundo o relatório, implica em um aumento de 9% no EBITDA da CBA.
Vale fora de moda
Por outro lado, a Vale, uma das gigantes do setor de minério de ferro, recebeu uma recomendação “Neutra” do BofA. A avaliação da empresa está ancorada em uma visão mais cautelosa sobre o minério de ferro, com os analistas acreditando que a recente alta nos preços foi impulsionada mais pelo sentimento do mercado do que por fundamentos sólidos. O relatório também prevê uma correção nos preços do minério de ferro, que podem cair de US$110 para US$90 por tonelada até 2025, pressionados pela alta nos estoques nos portos chineses e pela expectativa de aumento da oferta global.
Além disso, a CSN, uma das principais produtoras de minério de ferro do Brasil, recebeu a classificação “Underperform” no relatório. Segundo os analistas, o grande capex necessário para o desenvolvimento da divisão de mineração da CSN, aliado à pressão sobre os preços do minério de ferro, deve impactar negativamente os resultados da empresa. A possível aquisição da InterCement também foi vista como um fator que pode aumentar o endividamento da companhia.
A situação da Usiminas também não é favorável, com a recomendação de “Underperform” do BofA. Os analistas destacam a incerteza em relação aos resultados da empresa, que continuam pressionados pela queda nos preços do minério de ferro e pela dificuldade de aumentar os preços do aço laminado a quente (HRC) no mercado brasileiro. A expectativa é que os preços do minério e do aço não se recuperem no curto prazo, o que limita as chances de uma revisão positiva nos ganhos da Usiminas.
Outra empresa citada no relatório é a Bradespar, que também recebeu uma recomendação “Underperform”. A análise aponta que as ações da Bradespar estão sendo negociadas com um prêmio de 1% em relação ao valor patrimonial, quando o BofA acredita que seria mais justo aplicar um desconto de 15% a 20%.
Entre as mineradoras, a CSN Mineração também recebeu uma avaliação negativa, com classificação “Underperform”. O relatório destaca o grande investimento necessário no projeto P15, além de observar que a empresa está sendo negociada com um múltiplo de quase 7 vezes o EV/EBITDA para 2024, um valor considerado elevado em comparação com outras mineradoras, como Vale e CSN.