O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente chinês, Xi Jinping, devem realizar conversações em San Francisco na próxima semana, no momento em que tentam estabilizar os laços tensos entre os países ao se encontrarem pessoalmente pela segunda vez em quase três anos.
A reunião bilateral à margem do fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) ocorre depois de seis meses de esforços dos EUA para se envolver com seu rival geopolítico, inclusive por meio de várias visitas não recíprocas em nível ministerial, e aliviar uma crise diplomática sobre a derrubada pelos EUA de um suposto balão espião chinês em fevereiro.
“Isso vai ofuscar tudo o que acontecer na Apec”, disse Oriana Skylar Mastro, especialista sobre China da Universidade de Stanford.
Embora as autoridades norte-americanas tenham dito que há um “acordo em princípio” para que Xi e Biden se encontrem em San Francisco — um ano depois de terem se visto pela última vez nos bastidores da cúpula do G20 em Bali — Pequim ainda não confirmou que Xi participará do encontro da Apec de 15 a 17 de novembro.
Apec é um grupo de 21 economias que representa cerca de 62% do PIB global e quase metade do comércio mundial, mas tem se tornado cada vez mais um palco de competição estratégica entre os EUA e a China.
Embora não sejam esperados grandes avanços e autoridades do governo Biden digam que anunciar uma lista de resultados da reunião é uma maneira ultrapassada de medir o progresso nas relações com a China, os especialistas apontaram possíveis sinais de melhoria — como o aumento dos voos comerciais entre os países — ou passos em direção à cooperação em questões mais espinhosas, como contenção do fluxo de produtos químicos precursores de fentanil provenientes da China.
Autoridades norte-americanas expressaram certo otimismo em relação à melhora nas comunicações militares, em grande parte cortadas, mas também advertiram que o restabelecimento de um diálogo verdadeiramente funcional entre as duas Forças Armadas pode levar tempo. Alguns analistas acreditam que a China busca ambiguidade nas relações de defesa para restringir o que Pequim vê como provocações militares dos EUA na região.
“Será uma conversa muito dura — há muitas coisas na agenda que ambos tentarão resolver”, disse Victor Cha, especialista em Ásia do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) de Washington. “Mas, ao mesmo tempo, acho que conversar é melhor do que não conversar.”