O Banco Galicia da Argentina, comprador dos ativos locais do HSBC num negócio de cerca de 500 milhões de dólares, aposta que o novo presidente argentino, Javier Milei, reduzirá a crescente inflação e aliviará as taxas de juros para aumentar os empréstimos no país sul-americano.
O presidente-executivo do grupo financeiro local, Fabián Kon, disse à Reuters após a confirmação do acordo com o HSBC que a abordagem pró-mercado e as duras políticas fiscais de Milei devem beneficiar o setor bancário e ajudar a reduzir a inflação, superior a 275%.
“À medida que a Argentina converge para taxas de inflação e juros mais baixas, veremos um aumento explosivo no crédito”, disse ele em entrevista por telefone.
A expectativa é de que a inflação mensal arrefeça para perto de 10% em março, o que deve provocar um corte na taxa básica.
Milei, que assumiu o mandato em dezembro, tem tomado medidas para reduzir os gastos do Estado a fim de reverter um profundo déficit fiscal, com superávits no início do ano estimulando os investidores e impulsionando títulos para máximas em anos. O peso também tem se valorizado.
O país, no entanto, está observando um aumento acentuado dos níveis de pobreza e uma queda na atividade econômica em meio a um contexto de condições mais restritivas, com o recuo de 10% ano a ano na produção industrial em fevereiro representando o sinal de alerta mais recente.
Kon disse, contudo, que o regime fiscal mais rigoroso é essencial para restaurar a estabilidade macroeconômica no país.
“A Argentina é um país historicamente indisciplinado, por isso precisa de disciplina fiscal e com disciplina fiscal, a inflação é uma impossibilidade matemática”, disse ele. “Vemos uma trajetória descendente para a inflação.”
Kon acrescentou que o foco de Milei nos mercados e na desregulamentação acabaria estimulando o investimento e com isso a economia. “A liberdade dos mercados ajuda os investimentos”, disse ele.
O banco, parte do Grupo Financiero Galicia, espera que o acordo com o HSBC parte de uma estratégia mais ampla do HSBC rumo à Ásia fortaleça sua própria posição domesticamente.
“O que estamos procurando é crescimento num ambiente cada vez mais competitivo onde o investimento de um banco é basicamente tecnologia”, afirmou.