Os consumidores americanos estão gastando mais em bares e restaurantes, em concessionárias de automóveis e online e isso é verdade tanto mensalmente quanto conforme as tendências do ano passado.
Dados divulgados nesta terça-feira (17) mostraram que as vendas no varejo dos Estados Unidos aumentaram mais do que o esperado em setembro, sugerindo que a economia encerrou o terceiro trimestre com força.
” Os consumidores só procuram diversão e é difícil resistir a ver o risco ascendente para as perspectivas”, apontam os economistas do Wells Fargo Tim Quinlan e Shannon Seery.
As vendas no varejo em setembro subiram 0,7% na comparação com agosto, mais que o dobro da expectativa de consenso para apenas 0,3%.
“As famílias encararam a inflação altíssima, o aumento das taxas de juros, os conflitos geopolíticos e… continuaram a gastar”, analisam Quinlan e Seery em uma nota obtida pelo Dinheirama.
O comportamento dificulta o trabalho dos economistas, que precisam calcular o impacto da retomada dos pagamentos de empréstimos estudantis, da diminuição das poupanças da era pandémica e do custo mais elevado do crédito.
“Ou seja, apenas para observar a mentalidade imprudente de um consumidor que de alguma forma encontra uma forma de continuar a gastar. Subestimamos repetidamente o consumidor dos EUA”, destacam.
O amanhã
Os efeitos dessa onda desenfreada de gastos dos americanos pode levar ao caos nas finanças domésticas, um cenário que é evidente não só na diminuição das poupanças, mas também na tendência de aumento da inadimplência nos cartões de crédito.
A taxa de poupança pessoal permanece bem abaixo dos níveis pré-pandemia, em 3,9% em agosto.
“Há muito que sublinhamos que o rendimento real é o último grande impulsionador da despesa, e a contínua tensão no mercado de trabalho sugere que o rendimento pode continuar a alimentar o consumo no curto prazo”, estimam os economistas.
A única coisa que poderia quebrar este ciclo seria a fraqueza do mercado de trabalho, que agora é difícil de apontar.
A contínua resiliência dos consumidores poderá manter a pressão sobre a inflação e, portanto, sobre o Federal Reserve.
” Outra subida das taxas antes do final do ano é uma possibilidade, mas o nosso cenário-base continua a ser o de que a última subida das taxas do ciclo de aperto ocorreu em julho”, concluem.