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Ações do BB caem 3% após “bandeira laranja” no agronegócio

Provisões para perdas no setor começaram no segundo semestre de 2023, mas ainda não demonstraram melhora

por Gustavo Kahil
Agronegócio, Selic,BB, Banco do Brasil

Os resultados do Banco do Brasil (BBAS3) no terceiro trimestre de 2024 apresentaram uma estabilidade nos lucros e crescimento em diversas áreas, mas a análise dos especialistas do Safra – Daniel Vaz, Silvio Dória e Maria Luisa Guedes – revela preocupações com a consistência dos ganhos do BB no futuro, principalmente devido a pressões no segmento rural e revisões nas provisões para perdas.

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As ações operam em queda de aproximadamente 3% após o balanço.

Para o BTG Pactual A retomada dos NPLs (Non-Performing Loans) e, consequentemente, das provisões para perdas com empréstimos no setor agro, que começou no segundo semestre de 2023 e foi inicialmente “explicada” como uma normalização de um nível anormalmente baixo, continuou no primeiro semestre de 2024, levantando uma “bandeira amarela”.

“Nos últimos meses, a administração sinalizou condições de deterioração no livro agro, o que também levou a um início mais lento dos desembolsos para o novo plano de colheita, piorando provavelmente a situação no terceiro trimestre. O BB é o banco líder no agro, e acreditamos que ele pode renegociar termos, recuperar perdas e executar garantias, mas as métricas de deterioração significam que a “bandeira amarela” pode ter acabado de ficar “laranja”, apontam os analistas Eduardo Rosman e Thiago Paura.

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O Safra manteve uma visão negativa para as ações do BB, ressaltando que, apesar de alguns pontos positivos, o banco enfrenta desafios que podem afetar seu desempenho financeiro nos próximos trimestres.

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O Banco do Brasil reportou um lucro líquido ajustado de R$ 9,515 bilhões no trimestre, representando um aumento de 8,3% em relação ao ano anterior e ligeiramente superior ao esperado pelos analistas do Safra. Esse resultado contribuiu para um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 21,1% no trimestre.

Apesar desse aumento, o Safra observa que o impacto positivo dos créditos fiscais e a queda nas despesas administrativas foram essenciais para sustentar esses números. Sem esses fatores, o ROE teria ficado em torno de 18%, abaixo do desempenho esperado.

A margem financeira bruta do BB foi outro ponto de destaque, alcançando R$ 25,870 bilhões, um crescimento de 9,3% em relação ao ano anterior. A maioria desse avanço veio do aumento das operações de captação institucional, com crescimento de 10,9% nesse segmento. A margem com clientes também apresentou crescimento de 4,8% no trimestre, totalizando R$ 20,797 bilhões.

Provisões para perdas no agro

O segmento rural, responsável por cerca de um terço da carteira de crédito do Banco do Brasil, tem sido motivo de preocupação para o Safra. As provisões para perdas do banco aumentaram em 29% em relação ao trimestre anterior, atingindo R$ 10,086 bilhões.

Esse aumento é atribuído às dinâmicas complexas no setor rural, que enfrentou um aumento de 65 pontos-base no índice de inadimplência de 90 dias. Para o Safra, essa situação demanda atenção, pois a inadimplência no segmento rural tem potencial de continuar pressionando as provisões no último trimestre do ano.

Os analistas destacam a relevância dos refinanciamentos rurais previstos para 2024, o que implica em mais provisões devido à maior formação de NPLs nesse segmento.

A inadimplência total do banco para operações acima de 90 dias ficou em 3,3% no terceiro trimestre, um aumento de 0,33 ponto percentual comparado ao segundo trimestre e de 0,53 ponto percentual em um ano. O BB tem uma cobertura de provisões para 93% da inadimplência de 90 dias, com um índice de cobertura reduzido para 178%, 14 pontos percentuais abaixo do trimestre anterior.

Revisão de projeções

O Banco do Brasil revisou seu guidance para provisões e despesas administrativas, elevando a faixa de provisões para R$ 34 bilhões – R$ 37 bilhões, em comparação com a previsão anterior de R$ 31 bilhões – R$ 34 bilhões. As despesas administrativas tiveram sua projeção ajustada para um crescimento de 5%–7% anual, uma redução em relação ao intervalo anterior de 4%–8%. Esses ajustes refletem as medidas do banco para lidar com o aumento dos custos com provisões, mas indicam uma pressão contínua sobre a rentabilidade em breve.

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Outro ponto relevante é o impacto da Resolução No. 4966, que pode afetar o capital e as provisões do banco. O Safra reitera que essa regulação apresenta riscos adicionais à saúde financeira do BB, especialmente para 2025, quando novas provisões serão necessárias devido ao aumento dos NPLs no setor rural.

Ações

Com base nos desafios de provisões e na vulnerabilidade do Banco do Brasil no segmento rural, o Safra manteve sua classificação “Neutra” para as ações do BBAS3, reforçando a preferência por Itaú Unibanco (ITUB4) e BB Seguridade (BBSE3) como opções de investimento mais consistentes para aqueles que buscam retornos sustentáveis com dividendos.

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