A Azevedo & Travassos (A&T), tradicional empreiteira e prestadora de serviços para o setor de óleo e gás, projeta voltar a produzir petróleo ainda em 2023, com o retorno ao segmento podendo demandar uma oferta subsequente de ações (“follow-on”) ou um aumento de capital para financiar as atividades.
“Tenho certeza que a gente vai terminar o ano produzindo”, disse o presidente do conselho de administração da Azevedo & Travassos, Gabriel Freire, durante um evento para investidores na noite de terça-feira em São Paulo, com o objetivo de apresentar a nova subsidiária (Azevedo e Travassos Petróleo – ATP).
Ele evitou dar projeções de produção da companhia, que desde sua oferta inicial de ações (IPO) em 1984 atuou na área, sendo a primeira empresa privada a produzir petróleo no Brasil, antes de deixar o setor produtivo há mais de 20 anos.
A estratégia inicial da companhia abrange desde a consolidação de micro e pequenos produtores de campos maduros terrestres especialmente no Nordeste, por meio de aquisições e parceiras, até a participação em licitações para exploração de poços maduros onshore da Petrobras.
“Como somos empresa de capital aberto, (avaliamos) provavelmente follow-on ou aumento de capital, mas agora a empresa está quantificando o investimento necessário, esses serão os próximos passos da companhia”, disse Freire a jornalistas, ao ser questionado sobre como financiaria uma operação que demanda investimentos intensivos.
No evento, também participou o investidor Nelson Tanure, que detém fatia relevante na petroleira Prio.
Ele fez comentários sobre o setor de petróleo em um “talk show”, mas saiu sem falar com jornalistas, que então indagaram Freire se há conversas para Tanure se tornar sócio relevante da Azevedo & Travassos, conforme reportagem da Folha de S.Paulo.
“Não tem nenhuma negociação em andamento para ter Nelson Tanure como investidor”, disse o chairman. Ele é apenas “mentor” e “grande inspirador” do projeto, justificou, ao explicar a presença do investidor.
As ações da companhia operavam em alta de cerca de 13% nesta quarta-feira na B3.
O chairman considera que a ATP pode ser “muito maior” do que a própria Azevedo & Travassos, que faturou no ano passado cerca de 480 milhões de reais e está com receita crescente, atingindo 330 milhões de reais apenas no primeiro semestre de 2023.
“Tem alguns ativos no radar (para aquisições), as oportunidades são muito grandes, com negociações avançadas… os próximos meses serão muito animadores”, disse.
Freire contou que as oportunidades para a nova empresa de petróleo surgiram via Heftos, empresa irmã da ATP que presta serviços de manutenção, “retrofit” e descomissionamento de poços de petróleo maduros.
“Começamos a perceber um crescimento de pipeline de demanda de parcerias com a companhia para investimentos que são necessários para aumento de produtividade de poços maduros. Estes produtores pequenos vinham nos procurar com proposta de parceria para investimento em poço de petróleo e partilha do incremento de produtividade do poço”, explicou.
Ele lembrou também que existe uma “tendência natural” de a Petrobras se desfazer dos poços maduros, considerando que a suspensão dos desinvestimentos da estatal são momentâneos. “Quando o poço se torna maduro, ele deixa de ser interessante para uma grande petroleira.”
“Temos isso mapeado”, comentou.
O presidente do conselho da Azevedo & Travassos disse que, em um segundo momento, a companhia buscará oportunidades em outros países da América do Sul, como Bolívia, Equador e Venezuela.