A Vivara (VIVA3) anunciou na terça-feira (12) o seu terceiro divórcio com CEOs apenas em 2024. Otavio Lyra, que ocupava o cargo desde março, será substituído por Ícaro Borrello, o atual COO, que também se tornará CFO e Diretor de Relações com Investidores interinamente. A reação do mercado foi uma queda das ações, em torno de 3,5%.
Paulo Kruglensky deixou o cargo em março, quando o fundador Nelson Kaufman foi eleito. Alguns dias depois, contudo, ele deixou o posto para ocupar a presidência do Conselho de Administração, abrindo espaço para Lyra. Com isso, a chegada de Borello marca o quarto líder da Vivara em 8 meses.
“A mudança não ajuda o sentimento em relação a uma preocupação-chave do mercado: a rotatividade da alta administração da Vivara, que tem sido um problema desde março de 2024”, pontuam Pedro Pinto e Flávia Meireles, da Ágora Investimentos. Eles ressaltam, contudo, que Borrello foi o principal executivo liderando as iniciativas estratégicas e operacionais mais recentes.
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Vale lembrar que foi a sua proximidade com Kaufman um dos motivos para ser, provavelmente, o escolhido. Não seria, então, o próprio Kaufman o “comandante-em-chefe” da Vivara?
O executivo fundou a Vivara na década de 60 e se destacou por capitanear o ciclo de expansão e desenvolvimento do modelo de negócios. Nos últimos anos, antes de retornar como CEO em março, Nelson havia se dedicado a projetos pessoais e atuado diretamente na busca por inovações e operações ao redor do mundo.
“Recentemente, acreditamos que a tomada de decisões tem se tornado cada vez mais centralizada em torno do Sr. Kaufman e do Sr. Borrello, que tem se envolvido frequentemente ao lado do Sr. Kaufman em várias reuniões e discussões estratégicas importantes”, ressalta Rodrigo Gastim, do Itaú BBA.
Borrello, que está na Vivara desde janeiro de 2024, supervisionou projetos essenciais relacionados à variedade de produtos e gerenciamento de estoque ao nível de loja. Além disso, um período de transição foi estabelecido, durante o qual o Lyra entregará suas responsabilidades, concluindo em 12 de dezembro de 2024.
“Outra mudança no C-level não deve ser uma grande surpresa para os investidores, embora acreditemos que pode desencadear uma reação negativa das ações. No entanto, o papel que o Borrello desempenhou em iniciativas recentes que impulsionaram a aceleração das vendas sugere um forte momento operacional contínuo durante o quarto trimestre de 2024 e 2025”, pontuam Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo, do Santander.
Efeitos colaterais
Apesar de os últimos dois trimestres terem sido bem avaliados, os analistas da Ágora ressaltam que ainda é muito cedo para assumir que as mudanças drásticas em andamento em sua gestão não terão efeitos colaterais negativos nos fundamentos da empresa no longo prazo.
“Portanto, em nossa opinião, isso pode, em última análise, limitar o potencial de reclassificação da Vivara por um tempo e esta nova decisão alimentará um pouco o ruído nessa frente. Em geral, esperamos sinais mais claros relacionados à continuidade dos negócios, bem como indicações de governança mais fortes”, projetam Pinto e Meireles.
O Itaú BBA, Santander e Ágora reiteraram a recomendação de compra para as ações.