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Fundo de Investimento – Raio X (II)

por Conrado Navarro
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Dinheiro fácilReinaldo comenta: “Navarro, seria muito legal ver um artigo seu falando sobre a contratação de um fundo de investimento. O que devemos levar em consideração ao ler o prospecto? Alguns são extensos e fazem com a que leitura seja entediante e demorada. Que dicas você daria para quem quer ler esse material sem se aborrecer? Obrigado”.

Reinaldo, este é o segundo artigo sobre o funcionamento de um fundo de investimento. Hoje vou falar um pouco mais sobre o prospecto e as dicas para que possamos entendê-lo sem sofrimento. Assim, espero que possa sanar suas dúvidas e ainda agregar valor ao processo de escolha do melhor produto para você. A notícia boa é que existem muitos novos produtos e alternativas de investimento. A notícia ruim é que todo grande movimento financeiro exige alto grau de formalidade. Documentos, contratos e assinaturas são parte do processo. Notícia ruim, mas necessária.

Passo zero: defina o que você quer
É muito comum ver pessoas investindo seu dinheiro sem a menor expectativa de rentabilidade. Mais, elas não definem nem o universo temporal da aplicação. Um, dois ou dez anos? Pois é, um fundo de investimento não vai ajudar em nada se você não sabe o que quer. O prospecto é um documento relativamente simples, mas que pode se tornar complexo à medida que você ignora a educação financeira e sua necessidade de planejamento. Prospectos são feitos para serem lidos (duh!).

Por dentro do prospecto
Acredite, é mais fácil do que você imagina. Costumo comparar o prospecto à uma bula (isso mesmo, de remédio). Bulas são enormes textos, escritos em letras minúsculas, mas que têm importantes informações. Ah, e já aprendemos a ler só a parte que interessa. Não é assim? Tentarei detalhar as seções principais de um prospecto e as dicas mais importantes na hora de interpretá-lo.

Capa
É comum eu saltar de prospecto em prospecto depois de superficiais análises de suas capas. É na capa que estão, por exigência da ANBID, algumas informações muito importantes:

  • Selo ANBID: é a garantia de que o fundo foi criado sob as regras do código de auto-regulação da associação;
  • Garantias: fica explícita a mensagem sobre a falta de garantias ou seguro em produtos deste tipo;
  • Rentabilidade passada: ela não é garantia de retorno futuro, certo? Toda e qualquer capa vai lembrá-lo disso;

Objetivo
Este é o ponto crucial que deve ser comparado ao seu objetivo. Será que o fundo pretende chegar ao mesmo nível escolhido por você? Aqui o gestor dará indicações claras sobre a rentabilidade que deseja alcançar. Se você não concorda com o que o fundo pretende em termos de retorno, pare por aqui e analise outro produto. Objetivos iguais ou bem parecidos? Siga em frente.

Política de Investimento
Aqui estarão listadas algumas palavrinhas do dicionário de “economês”. Calma, você só precisa estar atento ao tipo de aplicação que o gestor irá fazer para alcançar o objetivo proposto no item anterior. Que tipo de papéis o fundo compra e como ele pretende agir? Preste atenção ao tipo de gestão do fundo:

  • Se ela é ativa, significa que os gestores buscarão um resultado melhor que determinado índice (benchmark). Um exemplo são os fundos multimercado, que procuram rentabilidade superior ao do CDI e para isso diversificam seus ativos e negócios (renda fixa, renda variável, derivativos etc);
  • Se ela é passiva, significa que os gestores buscarão um resultado semelhante ao de determinado índice (benchmark). Um exemplo são os fundos de ações indexados ao Ibovespa, que visam manter a rentabilidade no mesmo índice da variação do índice.

Riscos
Como qualquer bula que se preze, aqui devem estar listados os “efeitos colaterais” ou as “contra-indicações”. Normalmente, o prospecto detalha quais os riscos inerentes ao mercado alvo de suas aplicações. Estas informações são úteis para que você possa comparar seus objetivos aos possíveis problemas do caminho e definir se vai, ou não, seguir em frente. Cada tipo de fundo tem diferentes tipos riscos. Cada tipo de risco tem diferentes níveis de perigo. Cada nível, diferentes consequências. Anda meio na dúvida? Fique de fora e prefira pesquisar mais.

Taxas e despesas
Chegamos na parte que machuca o bolso. Dedique algum tempo analisando quais as tarifas cobradas, como elas são aplicadas e em que circunstâncias podem existir taxas diferenciadas. Em geral, essa parte não traz grandes desafios linguísticos. Os valores são expressados em percentual anual e as regras, através de pequenos exemplos. O custo deve ser um dos fatores considerados na escolha de um fundo, mas não o único.

A taxa de administração é cobrada sobre o valor do patrimônio e não só da rentabilidade, sendo descontada diariamente (dias úteis). Isso está bem explicado nos prospectos, basta ler com calma. Os relatórios mensais disponíveis na internet ou enviados pelos bancos já contam com a rentabilidade e valor das cotas livres da taxa de administração. A taxa cobrada apenas sobre os rendimentos é chamada de taxa de performance e é comum em fundos de gestão ativa (renda variável por exemplo). Nesse caso, paga-se um percentual sobre o montante que excede o índice (benchmark) escolhido.

Nota: alguns bancos e seus prospectos chamam essa seção simplesmente de “Taxa de Administração”, especialmente quando não há razão para detalhar informações sobre rendimentos extras ou índices de performance.

Sobre o gestor e o administrador
É importante explicar que nem sempre o gestor e o administrador são a mesma empresa. A ANBID – Associação Nacional dos Bancos de Investimento – explica melhor a questão:

“Um banco de varejo pode administrar um fundo e entregar a gestão a um banco de investimento, por exemplo. Neste item do prospecto, fica claro quem responde pelo quê. O administrador é o responsável legal perante os órgãos reguladores e o gestor faz a escolha dos ativos em função de sua política de investimento e objetivo”

Itens como regras de aplicação/resgate, divisão das cotas e tributação já foram detalhados na primeira parte do artigo. Com isso, espero ter colaborado com mais subsídios para que você possa se preparar melhor antes de escolher um fundo de investimento, dando especial atenção ao prospecto e às suas características de funcionamento. Agora fala a verdade, você achou que ia ser mais difícil né? Ufa.

Ainda esta semana no Dinheirama: resenha de livro e artigo escrito por um leitor. Crédito da foto para Marcio Eugenio

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