O peso da Argentina foi a moeda de melhor desempenho global em 2024, registrando uma valorização real de 44,2% nos primeiros 11 meses do ano, conforme dados do Bank for International Settlements (BIS) analisados pela GMA Capital, conforme divulgado pelo Financial Times.
Enquanto isso, o real brasileiro apresentou a segunda maior desvalorização, com uma alta acumulada de 27,34% do dólar ante a moeda brasileira. As dinâmicas contrastantes refletem políticas econômicas distintas e desafios específicos enfrentados por ambos os países.
Entenda o que aconteceu com o peso e o real:
• O “super peso” e a política de Milei. Sob a gestão de Javier Milei, o peso argentino teve valorização recorde, impulsionado por uma combinação de controle cambial rígido, confiança no mercado e ajustes fiscais.
• Sustentabilidade questionada. A valorização do peso tem custos elevados. O Banco Central argentino precisou gastar reservas limitadas para manter a estabilidade da moeda, enquanto analistas apontam riscos de desvalorização abrupta em 2025.
• Real enfrenta desafios fiscais e cambiais. O real brasileiro, apesar de intervenções recordes do Banco Central, sofreu grande desvalorização. Entre os fatores, estão as incertezas fiscais e o impacto de políticas expansionistas.
• Peso com ganhos no mercado paralelo. A diferença entre taxas oficiais e paralelas caiu de 200% para menos de 20%, reduzindo a pressão cambial na Argentina. A política de exportação permitiu conversões mais atrativas para exportadores, ampliando a oferta de dólares.
• O custo da força do peso. A valorização elevou preços em dólar no mercado interno, impactando setores como o de alimentos e manufatura. Um Big Mac, por exemplo, saltou para US$ 7,90, tornando-se mais caro do que em mercados desenvolvidos.
• Real e intervenção histórica do BC. No Brasil, o Banco Central injetou US$ 21,575 bilhões em dezembro, superando intervenções de março de 2020, durante a pandemia. Apesar disso, o dólar acumulou alta significativa.
• Competitividade ameaçada na Argentina. Empresários argentinos alertam para a perda de competitividade exportadora devido ao câmbio valorizado.
• Pressões externas e riscos emergentes. Ambas as economias podem enfrentar desafios adicionais em 2025, especialmente com políticas comerciais de Donald Trump.
• Peso historicamente caro. O câmbio médio ajustado por inflação na Argentina é de 1.510 pesos por dólar. Em 2024, estava em torno de 1.050 pesos, um nível historicamente alto e insustentável a longo prazo.
• Expectativas para 2025. Embora a confiança em Milei permaneça alta, especialistas destacam que reformas fiscais contínuas serão essenciais para evitar uma crise cambial iminente.