O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo afirmou nesta terça-feira que a autoridade monetária observa um cenário de desinflação no país, mas em um processo que classificou como “lento e resistente”.
“Observamos um cenário de desinflação, ainda que mais resistente, mais lento neste processo”, comentou o diretor, durante palestra em evento da Fundação Getulio Vargas, em São Paulo. Segundo ele, a meta do BC é fazer a reancoragem das expectativas, como vem sendo comunicado pela autoridade monetária em seus documentos.
Galípolo também avaliou que os problemas e as dúvidas que estão surgindo atualmente na economia não estão acossando apenas os países emergentes, mas também os centrais.
“Temos um cenário novo para os países desenvolvidos, temos um cenário benigno para o Brasil, mas com muita novidade pós-quantitative easing, pós-pandemia e pós-invasão da Ucrânia”, avaliou.
O diretor pontuou que o Brasil tem passado por sucessivas revisões de inflação para baixo e de crescimento para cima. Segundo ele, o mercado de trabalho está resiliente e não está gerando pressão para a inflação.
Neste aspecto, Galípolo afirmou que a redução da inflação no Brasil tende a gerar uma “recomposição de renda para as famílias”, com impactos positivos sobre o Produto Interno Bruto (PIB).
Para ele, alguns dados indicam que as surpresas positivas mais recentes em relação ao PIB podem estar relacionadas ao consumo das famílias.
Câmbio
Durante o evento, Galípolo afirmou ainda que o real é uma moeda de carry trade: conforme vai diminuindo o diferencial de juros entre o Brasil e o exterior, o preço da moeda vai caindo.
“Discussão que se coloca é como isso afeta a política monetária. Mas o Brasil tem reservas internacionais robustas, o que nos coloca em situação diferente de nossos pares”, disse.