O Banco Central decidiu nesta quarta-feira fazer um novo corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, a 11,25% ao ano, e afirmou que sua diretoria antevê cortes na mesma intensidade nas próximas reuniões.
“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, informou o Comitê de Política Monetária (Copom) em comunicado.
Esta foi a quinta redução consecutiva na taxa básica de juros depois que o BC iniciou seu ciclo de afrouxamento monetário com um corte de 0,50 ponto na Selic em agosto de 2023, mantendo ao longo do processo o discurso de que seguiria nesse ritmo de flexibilização nas reuniões à frente.
Com o novo corte de 0,50 ponto, decidido por unanimidade, o Banco Central leva a taxa básica de juros ao menor patamar desde março de 2022, quando estava em 10,75% ao ano.
O comunicado desta quarta trouxe poucas mudanças em relação ao da reunião de dezembro. Entre as alterações, o BC retirou a menção de que o ambiente externo “mostra-se menos adverso”, ressaltando agora que o foco no cenário internacional é o eventual momento de corte de juros em economias avançadas.
“O ambiente externo segue volátil, marcado pelo debate sobre o início da flexibilização de política monetária nas principais economias e por sinais de queda dos núcleos de inflação, que ainda permanecem em níveis elevados em diversos países”, disse.
Pouco antes da decisão do Copom, o banco central dos EUA deixou sua taxa básica de juros inalterada, retirando uma referência a possíveis novos aumentos nos juros, mas afastando expectativas de um corte já em março.
A decisão do BC brasileiro desta quarta veio em linha com as expectativas de mercado, conforme pesquisa da Reuters que mostrou que todos os 44 economistas consultados esperavam uma redução de 0,50 ponto percentual na Selic.
Esta foi a primeira reunião do Copom com participação dos dois novos indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à diretoria do BC, Paulo Picchetti (Assuntos Internacionais) e Rodrigo Teixeira (Administração). O grupo de nove componentes tem agora quatro indicados por Lula.
No comunicado, o BC deixou inalterado seu balanço de riscos, com equilíbrio entre fatores que podem pressionar a inflação para cima ou para baixo.
O Copom avaliou que a inflação cheia ao consumidor, “conforme esperado”, manteve trajetória de desinflação, assim como as medidas de inflação subjacente, que excluem da conta itens mais voláteis e se aproximam da meta nas divulgações mais recentes.
Mesmo com o novo corte, a Selic ainda se encontra em patamar contracionista que desestimula o consumo e o crédito e tende a arrefecer a atividade econômica enquanto o BC observa uma melhora na inflação corrente que ainda não é acompanhada de uma convergência completa das expectativas de preços para a meta de inflação de 3% neste e nos próximos anos.
Nesta quarta, o BC deixou inalteradas suas projeções para o comportamento dos preços em relação à reunião de dezembro. A autoridade monetária informou que, em seu cenário de referência, a estimativa para a inflação segue em 3,5% para 2024 e 3,2% para 2025.