A análise do BTG Pactual (BPAC11) sobre os resultados do terceiro trimestre de 2024 do Banco Inter (INTR; INBR32) mostra um cenário de crescimento contínuo, embora com alguns desafios operacionais.
O banco digital apresentou um lucro líquido de R$ 243 milhões no trimestre, com um retorno sobre patrimônio líquido (ROE) de 11,3%, registrando um crescimento de 18% em relação ao trimestre anterior e de 166% no acumulado do ano.
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Esse resultado reflete a estratégia de expansão do ROE, que, embora mostre sinais positivos, teve um ritmo de crescimento menor do que o esperado devido a despesas operacionais maiores do que o previsto, principalmente com a integração da Inter Pag, unidade de pagamentos recentemente incorporada.
O BTG destacou que, mesmo com o aumento do lucro líquido, o EBT (lucro antes dos impostos) caiu 1% em relação ao trimestre anterior e ficou 25% abaixo das expectativas.
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Esse desempenho foi influenciado pela adoção de investimentos em notas estruturadas isentas de imposto de renda, que diminuíram o lucro antes dos impostos, mas resultaram em uma taxa de imposto efetiva menor. Dessa forma, o lucro final foi beneficiado, embora o EBT tenha ficado aquém das projeções.
O BTG manteve uma classificação “neutra” para as ações do Banco Inter, refletindo uma perspectiva cautelosa sobre o desempenho de curto prazo.
Em relação ao crescimento da carteira de crédito, o Banco Inter apresentou uma desaceleração, com um aumento de apenas 2% no trimestre, totalizando R$ 33,7 bilhões.
Esse avanço foi impulsionado principalmente por empréstimos com garantia de FGTS, que cresceram 12,5%, e pela expansão dos empréstimos imobiliários, que subiram 13%.
A área de financiamentos para pequenas e médias empresas (PMEs), no entanto, apresentou uma desaceleração, com um crescimento de 5% em comparação aos 29% do trimestre anterior.
A carteira de cartões de crédito também registrou um aumento de 2,5%, abaixo dos 4% do segundo trimestre.
Inadimplência
O índice de inadimplência (NPL) teve melhora, com a taxa de atraso acima de 90 dias caindo para 4,5%, uma redução de 20 pontos-base em comparação ao trimestre anterior.
No entanto, a adoção da Resolução 4966, que exige que renegociações de crédito sejam inicialmente classificadas como “Stage 3” (de alto risco), pressionou a formação de provisões, que ficaram 4% acima das estimativas do BTG, somando R$ 471 milhões no trimestre.
O custo de risco ficou em 5,1%, com uma cobertura estável de 130%, indicando que o banco está em um nível adequado para absorver eventuais inadimplências.
Na área de captação, o Banco Inter obteve um crescimento de 9% nos depósitos em comparação ao trimestre anterior, totalizando R$ 39 bilhões.
Esse aumento foi puxado principalmente pelos depósitos a prazo, que subiram 13%, e pelos depósitos transacionais, que tiveram alta de 5%. A base de clientes ativos do banco também continuou a crescer, alcançando 19,5 milhões, um avanço de 6% em relação ao trimestre anterior.
O BTG Pactual mencionou o desempenho positivo do InterShop, plataforma de e-commerce integrada ao ecossistema do banco, que atingiu R$ 1,1 bilhão em volume bruto de mercadorias (GMV), um aumento de 22% em relação ao trimestre anterior e de 60% no comparativo anual.
Além disso, o Inter Invest, unidade de investimentos do banco, registrou crescimento de 16% nos ativos sob gestão, totalizando R$ 122 bilhões. Essas áreas têm se mostrado importantes fontes de receita e diversificação para o banco, que busca agregar valor à sua base de clientes.
Apesar dos avanços em várias áreas, as despesas operacionais do Banco Inter cresceram acima das expectativas, principalmente em razão do aumento das despesas com pessoal e com campanhas de marketing para atração de novos clientes.
Despesas
As despesas com pessoal subiram 27% em relação ao trimestre anterior, enquanto as despesas administrativas aumentaram 18%, elevando o índice de eficiência para 50,7%.
Esses fatores, segundo o BTG, indicam que o Banco Inter enfrenta desafios para manter a eficiência operacional em um cenário de crescimento acelerado e ampliação da base de clientes.
A avaliação do BTG Pactual indica uma perspectiva de crescimento para o Banco Inter, mas com desafios para equilibrar a expansão com a contenção de despesas.
A instituição manteve um preço-alvo de R$ 40 para as ações do Banco Inter, o que representa um potencial de valorização, mas a recomendação “neutra” reflete a cautela diante do cenário macroeconômico desafiador no Brasil, marcado por alta nos juros e maior custo de capital.
No geral, o BTG considera que o Banco Inter possui potencial de crescimento no longo prazo, especialmente devido à sua diversificação em segmentos como investimentos e e-commerce.
Entretanto, o banco precisará gerenciar cuidadosamente seus custos e sua estratégia de expansão para assegurar a sustentabilidade dos resultados e evitar a pressão sobre sua estrutura de capital.