Em duas ocasiões distintas, diretores do Banco Central (BC) afirmaram que não há uma bolha no mercado imobiliário no Brasil, e que ainda que os preços dos imóveis sofressem uma forte queda os bancos teriam condições de lidar com a alta da inadimplência e a queda das garantias sem ficar insolventes.
“Não há elementos que possam caracterizar bolha imobiliária, não temos subprime, não temos segunda hipoteca, tivemos aumento significativo na renda e o crédito imobiliário ainda é pequeno em relação ao PIB, em torno de 8%””, disse o diretor de fiscalização do BC, Anthero Meirelles, durante coletiva em Brasília.
Já em seminário promovido pelo Valor em São Paulo, Sérgio Odilon dos Anjos, chefe do Departamento de Regulação do Sistema Financeiro, disse que crédito imobiliário cresce de forma sustentável, com um bom nível de garantias, baixa inadimplência e tamanho ainda pequeno em relação ao PIB, hoje em torno de 8%.
A conclusão do BC é que o sistema financeiro é resistente a impactos diretos de grandes oscilações nos preços de imóveis residenciais. O BC atribui isso à relação entre o valor do crédito e o preço do imóvel em “níveis seguros”, ao uso do sistema de amortização constante e a provisões superiores ao mínimo exigido.
Sobre o comportamento dos preços, os dois representantes do BC disseram que já há uma moderação na valorização dos imóveis. “Pode se vislumbrar uma maior estabilização”, disse Meirelles, apontando que o movimento que se observa desde o ano passado deve continuar.
Segundo ele, a valorização está mais compatível com o crescimento da renda da população. Para Odilon, a alta nos imóveis nos últimos anos ocorreu na esteira do crescimento da economia e depois de um longo período de estagnação de preços. “Condições macroeconômicas e regulatórias favoráveis estimularam uma gradativa valorização dos imóveis a partir de 2006, mas sobre uma base deprimida”, disse.
Teotônio Rezende, diretor-executivo de habitação da Caixa afirmou que tanto a carteira imobiliária da instituição, quanto a dos outros bancos, estão muito bem equilibradas. Ele citou também a relação entre dívida e garantia e o baixo nível de inadimplência da modalidade.
Uma queda de 33% nos preços dos imóveis em um único dia no Brasil não deixaria nenhuma instituição com problemas de capitalização – percentual que corresponde à desvalorização nos EUA entre abril de 2006 e maio de 2009. Somente uma queda nos preços de 55% levaria à insolvência bancária e, mesmo assim, de apenas um banco, de acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira.
Entre os fatores que explicam esses resultados estão, por exemplo, duas características do sistema nacional: valor médio de entrada de 30% do imóvel nas operações, o que melhora a relação entre dívida e garantia, e uso do sistema de amortização constante (SAC), que leva à redução mais rápida do saldo devedor.
Também contribuem o fato de os bancos terem reservas contra calotes superiores ao mínimo exigido e um nível de capital elevado.
Mais um texto em que se comenta se há ou não uma bolha imobiliária em nosso país. Qual a sua opinião? De acordo com os especialistas do BC, não há uma bolha no Brasil. O Dinheirama, em mais de uma ocasião e através de seus fundadores Conrado Navarro e Ricardo Pereira, acredita que os preços estão muito elevados e que o investimento em imóveis neste momento não faz sentido. O que você acha?
Fontes: Valor | Folha. Foto Shutterstock: Street with two-storied brown cottages with built-in garage.