A Argentina parece estar começando a colher os frutos de uma maior disciplina fiscal e menor controle monetário, com a economia entrando em um ritmo de queda da inflação.
O Indec (Instituto Nacional de Estadística y Censos) revelou ontem que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de fevereiro ficou em 13,2% na comparação com o mês anterior. Foi a segunda queda consecutiva.
Analistas consultados pela Reuters previam uma alta de 15,3% para o mês. Na comparação anual, o aumento foi de 276,2%.
O núcleo mensal também desacelerou em fevereiro. O índice central caiu para 12,3% em termos mensais (de 20,2% no mês anterior), elevando a leitura anual para 291,9% em fevereiro de 2024, de 275,9% em janeiro.
Vale notar que os preços dos produtos regulados aumentaram 21,1% em termos mensais e 260,7% em termos anuais, liderados por aumentos nos preços dos transportes e da eletricidade num contexto de remoção de subsídios, como parte do esforço fiscal.
Para o Itaú, a inflação mensal continuará em dois dígitos ao menos até o final de junho, refletindo justamente a correção dos preços que eram subsidiados. Para o ano, a estimativa do banco está em 180%, abaixo dos 211,4% de 2023, quando foi a maior taxa anual desde a hiperinflação em 1990.
Desinflação
Segundo o JP Morgan, o Banco Central da Argentina (BRCA) “parece estar confortável com o ritmo da desinflação”.
“Vemos uma janela de oportunidade se abrindo para que o BCRA comece a remover a teia de controles de capital” até o terceiro trimestre de 2024, acrescentou. “É certo que isso exigirá um papel completamente diferente para a política monetária.”
Controle fiscal
Na noite de segunda-feira, o BCRA reduziu sua taxa de referência de 100% para 80%, citando sinais de desaceleração da inflação altíssima e uma recuperação das reservas líquidas desde que o presidente Javier Milei assumiu o cargo em dezembro.
A autoridade monetária citou a melhoria do balanço do Banco Central, com a eliminação da monetização do déficit fiscal que, em 2023, escalou para 5% do Produto Interno Bruto (PIB).
“Na verdade, desde 10 de dezembro, o efeito monetário da política fiscal é oposto e virtuoso, reduzindo a quantidade de pesos em circulação em cerca de 2 bilhões. Desta forma, avança-se em direção à meta de financiamento líquido acumulado igual a zero para o ano de 2024, acordada no memorando de políticas econômicas e financeiras com o FMI”, diz o BCRA.