A IRB (IRBR3), uma das líderes do mercado de resseguros, começará a sentir os efeitos das recentes enchentes no Rio Grande do Sul já no segundo trimestre, de acordo com uma análise realizada pelos analistas Henrique Navarro, Arnon Shirazi e Anahy Rios do Santander. No entanto, eles projetam que a totalidade desses impactos só será evidente no terceiro trimestre.
“Os dados da SUSEP até maio, combinados com nossa análise das consequências das enchentes no RS para as seguradoras, nos levam a prever um trimestre desafiador para o setor”, explicam os analistas.
Eles também ressaltam que, apesar da BB Seguridade (BBSE3) ter provavelmente atenuado qualquer impacto em seus resultados através de sua política de resseguro de 80% para o segmento rural, ainda assim, é esperado um crescimento modesto dos prêmios para a empresa.
Em relação à Porto Seguro (PSSA3), os analistas antecipam um aumento no índice de sinistralidade geral, impulsionado pelo seguro de automóveis e pelo segmento de saúde, ambos afetados pelas enchentes e pela sazonalidade negativa.
No caso da Caixa Seguridade (CXSE3), além das provisões estimadas relacionadas às inundações, a empresa também anunciou recentemente a necessidade de provisões adicionais para cobrir novos sinistros relatados no segmento de crédito de vida.
“Embora os resultados do segundo trimestre para as seguradoras provavelmente sejam negativamente impactados pelas enchentes do RS, levando a resultados mais fracos, acreditamos que a maioria do impacto já está refletida nos preços atuais das ações das empresas”, observam os analistas.
Eles também sugerem que a maior parte do impacto será concentrada nesta temporada, o que significa que as repercussões nos resultados anuais deverão ser limitadas.
“Ao analisar os resultados do ano, esperamos continuar vendo tendências de crescimento modesto de prêmios na BB Seguridade; estimativas alinhadas com o guidance da Porto Seguro; crescimento robusto dos prêmios da Caixa Seguridade; e um adiamento na recuperação financeira do IRB”, concluem os analistas.
Enchentes no RS
A partir do final de abril, o Rio Grande do Sul foi palco de uma catástrofe sem precedentes, causada por chuvas intensas que resultaram em enchentes devastadoras. Essa calamidade resultou em um número alarmante de fatalidades, além de um grande número de pessoas feridas e deslocadas.
A economia do estado, que compõe 94% de sua estrutura, foi profundamente afetada, com impactos significativos nos setores agrícola e industrial.
Estima-se que a produção nacional de soja tenha sofrido uma redução de cerca de 4%, além de prever-se dificuldades no plantio de grãos para a safra 2024-2025 e no escoamento da safra já colhida. O estado, que registrou um total de US$ 22,3 bilhões em exportações em 2023, agora enfrenta perdas substanciais no comércio exterior.
