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Ações como poupança de longo prazo (II)

por Conrado Navarro
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Poupança é importante!Renata comenta: “Navarro, confesso que ainda tenho medo da Bolsa de Valores[bb]. Na minha concepção, o melhor é comprar alguns ativos e permanecer com eles durante muitos e muitos anos. Longo prazo é o que vejo como ideal quando me falam em ações. Será que estou medrosa demais e achando que investir em ações é coisa de ET? Adoraria saber sua opinião sobre tudo isso. Obrigada”.

Renata, obrigado pela visita. Sua dúvida é comum e o mesmo medo do mercado acionário inibe muitas outras pessoas também mundo afora. Interessante notar que, ainda desconfiada, você tem a visão de longo prazo. Assim, classifiquei e escolhi sua pergunta para compor a segunda parte do artigo “Ações como poupança de longo prazo”, cujo objetivo é levantar alguns pontos sobre o uso do mercado de ações como fator preponderante para uma aposentadoria[bb] tranqüila.

Investir em ações, pensando na sua venda só daqui a muitos anos, é uma estratégia eficiente?
Sim, desde que você faça sua lição de casa regularmente. Não adianta “sentar em cima” e deixar para se preocupar com os ativos lá em 2020, 2030. Será que a empresa vai existir até lá? Ah, claro, você vai comprar ações de empresas com futuro promissor. O amanhã é uma incógnita e não adianta justificar a preguiça de avaliar os investimentos através do “comprei ações de blue chips, Vale e Petrobras”. Um escândalo fiscal ou administrativo em uma dessas empresas pode jogar sua rentabilidade lá embaixo e fazer com que seu plano se atrase, tanto em retorno quanto em tempo. Você, é lógico, não quer isso.

É simples. Compre, sim, ações para o longo prazo, mas monte sua carteira de forma coerente com o período que deseja mantê-la. Não compre só porque é uma blue chip. De vez em quando, trimestral, semestral ou anualmente, olhe para o que tem em mãos, olhe para o mercado como um todo, para as novas opções, para o que pode ter surgido de interessante, para aquilo que já foi melhor e merece ser descartado.

Mas Navarro, se é longo prazo não é pra ficar comprando e vendendo né?
Não? Quem disse? O longo prazo é o período escolhido por você para acúmulo de capital e criação de patrimônio. Ora, vender aquilo que poderia estar indo melhor e comprar aquilo que está melhorando vai levantar sua rentabilidade acumulada. Não confunda vender para gastar com vender para entrar em um negócio melhor. A hora de vender para usufruir é lá na frente, mas usufruir é o objetivo, não o meio. Acumular com sabedoria é, acima de tudo, saber aproveitar as oportunidades.

Que alternativas existem para que esse ideal se concretize?
Invariavelmente, você terá que dedicar-se e ter disciplina[bb]. “Sentar em cima”, na forma pejorativa e simplista normalmente falada, é como os preguiçosos costumam classificar sua “estratégia”. Ter um pouquinho de trabalho, saber avaliar o momento e reavaliar seus passos são coisas que você deve estar disposto a fazer. As alternativas para o acúmulo de capital no longo prazo, através de ações, são:

  • Fundos de ações: diferentemente do que alguns radicais costumam dizer, os fundos de renda variável são opções interessantes. Existem muitas pessoas sem a disponibilidade e interesse na negociação direta de ações. Essa decisão, discutível ou não, não pode ser desculpa para ficar de fora do mercado acionário. São muitos os produtos disponíveis, com estratégias diversas, que possuem excelente rentabilidade no longo prazo. Estudá-los leva menos tempo que estudar a avaliação de empresas e estratégias de compra e venda de ativos. Ainda que haja taxa de administração, os retornos têm sido, em sua maioria, muito interessantes. Entenda melhor os fundos de investimento.
  • Carteira própria de ações: aqui você cria seu portfólio, sua estratégia de entrada e saída e segue os movimentos do mercado. Calma, não estou falando de ficar grudado nos monitores do computador ou no canal Bloomberg. Faça uma análise dos ativos, das empresas e compre lotes de pelo menos 5 empresas, de setores diferentes, cujos indicadores demonstram potencial de crescimento e diferenciação no longo prazo. A cada 6 meses, faça uma avaliação da evolução dos papéis e do cenário econômico nacional e internacional. Acompanhe a evolução do seu patrimônio, venda se for necessário, compre se for necessário. O dinheiro é para o longo prazo, mas as atitudes devem fazer parte do caminho.
  • Fundos multimercado: alternativas mistas, os produtos bancários deste tipo oferecem excelente relação risco/retorno. Os fundos mistos investem parte do patrimônio em renda variável, parte em renda fixa e parte em moeda estrangeira. São aplicações interessantes para os que não se julgam totalmente prontos para o investimento em ações, mas que ainda assim desejam ter seus ganhos atrelados ao mercado. Há que se preocupar com as taxas de administração e também com a composição da carteira. De qualquer forma, passe a considerar esses produtos em sua estratégia de longo prazo.

Investir em ações, então, é coisa de especialista?
Não, definitivamente não. Não importa se o seu amigo é um analista financeiro e diz que para ganhar dinheiro na Bolsa você precisa de sangue-frio, muito conhecimento e de cinco telefones celulares com acesso à internet. O risco é alto, existe, mas o glamour faz parte do mercado. Homens de terno, gráficos coloridos, notícias minuto a minuto, tudo isso é parte do significado da Bolsa de Valores. E são detalhes necessários, sem dúvida, para quem opera no curto, curtíssimo prazo e movimenta altíssimas somas.

O artigo não menospreza ou diminui o importantíssimo trabalho dos day traders e analistas financeiros, assim como não trata de classificar as negociações na Bolsa como coisas triviais. O texto pretende abordar o aspecto de longo prazo do mercado de ações. Neste sentido, o coração não precisa de tanta adrenalina e seu dia-a-dia como pequeno investidor não requer tamanha atenção diante das cotações e gráficos. O equilíbrio entre seu perfil, seu objetivo de longo prazo, sua estratégia e frequência de avaliação segue sendo o verdadeiro determinante de seu futuro sucesso na acumulação de patrimônio. Bons negócios.

Crédito da foto para Marcio Eugenio.

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