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Americanas cresce lucro e avança em reestruturação financeira no 3° tri

Além disso, a quitação da maior parte das dívidas concursais possibilitou que a Americanas reduzisse sua dívida bruta de R$ 45,2 bilhões para R$ 1,7 bilhão

por André Torres
3 min leitura
Americanas

A Americanas S.A. (AMER3) apresentou resultados financeiros que destacam um novo marco na recuperação e reestruturação da empresa, no terceiro trimestre de 2024. Após a execução de etapas cruciais do Plano de Recuperação Judicial (PRJ), incluindo aumento de capital e pagamentos a credores, a empresa reportou uma receita líquida de R$ 3,2 bilhões, um leve aumento de 0,6% em relação ao mesmo período de 2023.

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Esse crescimento modesto reflete o ajuste da empresa, que reconfigurou sua estratégia comercial e operacional para priorizar eficiência e rentabilidade em um cenário de incertezas.

A companhia, que em janeiro deste ano enfrentou um dos maiores escândalos financeiros do país, com fraudes contábeis que resultaram em um rombo bilionário, realizou um aumento de capital de R$ 24,5 bilhões.

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Esse movimento não só consolidou o equilíbrio da estrutura de capital da Americanas, mas também reverteu seu patrimônio líquido de R$ 30,4 bilhões negativos em junho de 2024 para um saldo positivo de R$ 5,7 bilhões ao final de setembro.

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Além disso, a quitação da maior parte das dívidas concursais possibilitou que a Americanas reduzisse sua dívida bruta de R$ 45,2 bilhões para R$ 1,7 bilhão no fim do trimestre.

No terceiro trimestre, a companhia teve um lucro líquido de R$ 10,3 bilhões, impulsionado principalmente pelo reconhecimento de receita financeira derivada do “haircut” nas dívidas concursais, o que gerou um impacto positivo de aproximadamente R$ 5,4 bilhões.

Esse valor representa um desconto nas dívidas junto aos credores, uma medida essencial dentro do PRJ. O resultado financeiro consolidado também incluiu a reversão de juros e variações monetárias que incidiram sobre a dívida concursal até o momento de sua reestruturação.

A Americanas ajustou seu portfólio e otimizou o mix de produtos, aumentando o foco em itens de maior margem, como higiene, beleza e utilidades domésticas, ao mesmo tempo em que reduziu a exposição a produtos de menor margem e alto custo, como eletrônicos de ticket elevado.

Essas mudanças foram refletidas no crescimento de 2,6 pontos percentuais na margem bruta, que alcançou 32,4% no trimestre.

Além disso, o lucro bruto de R$ 1,03 bilhão representa um aumento de 9,2% em relação ao terceiro trimestre de 2023, mesmo com o ambiente desafiador e a reformulação operacional.

O segmento de lojas físicas continua sendo um pilar para a Americanas, contribuindo com 73% do GMV (Volume Bruto de Mercadoria) total, que foi de R$ 4,7 bilhões no terceiro trimestre.

As vendas físicas cresceram 11,2%, impulsionadas por iniciativas de modulação de loja e regionalização de precificação, que permitem que a empresa ofereça preços ajustados para diferentes regiões e perfis de consumidor.

Americanas
Loja da Americanas, em São Paulo (Imagem: Gustavo Kahil/ Dinheirama)

A estratégia de logística e abastecimento, com iniciativas como o projeto “Pit Stop”, ajudou a reduzir o índice de ruptura de produtos, melhorando a disponibilidade dos itens mais vendidos.

Por outro lado, o e-commerce da Americanas enfrentou um cenário desafiador, com uma queda de 45,5% no GMV digital.

Esse declínio reflete a redução da participação da empresa no segmento de comércio eletrônico como parte de sua estratégia de recuperação, mantendo o canal digital como um complemento ao varejo físico, em vez de um pilar principal.

Digital

A empresa iniciou, em setembro, o processo de venda da Ame Digital, braço financeiro da Americanas, como parte do planejamento estratégico previsto no PRJ, com a intenção de concentrar-se em novas parcerias e ofertas de produtos e serviços financeiros em colaboração com instituições bancárias.

As despesas operacionais da Americanas foram ajustadas para refletir seu novo modelo de negócios, com uma redução de 2,3% nas despesas com SG&A (vendas, gerais e administrativas) em relação ao mesmo trimestre de 2023, representando 34,4% da receita líquida.

A empresa também encerrou operações de 21 lojas com baixa performance e otimizou os tamanhos de outras, ajustando-se ao potencial de vendas de cada unidade.

Essas iniciativas contribuíram para o aumento nas vendas por metro quadrado, uma métrica essencial para medir a eficiência das lojas físicas.

Com uma posição de caixa e equivalentes de R$ 2,2 bilhões, a Americanas mantém uma estrutura financeira que excede suas obrigações financeiras atuais, ainda que persista o desafio de estabilizar sua posição em longo prazo.

A recuperação judicial permitiu à companhia focar-se em tornar-se mais leve, simples e rentável, objetivos que ainda demandam esforços contínuos.

Os resultados deste trimestre marcam uma fase de transformação para a Americanas, que busca resgatar sua credibilidade e relevância no varejo brasileiro.

A companhia está investindo em eficiência operacional e em uma estratégia omnicanal que prioriza a experiência do cliente e a rentabilidade.

Contudo, a trajetória da Americanas ainda está em processo de recuperação, e os próximos trimestres serão decisivos para consolidar as iniciativas de reestruturação e ajustar a presença digital e física para garantir a sustentabilidade de longo prazo.

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