Eles são os vilões preferidos dos revoltados com o regime. Não é por coincidência que seus estabelecimentos estão entre os alvos dos vândalos que atacaram as ruas brasileiras nos últimos meses e sempre estiveram nos discursos inflamados das mobilizações.
Porém, muito da rejeição que os bancos sofrem reside na incompreensão do seu verdadeiro papel na sociedade moderna – e é mais fácil atacar aquilo que não se compreende. Mas sempre é hora de aprendermos alguma coisa. Então vamos lá.
Os bancos tem a finalidade de captar dinheiro e emprestá-lo. Quando você coloca seu dinheiro em um banco, ele lhe paga por isso através de uma taxa de remuneração do seu dinheiro. Quando alguém precisa de dinheiro e o banco empresta, ele cobra por isso através de uma taxa. A diferença entre estas duas taxas é o spread e nele consiste a primeira fonte de renda dos bancos.
Mas como são prestadores de serviços, eles também cobram taxas de serviços, vendem seguros, previdência e outras coisas, tendo nisso outra fonte de receita. Sem os bancos, o funcionamento da sociedade como temos hoje seria praticamente impossível. Voltaríamos a idade da pedra, pois a atividade bancária ocorria muito antes do século XV, quando se deu o surgimento dos primeiros bancos europeus.
Os bancos lucram muito bem, é verdade! Só no segundo trimestre deste ano, o lucro do Bradesco foi de praticamente 3 bilhões de reais. Mas também é verdade que eles pagam um alto preço por isso.
Recentemente, a Receita Federal autuou o Itaú em 18,7 bilhões de reais por falta de recolhimento de imposto de renda durante o ano da fusão com o Unibanco. O valor é maior do que todo o lucro obtido pela instituição no ano de 2012.
Quando um banco quebra, deixa consequências negativas para a sociedade e para seus correntistas. Por isso, é melhor que eles estejam bem, logicamente sem favorecimentos.
Mais importante do que ficar de olho no lucro bancário, é cobrar que eles prestem bons serviços e que sejam baratos. O Banco Central informou que em junho deste ano, o Santander foi o campeão nacional de reclamações, numa lista que entram o HSBC, o Banco do Brasil e outros menores.
As reclamações vão desde cobrança não autorizada de serviços, problemas com a conta salário, falta de segurança nas operações do cliente, até problemas com o crédito consignado, restrição e má qualidade no atendimento e erros de cálculo. Tudo isso é inconcebível para instituições com tanta estrutura e rentabilidade, com um papel tão importante na vida das pessoas.
Todavia, nem tudo está perdido. Recentemente, tive uma boa experiência com eles. Recebi ligação numa segunda-feira da central de segurança de um deles checando compras que eu fiz em meu cartão de crédito nos últimos dias, pois identificaram uma que fugia do meu padrão de consumo.
Esta compra suspeita tinha ocorrido na sexta-feira anterior. Sem maiores dificuldades, eles bloquearam o cartão, desconsideraram o lançamento e providenciaram o envio de outro cartão, me poupando de uma série de transtornos. Atendimento é tudo.
A necessidade de melhorar os serviços bancários pode fazer com que os mais desavisados caiam na tentação de imaginar que mais leis, punições e cobrança estatal são os remédios adequados para essa melhoria. Elas devem existir, mas são insuficientes para conter os problemas.
A concorrência entre eles e o esclarecimento da população, juntamente com mecanismos para que ela garanta os seus direitos, são mais eficazes. Afinal, sem o nosso dinheiro eles quebrariam e não teriam o que fazer neste mundo.
Portanto, da próxima vez que você for tratar com um banco, lembre-se que não está diante de uma instituição absoluta e superior a você. Eles precisam mais de você do que você deles. Se o seu banco não lhe atende bem, avise e procure outro que o faça. Tenho certeza de que você vai acabar encontrando.
Foto business people handshake, Shutterstock.