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Ativos brasileiros sob pressão após dados de emprego nos EUA

por Reuters
3 min leitura
Às 11:47 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,27%, a 5,1831 reais na venda

 Os principais ativos brasileiros sofriam nesta sexta-feira sob pressão da alta implacável dos rendimentos dos títulos do governo norte-americano, depois que dados de emprego dos Estados Unidos muito mais fortes do que o esperado exacerbaram o medo de que os juros ficarão mais altos por mais tempo na maior economia do mundo e também alimentaram dúvidas sobre o ritmo de queda da taxa de juros no Brasil.

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Às 11:47 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,27%, a 5,1831 reais na venda, depois de mais cedo ter saltado a 5,2210 reais na venda, nível intradiário que não era visto desde o final de março deste ano.

Ao mesmo tempo, o Ibovespa caía 0,77%, 112.408,69 pontos, depois de cair na cotação mínima da manhã para 111.598,57, menor patamar intradiário desde o início de junho.

Ambos os movimentos estavam em linha com a aversão a risco generalizada no mercado global, com os principais índices de Wall Street em queda e o índice do dólar frente a rivais fortes estendendo um rali recente, embora o sentimento tenha visto algum alívio em relação aos piores momentos do dia.

Por trás do mau humor, a criação de vagas de emprego nos Estados Unidos aumentou em setembro e superou com força as expectativas, totalizando 336 mil postos de trabalho fora do setor agrícola, segundo relatório do Departamento do Trabalho desta sexta-feira. Economistas consultados pela Reuters previam abertura de 170 mil vagas de trabalho em setembro. As estimativas variavam de 90 mil a 256 mil.

“A aceleração nas contratações nessa magnitude certamente vai impulsionar ainda mais a pressão sobre os retornos dos títulos do Tesouro americano e as apostas de novo aumento de juros (na próxima reunião do Fed) vão aumentar”, disse Danilo Igliori economista-chefe da Nomad.

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De fato, na esteira dos dados dos Estados Unidos, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 8,90 pontos-base, a 4,8051%, e chegou a renovar o maior patamar desde 2007.

Ao mesmo tempo, operadores aumentaram para quase 50% a chance de o Fed elevar sua taxa de referência para a faixa de 5,50% a 5,75% em sua reunião de dezembro. Antes do relatório de emprego, a probabilidade era calculada em 34%.

“Os efeitos desses movimentos tendem a não ser nada triviais. De imediato, bolsas e mercados emergentes devem continuar sofrendo”, disse Igliori.

O mercado de juros brasileiro, que há semanas já vem sendo pressionado pela disparada dos rendimentos dos Treasuries, acompanhava outra vez o movimento externo, com as taxas dos principais DIs disparando de 16 a 24 pontos-base na curva de janeiro de 2024 a janeiro de 2029, machucando ainda mais o Ibovespa, que tem muitos setores sensíveis aos custos dos empréstimos.

Já para o mercado de câmbio, o que pesa é a perspectiva de uma lacuna menor entre os juros básicos de Brasil e Estados Unidos, que torna os rendimentos dos Treasuries mais atraentes quando comparados aos retornos dos títulos locais, que são bem rentáveis, mas oferecem risco muito maior.

Isso “tem provocado uma saída de capital do Brasil nos últimos dias”, disse Diego Costa, chefe de câmbio para Norte e Nordeste da B&T Câmbio, observando ainda que a alta do dólar tende a alimentar a inflação brasileira. “Diante desse cenário, é provável que o Banco Central do Brasil reavalie a possibilidade de realizar mais dois cortes na taxa Selic (em 2023).”

O Banco Central já cortou a taxa Selic em 1 ponto percentual desde agosto, a 12,75%, e sinalizou no mês passado intenção de manter o ritmo de redução de 0,50 ponto percentual em suas duas reuniões restantes deste ano “em se confirmando o cenário esperado”.

Alguns participantes do mercado ainda argumentam que os juros domésticos continuarão em patamar restritivo por algum tempo mesmo após o início do afrouxamento monetário pelo BC, o que limitaria os impactos do aperto do Fed na taxa de câmbio, mas é praticamente consenso que o real — que há pouco mais de uma semana estava abaixo dos 5 reais — não sairá ileso.

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