O economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, analisou o relatório Focus divulgado nesta segunda-feira (13) e destacou o desalinhamento entre os números fiscais projetados e as metas do governo brasileiro. Para Ramos, a expectativa de déficits primários persistentes até 2027 reflete a baixa credibilidade do quadro fiscal e sua incapacidade de ancorar expectativas de maneira efetiva.
“A mediana das expectativas para o saldo fiscal primário até 2027 permanece negativa, contrariando as metas de superávit do governo”, comentou.
Além disso, Ramos apontou a piora nas expectativas de inflação de médio prazo como um sinal preocupante. O economista ressalta que a manutenção dessas expectativas acima da meta de 3% compromete a eficácia da política monetária e encarece os esforços do Banco Central para atingir os objetivos inflacionários.
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Veja o que disse o Goldman Sachs
• Expectativas inflacionárias continuam em deterioração. As projeções para a inflação ao final de 2025 subiram para 5%, enquanto para 2026 passaram de 4,03% para 4,05%. “Esses números permanecem bem acima da meta de 3%”, destacou Ramos, indicando que o ambiente macroeconômico segue pressionado.
• Prolongação das expectativas inflacionárias acima da meta gera custos adicionais. Segundo Ramos, “a inflação acima da meta de médio prazo contamina os mecanismos de formação de preços e torna mais custosa a ação do Banco Central para entregar inflação na meta”.
• Selic elevada até 2027. O relatório Focus aponta que a taxa Selic esperada para o final de 2025 é de 15%, reduzindo gradualmente para 10,25% em 2027. Houve um ajuste de alta de 25 pontos-base para a projeção de 2027 em relação à semana anterior.
• Crescimento do PIB mostra estabilidade. As projeções para o crescimento real do PIB em 2024, 2025 e 2026 foram mantidas em 3,50%, 2,02% e 1,80%, respectivamente. Ramos avalia que esses números demonstram um cenário de desaceleração econômica.
• Déficits fiscais desafiam metas governamentais. “A mediana das expectativas para o saldo primário segue em território negativo até 2027: -0,50%/-0,60%/-0,50%/-0,30% do PIB, contrariando o caminho de superávits crescentes prometido pelo governo”, afirmou Ramos.
• Perspectivas para dívida pública preocupam. Os déficits primários recorrentes indicam um aumento contínuo da dívida pública, evidenciando a fraqueza do quadro fiscal atual.
• Real enfrenta depreciação estável. A mediana para a taxa de câmbio BRL/USD permaneceu em R$ 6 para o final de 2025, enquanto para 2026 subiu de R$ 5,90 para R$ 6.