Bancos públicos emprestando dinheiro sem medo e a partir de “ordens” do governo. Esse acontecimento balançou o mercado durante 2012 e deixou os bancos privados em estado de alerta. Será que os calotes não subiriam demais? O efeito no lucro seria mesmo grande?
Algumas respostas já saíram e merecem destaque. O Banco do Brasil fechou o ano de 2012 com lucro líquido de R$ 12,2 bilhões. O valor representa o maior lucro da história do banco. Para se ter uma ideia, nos últimos três meses de 2012 o lucro líquido foi de R$ 4 bilhões, valor 45,5% maior do que os três meses anteriores.
O Banco do Brasil atribui o crescimento do lucro à expansão da carteira de crédito. Vale lembrar que os juros foram reduzidos no ano passado, o que tornou mais baratos os empréstimos – impulsionando a busca e contratação por parte dos clientes. A carteira de crédito do banco no Brasil fechou 2012 em R$ 534,367 bilhões, um crescimento de 24,2%.
Não parece que essa expansão nos financiamentos e empréstimos tenha afetado o total de calotes. O índice de pagamentos atrasados (mais de 90 dias) ficou em 2,05% da carteira de crédito. Este valor é menor do que o medido em dezembro de 2011, por exemplo, de 2,16%. No mesmo período, o sistema financeiro brasileiro registrou aumento no seu índice, de 3,60% em dezembro de 2011 para 3,64% em dezembro de 2012.
Caixa Econômica Federal também surpreendeu!
A Caixa Econômica Federal também obteve lucro líquido recorde em 2012. Seu valor foi de R$ 6,1 bilhões, um crescimento de 17,1% em relação ao ano de 2011. Só no ano passado, 6,7 milhões novos clientes foram conquistados, levando o total de correntistas a 65,2 milhões em dezembro de 2012.
Assim como aconteceu com o Banco do Brasil, o aumento do lucro foi atribuído ao forte crescimento da carteira de crédito, que cresceu 42%, passando para R$ 353,700 bilhões no final de 2012. Vale destacar o crescimento da carteira específica para aquisição de imóveis, que subiu 34,6%, passando para R$ 205,800 bilhões.
Um dos objetivos do banco era aumentar sua participação no mercado. O banco saltou de 12,3% de market share em 2011 para 15% em 2012.
Os calotes também não aumentaram. A taxa de inadimplência da Caixa se manteve praticamente inalterada e entre as mais baixas do país em 2012, com 2,08% de empréstimos não pagos com mais de 90 dias de vencimento.
Por que essas informações são importantes?
Havia (ainda há) muita desconfiança por parte do mercado e da população em relação ao modelo de negócios usado pelos bancos públicos em 2012. Diminuir os juros cobrados dos clientes afetaria o lucro destas instituições, é o que diziam na época. Não foi o que aconteceu.
Até agora, o modelo mostra-se sustentável. O aumento na oferta, que ficou mais barata, veio acompanhado de maior procura e ingresso de clientes. O volume compensou a arrecadação com as taxas. Para você, isso significa que melhores taxas podem ser encontradas e que logo os bancos privados deverão seguir estratégia semelhante. Tomara.
Fonte: R7.com. Foto de freedigitalphotos.net.