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Atalhos: Uma maneira de transformar sonhos em frustrações

por Ricardo Pereira
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Atalhos: Uma maneira de transformar sonhos em frustrações

Enriquecer rápido. Emagrecer muitos quilos, de forma acelerada e sem comprometer a saúde. Exibir um corpo escultural com séries de exercícios rápidos e relativamente simples. Consumir e só pagar quando possível. Aprender um novo idioma em pouco tempo e de forma duradoura. Quem não quer tudo isso?

Basta pesquisar um pouco e você encontrará diversas “soluções” para cada um destes desejos. Em comum, as propostas terão o mantra de que “basta você querer”, métodos ilustrados com o “antes e depois” e uma “oferta imperdível” tipo “compre agora pela metade do preço ou perca essa chance para sempre”.

Se há tanta gente oferecendo esse tipo de coisa, é porque existe um contingente imenso de consumidores ávidos pelos resultados que eles prometem. Existe, portanto, muita gente querendo tomar atalhos para transformações pessoais antes pautadas em esforço, paciência e aprendizado advindo de algumas decepções e erros. Você provavelmente já entrou nessa!

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Atalhos são mais comuns do que imaginamos

Mas cabe lembrar que essa coisa do “atalho” não é nova, embora tenha chegado a proporções ridículas com uma geração criada sem saber lidar com frustrações. E se eu disser que todo o processo de educação atual é também um atalho? Um atalho longo, é verdade, mas ainda assim um atalho.

Pense por alguns instantes de uma forma diferente: qual o caminho mais fácil para o modelo de vida sonhado por todos? Ter carro, casa, bens de consumo, poder viajar e por ai vai. Qual o caminho? Seus pais provavelmente responderão “Estudar, conseguir um diploma e arrumar um bom emprego”.

É um caminho longo, para alguns talvez demorado, mas é um atalho conhecido, bem sinalizado e garantido (já foi muito mais, claro!). “Ora, Ricardo, mas em um país como o Brasil esse atalho talvez seja a única saída”, eu já ouço a sua consciência gritando.

E empreender? Abrir empresas? O que dizer de investir em atividades relacionadas às verdadeiras paixões e arriscar? Mudar de carreira, de profissão, mas sentir-se realizado? Mudar de região, até de país, para buscar a satisfação pessoal em uma atividade qualquer, isso já passou pela sua cabeça? Por que você não foi em frente?

Esse discurso causa arrepios em muita gente, talvez afete você de alguma forma. Tudo bem. Eu gosto de pensar que precisamos ter disposição para fazer, com medo mesmo, mas isso implica uma educação diferente e uma estrutura como nação também distinta (mas não façamos disso muletas ou desculpas).

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Conheça a história do Júlio

Júlio teve uma educação muito centrada nos estudos e seu pai, que havia conseguido se formar engenheiro com muitas dificuldades, insistiu e fez com que Júlio seguisse o mesmo caminho. Acontece que Júlio gostava mesmo era de animais e queria ser veterinário.

Júlio acabou fazendo engenharia. No entanto, ele sabia muito bem o que queria de verdade e que seus sonhos eram mais importantes que o que seu pai exigia. Depois de cinco anos como um excelente aluno de engenharia, Júlio entregou seu diploma de engenheiro ao seu pai, agradeceu-lhe pela lição e voltou a estudar. Ele passou em veterinária e hoje é um dos melhores veterinários da cidade.

Ele, que é o veterinário de nossa família, tornou-se um grande amigo. Perguntei a ele como foi tomar essas decisões e pedi que ele explicasse o que aconteceu. Ele disse: “É simples Ricardo. Optei pela engenharia para não desapontar meu pai, mas eu não estava feliz com essa decisão. Eu nunca quis ser engenheiro, mas essa jornada não tirou meu foco e energia para buscar o que eu queria”.

Eu insisti na questão do seu pai, como foi pra ele a mudança depois da formatura e ele completou: “Ao perceber a minha felicidade como veterinário e meu sucesso na profissão, meu pai ficou muito orgulhoso. Demorou para ele perceber, mas mesmo o pai mais exigente e cabeça-dura se dobra quando seu filho está realizado. Esse tipo de coisa não dá pra fingir”.

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As expectativas são dos outros, a frustração é sua!

Ora, por que é que eu misturei as ofertas mirabolantes (quase mágicas) de produtos tipo “enriqueça rápido” com a educação tradicional, de boas notas, muitas fases e diplomas? É simples: porque muitas pessoas optam por ambos os caminhos defendendo resultados diferentes, que na prática não aparecem porque atalhos geralmente levam a um resultado, a frustração.

Em outras palavras, é muito fácil encontrar quem tenha seguido os passos de uma carreira tradicional e, ainda assim, sinta-se insatisfeito e longe dos resultados tão propagados durante toda a fase de estudos (“Estude muito para conseguir um bom emprego” e discursos desse estilo); é ainda mais fácil encontrar quem tenha caído na ladainha das “soluções rápidas” e sente-se da mesma forma.

Pode ser que você (calma, você não está sozinho!) ache que suas decisões de vida mais importantes tenham sido sua responsabilidade, quando na verdade foram atalhos tomados depois de uma avalanche de expectativas jogadas em suas costas (“Arrume o emprego dos sonhos”, “Estude”, “Você precisa emagrecer” e por ai vai).

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Atalho não rima com transformação

Você pode ter sido vítima de seus próprios anseios, cada vez mais manipulados e distorcidos no ambiente de competição social massacrante dos dias de hoje. Por atalho entenda o caminho que você escolheu por sua aparente garantia de maior sucesso, mais rápido. Agir assim significa que, no fundo, você quis o resultado, mas sem a transformação.

Sinto decepcioná-lo, mas você foi enganado! Enganado por você mesmo, suas expectativas e uma busca por resultados não alinhada com suas verdadeiras características e aspirações. A saída agora é aceitar essa realidade para então revertê-la, decidindo-se de acordo com seu próprio julgamento e dando uma “banana” para todos os palpiteiros de plantão (e eles são muitos, especialmente na família).

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Conclusão

De repente você sempre quis ter um restaurante, mas acabou engenheiro workaholic em uma multinacional. Pode ser que seu sonho sempre tenha sido escrever um livro, mas hoje você é um advogado estudando para concurso. Sabe-se lá se você não está na terceira faculdade (passou por medicina, engenharia e administração), mas queria mesmo é ser empreendedor e criador de uma startup de tecnologia.

Cuidado com a interpretação de texto, afinal eu não disse que estudar não vale a pena ou que o barato da vida é ser rebelde. Se isso foi tudo que você captou, ou eu falhei na mensagem ou talvez valha uma lida com mais calma.

Se a esta altura você estiver confuso, bravo comigo por eu ter chacoalhado o status quo em torno de decisões tidas como certas (eu entendo, fique tranquilo!) e com vontade de largar tudo e correr atrás dos seus sonhos, ótimo. Eu passei por isso e garanto: vale a pena!

Você tem muito a fazer. Boa sorte e até a próxima.

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