Os resultados do Banco do Brasil (BBAS3) no terceiro trimestre de 2024 apresentaram uma estabilidade nos lucros e crescimento em diversas áreas, mas a análise dos especialistas do Safra – Daniel Vaz, Silvio Dória e Maria Luisa Guedes – revela preocupações com a consistência dos ganhos da instituição no futuro, principalmente devido a pressões no segmento rural e revisões nas provisões para perdas.
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O Safra manteve uma visão negativa para as ações do BB, ressaltando que, apesar de alguns pontos positivos, o banco enfrenta desafios que podem afetar seu desempenho financeiro nos próximos trimestres.
O Banco do Brasil reportou um lucro líquido ajustado de R$ 9,515 bilhões no trimestre, representando um aumento de 8,3% em relação ao ano anterior e ligeiramente superior ao esperado pelos analistas do Safra. Esse resultado contribuiu para um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 21,1% no trimestre.
Apesar desse aumento, o Safra observa que o impacto positivo dos créditos fiscais e a queda nas despesas administrativas foram essenciais para sustentar esses números. Sem esses fatores, o ROE teria ficado em torno de 18%, abaixo do desempenho esperado.
A margem financeira bruta do BB foi outro ponto de destaque, alcançando R$ 25,870 bilhões, um crescimento de 9,3% em relação ao ano anterior. A maioria desse avanço veio do aumento das operações de captação institucional, com crescimento de 10,9% nesse segmento. A margem com clientes também apresentou crescimento de 4,8% no trimestre, totalizando R$ 20,797 bilhões.
Provisões para perdas no agro
O segmento rural, responsável por cerca de um terço da carteira de crédito do Banco do Brasil, tem sido motivo de preocupação para o Safra. As provisões para perdas do banco aumentaram em 29% em relação ao trimestre anterior, atingindo R$ 10,086 bilhões.
Esse aumento é atribuído às dinâmicas complexas no setor rural, que enfrentou um aumento de 65 pontos-base no índice de inadimplência de 90 dias. Para o Safra, essa situação demanda atenção, pois a inadimplência no segmento rural tem potencial de continuar pressionando as provisões no último trimestre do ano.
Os analistas destacam a relevância dos refinanciamentos rurais previstos para 2024, o que implica em mais provisões devido à maior formação de NPLs (Non-Performing Loans) nesse segmento.
A inadimplência total do banco para operações acima de 90 dias ficou em 3,3% no terceiro trimestre, um aumento de 0,33 ponto percentual comparado ao segundo trimestre e de 0,53 ponto percentual em um ano. O BB tem uma cobertura de provisões para 93% da inadimplência de 90 dias, com um índice de cobertura reduzido para 178%, 14 pontos percentuais abaixo do trimestre anterior.
Revisão de projeções
O Banco do Brasil revisou seu guidance para provisões e despesas administrativas, elevando a faixa de provisões para R$ 34 bilhões – R$ 37 bilhões, em comparação com a previsão anterior de R$ 31 bilhões – R$ 34 bilhões. As despesas administrativas tiveram sua projeção ajustada para um crescimento de 5%–7% anual, uma redução em relação ao intervalo anterior de 4%–8%. Esses ajustes refletem as medidas do banco para lidar com o aumento dos custos com provisões, mas indicam uma pressão contínua sobre a rentabilidade em breve.
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Outro ponto relevante é o impacto da Resolução No. 4966, que pode afetar o capital e as provisões do banco. O Safra reitera que essa regulação apresenta riscos adicionais à saúde financeira do BB, especialmente para 2025, quando novas provisões serão necessárias devido ao aumento dos NPLs no setor rural.
Ações
Com base nos desafios de provisões e na vulnerabilidade do Banco do Brasil no segmento rural, o Safra manteve sua classificação “Neutra” para as ações do BBAS3, reforçando a preferência por Itaú Unibanco (ITUB4) e BB Seguridade (BBSE3) como opções de investimento mais consistentes para aqueles que buscam retornos sustentáveis com dividendos.
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(Com Estadão Conteúdo)