O Itaú BBA revisou suas estimativas para o crescimento da rede de atacarejo Assaí (ASAI3), ajustando as projeções de abertura de lojas devido ao aumento da taxa Selic. A análise, assinada pelo analista Rodrigo Gastim, destaca que o Assaí reduziu sua meta de expansão para 2025, passando de 20 para 10 novas lojas.
A retomada da abertura de 20 lojas por ano está prevista apenas para 2026. Segundo Gastim, essa revisão foi motivada pela “alta das taxas de juros e pela alavancagem da companhia, que atualmente está em 4,7 vezes a relação dívida líquida/EBITDA, considerando a posição média de caixa”.
Além disso, a empresa projeta uma redução de 0,6 vezes na alavancagem até o final de 2025, alinhando-se às previsões do Itaú BBA. No entanto, Gastim observa que o banco prefere utilizar a posição média de caixa para calcular a alavancagem, o que leva a uma estimativa de endividamento maior do que a divulgada pela empresa, que considera a posição de caixa no final do exercício.
“Não utilizamos as indicações da Assaí de 3,2 vezes e 2,6 vezes de alavancagem, pois consideram a posição de caixa ao final do ano”, afirma o analista.
Em termos de investimentos, a Assaí alocará entre R$ 1,0 bilhão e R$ 1,2 bilhão em capex (despesas de capital) em 2025, com R$ 650-750 milhões destinados à abertura de novas lojas. Para manutenção das operações existentes, a companhia prevê investir entre R$ 250 e R$ 300 milhões, um valor abaixo da estimativa anterior do Itaú, que era de cerca de R$ 500 milhões.
A análise também aponta uma previsão de R$ 100 a R$ 150 milhões para projetos de infraestrutura e inovação, o que inclui melhorias tecnológicas e de eficiência operacional. O banco destaca a importância dessas iniciativas para “melhorar as margens de EBITDA e os termos de financiamento com fornecedores”, prevendo uma redução de dois dias no ciclo de caixa da empresa, um ganho relacionado a fornecedores e outro a estoques.
Um ponto de destaque no relatório é a decisão do Assaí de priorizar a desalavancagem. Gastim avalia essa medida como positiva, principalmente diante do aumento dos custos de capex por loja desde a pandemia, o que também impacta as projeções de retorno sobre o capital investido (ROIC). “Vemos de forma positiva a decisão da empresa de priorizar a redução da alavancagem”, afirma o analista.
Expectativas do mercado para o Assaí
O Itaú BBA estima que o impacto da redução nas aberturas de lojas será limitado para as expectativas de mercado. “Se considerarmos 10 aberturas a menos, com um custo médio de R$ 70 milhões por loja, e a destinação dessa economia para o pré-pagamento de dívidas mais caras, estimamos um ganho de cerca de R$ 20 milhões para 2025”, acrescenta Gastim.
Outro ponto relevante da análise é a possibilidade de uma transação de venda com arrendamento (SLB) de parte das 28 lojas próprias da Assaí, o que poderia gerar um valor adicional de R$ 700 milhões. Esse movimento pode reduzir as necessidades de capex para 2025, oferecendo uma alternativa para melhorar a estrutura financeira da empresa.
No entanto, o banco alerta que a competição no setor de atacarejo continua acirrada, especialmente com a pressão sobre as margens de retorno em lojas maduras. “O desempenho ainda contido das vendas por metro quadrado nas operações mais antigas continua a pressionar os retornos marginais”, destaca o relatório.
Apesar do cenário desafiador, o Itaú BBA acredita que o impacto das revisões negativas nas projeções de lucro já está, em grande parte, precificado nas ações do Assaí, que sofreram uma desvalorização de 48% no acumulado do ano. “Acreditamos que grande parte das revisões negativas já foi precificada”, conclui o analista.
O banco tem uma recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado), com preço-alvo de R$ 16,60, o que sugere um potencial de valorização de 135%. Gastim também informou que pretende revisar as suas estimativas em breve.