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Aqui está quem venceu o debate entre Trump e Harris

Harris se manteve firme em seus ataques a Trump, abordando temas sensíveis como o histórico criminal do ex-presidente e o ataque ao Capitólio

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Donald Trump e Kamala Harris, durante debate realizado pela ABC

No aguardado debate presidencial entre a vice-presidente Kamala Harris e o ex-presidente Donald Trump, a análise da consultoria GZERO, subsidiária da Eurasia Group, aponta Harris como a vencedora. Ao longo do debate realizado na noite de terça-feira (10) pela ABC, Harris se manteve firme em seus ataques a Trump, abordando temas sensíveis como o histórico criminal do ex-presidente, o ataque de 6 de janeiro ao Capitólio e sua recusa em aceitar os resultados das eleições de 2020. Harris destacou: “Trump foi demitido por 81 milhões de pessoas”, reforçando a rejeição popular em 2020.

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Trump, por sua vez, optou por revisitar antigos pontos de discussão, como imigração, crime e o que ele chama de “esquerda radical”.

No entanto, a estratégia foi vista como repetitiva. Um exemplo foi sua declaração infundada de que imigrantes estavam comendo animais de estimação, o que foi rapidamente descartado como uma teoria conspiratória. Harris estava preparada e usou esse momento para afirmar que os discursos de Trump estavam desgastados, pedindo que o país “virasse a página” desse tipo de retórica.

Um dos momentos mais comentados foi quando Harris confrontou Trump diretamente: “Você não está concorrendo contra Joe Biden. Está concorrendo contra mim”.

Ao longo do debate, Trump lutou para manter o foco nas perguntas e, quando questionado sobre questões como a guerra em Gaza, desviou para temas como a invasão da Ucrânia pela Rússia, afirmando que isso não teria ocorrido sob sua administração, apesar do conflito já estar em andamento durante seu mandato.

Harris conseguiu desviar Trump de um de seus principais temas, a imigração, ao sugerir que as pessoas deixavam seus comícios por tédio. Trump mordeu a isca, gabando-se de suas grandes multidões, sem responder diretamente à pergunta sobre seu papel no fracasso de uma reforma de segurança nas fronteiras. Além disso, ele admitiu não ter um plano de saúde claro, dizendo: “Estamos analisando diferentes planos. Tenho conceitos de um plano”, o que reforçou sua aparente falta de preparo.

Embora algumas respostas de Harris parecessem ensaiadas, ela conseguiu manter a mensagem central de ser uma líder de uma nova geração que deseja superar a era divisiva da política americana. Por outro lado, o debate foi marcado por poucas discussões detalhadas de políticas públicas, com ambos os candidatos focando em ataques pessoais.

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Aliados de Trump expressaram desapontamento, com o senador Lindsey Graham descrevendo o debate como uma “oportunidade perdida” para o ex-presidente. Enquanto isso, a equipe de Harris demonstrou confiança e já sinalizou o desejo de realizar um segundo debate com Trump. Trump, no entanto, sugeriu que o pedido de um segundo debate indicava a derrota de Harris, afirmando: “Eles querem outro debate porque perderam”.

Harris não foi fantástica, mas “boa”

A análise de Ian Bremmer, fundador da Eurasia Group, reforçou que Harris saiu vencedora. Apesar de não ser uma performance brilhante, foi eficaz, mantendo-se disciplinada e focada. Trump, por outro lado, mostrou-se defensivo e desconexo, perdendo o foco em diversos momentos.

“Não acho que ela foi fantástica, mas ela foi boa. E boa é uma conquista significativa, dado que, ao entrar nisso, ela não estava dando entrevistas, uma exceção nas últimas seis semanas com a mídia. Certamente, nada que fosse confrontacional ou hostil, que ela frequentemente fala em abstrações e generalidades, e não mostra cortes políticos em uma série de questões com profundidade e detalhes, que ela frequentemente ri muito, você sabe, meio fora de hora e de maneiras que parecem não fazer sentido, e por defensividade”, ressalta Bremmer.

Sobre Trump, o especialista lembra que ele, no geral, perdeu a mensagem, a disciplina e atacou Harris de maneiras que pareciam incoerentes e confusas desde a pergunta inicial, quando lhe perguntaram sobre a economia e ele não conseguiu focar na economia.

“Em vez disso, imediatamente começou a falar sobre imigração quando lançou essa afirmação absurda e falsa de que imigrantes, imigrantes haitianos em Ohio, estão comendo animais de estimação”, pontua Bremmer.

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