Home Economia e Política BC terá “nova era” com maioria do Copom indicada por Lula, diz Gustavo Franco

BC terá “nova era” com maioria do Copom indicada por Lula, diz Gustavo Franco

Somados aos dois que Lula já nomeou, o governo do PT terá escolhido cinco de nove dos membros do Copom e da diretoria do Banco Central

por Gustavo Kahil
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Gustavo Franco

A discussão sobre as mudanças na composição dos membros do Copom (Comitê de Política Monetária) e do presidente do Banco Central afetará o ritmo de queda da Selic e levará a autarquia a uma “nova era”, avalia Gustavo Franco.

Segundo Franco, os cortes na Selic serão provavelmente interrompidos ou reduzidos em março de 2024, avalia o ex-presidente do BC, Gustavo Franco.

O Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou o seu ciclo de cortes em agosto, chegando a duas reduções de 0,5%, contando com a de setembro. A expectativa aponta mais duas reduções em 2023, reduzindo a taxa a 11,75%.

Já para 2024, contudo, não é esperada a mesma consistência.

“A expectativa média reportada no Boletim Focus é de 9%, assinalando claramente uma expectativa de interrupção das quedas, ou diminuição do ritmo de queda a cada reunião, provavelmente em meados de 2024, talvez já na reunião de março, a segunda do ano”, aponta Franco em carta mensal da gestora Rio Bravo, da qual é conselheiro.

Banco Central 3
Sede do Banco Central, em Brasília (Imagem: Facebook/ Banco Central)

Taxa neutra

Franco observa que um dos pontos importantes para a definição do ritmo e ponto final para a Selic é a discussão sobre qual é a “taxa neutra”.

“Como a inflação está mais baixa do que a experiência econométrica estaria a sugerir, segue-se que o hiato do produto, que não é grandeza observável, pode estar sendo subestimado, o que é o mesmo que dizer que o produto potencial pode ser maior do que se imagina, ou que o “juro neutro” pode estar ainda mais baixo do que se pensa”, indica Franco.

Para o BC, a “taxa neutra” estaria em 4,5% acima da inflação, entendido por Franco como um número muito grande, e que, provavelmente, reflete a experiência, que talvez não sirva para o futuro.

Esse número, somado à meta para 2024 (3%) e ao intervalo de tolerância (1,5%), o resultaria inferior aos 9% que se espera para a Selic no fim de ano, calcula.

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A atual equipe do Copom (Imagem: Raphael Ribeiro/BCB)

BC de Lula

A proximidade do fim do mandato de três dirigentes do BC até o final de 2024, sendo um deles o presidente Roberto Campos Neto, pode fazer com que a discussão acerca da taxa neutra ganhe corpo.

Somados aos dois que o presidente Lula já nomeou, o governo do PT terá escolhido cinco de nove dos membros do Copom e da diretoria do Banco Central.

“A transição terá se encerrado, e o BC terá a sua maioria fixada pelo presidente Lula. Uma nova etapa na história do BC e da política monetária vai se iniciar”, avalia Franco.

Ele lembra que a reunião de agosto foi a primeira em mais de 25 anos de existência do Copom em que se verificou um placar de 5 a 4, sendo que o comitê tradicionalmente decide por consenso e os votos divergentes são muito mais sinais do que verdadeiras diferenças.

“É provável que não haja divergência durante as primeiras prestações da queda de juros, como se passou com a reunião de setembro, que teve decisão unânime para fazer a mesma queda de 0,5% feita em agosto. A partir da reunião de março de 2024, todavia, enquanto o Copom estiver mais próximo da taxa neutra, as divergências serão prováveis e difíceis de administrar”, opina Franco.

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