A Americanas (AMER3) divulgou seus resultados do terceiro trimestre de 2024, e a análise da XP Investimentos aponta um cenário desafiador para a empresa, ainda refletindo os impactos de sua crise financeira e os esforços para reestruturação. As ações chegaram a decolar 65% nesta quinta-feira (14).
Finclass com 50% de desconto! Realize seu cadastro gratuito para ter acesso VIP à Black Friday
“Finalmente, notamos que a estratégia mais racional de precificação contribui para o cenário competitivo do e-commerce. No entanto, continuamos cautelosos com o setor, por conta de uma demanda ainda pressionada pelo macro e competição acirrada”, aponta a analista Danniela Eiger. A recomendação das ações continua sob revisão.
Conforme o relatório, a Americanas reportou uma queda significativa nas vendas e uma retração em margens operacionais. A receita líquida foi impactada pela diminuição nas vendas em lojas físicas e pela performance abaixo do esperado no e-commerce, um dos principais motores de crescimento da companhia nos últimos anos.
Após a execução de etapas cruciais do Plano de Recuperação Judicial (PRJ), incluindo aumento de capital e pagamentos a credores, a empresa reportou uma receita líquida de R$ 3,2 bilhões, um leve aumento de 0,6% em relação ao mesmo período de 2023.
Veja todas as carteiras recomendadas para novembro
A companhia, que em janeiro deste ano enfrentou um dos maiores escândalos financeiros do país, com fraudes contábeis que resultaram em um rombo bilionário, realizou um aumento de capital de R$ 24,5 bilhões.
No terceiro trimestre, a companhia teve um lucro líquido de R$ 10,3 bilhões, impulsionado principalmente pelo reconhecimento de receita financeira derivada do “haircut” nas dívidas concursais, o que gerou um impacto positivo de aproximadamente R$ 5,4 bilhões.
Operações otimizadas
A XP destacou que, embora a empresa esteja implementando medidas para conter custos e otimizar operações, os efeitos ainda são limitados frente ao passivo acumulado.
A Americanas ajustou seu portfólio e otimizou o mix de produtos, aumentando o foco em itens de maior margem, como higiene, beleza e utilidades domésticas, ao mesmo tempo em que reduziu a exposição a produtos de menor margem e alto custo, como eletrônicos de ticket elevado.
Essas mudanças foram refletidas no crescimento de 2,6 pontos percentuais na margem bruta, que alcançou 32,4% no trimestre.
Veja todos os resultados da temporada do 3º trimestre
Além disso, a XP sinalizou preocupações quanto à liquidez da Americanas, mencionando que o caixa disponível ainda é pressionado pelas obrigações financeiras, o que traz desafios para a sustentabilidade das operações no curto prazo. O processo de recuperação e renegociação de dívidas é complexo e depende de vários fatores, incluindo o apoio de credores e investidores.
Com uma posição de caixa e equivalentes de R$ 2,2 bilhões, a Americanas mantém uma estrutura financeira que excede suas obrigações financeiras atuais, ainda que persista o desafio de estabilizar sua posição a longo prazo.
A XP mantém uma postura cautelosa em relação às ações da Americanas, mencionando que, apesar dos esforços de reestruturação, os riscos permanecem elevados e o caminho para uma recuperação sólida ainda é incerto.