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Você mantém uma reserva financeira para emergências?

por Conrado Navarro
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A pergunta do título poderia ser outra: alguém ai se importa com emergências em geral? Ora, em um país onde uma enorme maioria se declara feliz e que quase não conta com problemas, por que haveríamos de nos preocupar com a chance de algo não dar certo? E se algo sair errado, melhor simplesmente aceitar e vangloriar a “tacada” do destino, não é mesmo? Vamos vivendo, devagar e sempre, e torcendo. Só torcendo, o que é infinitamente mais fácil e menos trabalhoso que viver realizando planos.

O retrato do primeiro parágrafo, deliberadamente desviado através de algum sarcasmo, tem seu espaço e respeito quem prefere viver assim. Para estes, ouso afirmar que oportunidade não tem relação com o preparo e, assim, vencer é apenas mais uma possibilidade – como é o fracasso. Nada de errado neste raciocínio, afinal este não é um blog de certos e errados. Como você vem tratando sua vida e seu dinheiro ultimamente?

Mas o fato é que coisas inesperadas ocorrem. Muitas vezes, ocorrem com freqüência desanimadora. O engraçado que ninguém discorda destas afirmações. Mas, na prática, emergência só é emergência para quem se prepara – para os demais, é pura surpresa, destino ou trágico acaso. A questão, para parar de filosofar, é simples: você se prepara financeiramente para momentos emergenciais? Deveria.

Shit happens!

Esta frase é muito comum nos diálogos corporativos e de filmes de Hollywood. Suponho que você compreenda sua tradução. Pois é, “problemas” acontecem. A reserva financeira é importante para que ocasiões assim sejam enfrentadas de forma a não prejudicar seu estilo de vida e, mais importante, não tirar seu foco – que deve permanecer na resolução do problema.

Ah, sim, o problema. Mas, que problema? O de não pensar no que pode dar errado justamente quando tudo vai muito bem. Em outras palavras, falta o “Plano B”. Funciona assim: se você está empregado, ganha um bom salário e tem a possibilidade de poupar e investir, tudo vai bem. Ora, esta é a hora de pensar no futuro e nas eventualidades. Como? Prepare-se, invista e reserve parte do que poupa para situações assim.

O que está acontecendo agora?

Você, como muitos de meus amigos, provavelmente não fez a sua parte. Estava empregado ou trabalhando, mas gastou tudo o que tinha e agora a crise o surpreendeu – considere-se muito bem se ainda estiver empregado, afinal milhões de pessoas perderam seu emprego e outras muitas ainda perderão. Pergunto: onde estão as reservas financeiras para sustentá-lo, mantendo seu padrão de vida por alguns meses (quiçá anos), enquanto procura por uma nova oportunidade? Pois é, cadê?

Quanto tudo é trágico, lembramos da necessidade de ter feito algo diferente, de ter agido de forma mais coerente. Com o dinheiro, tudo isso fica tragicamente mais perigoso. Posso enumerar centenas de razões para você começar a reservar parte de seu dinheiro para emergências, mas preferi discorrer sobre apenas cinco delas:

1. Você não é imune. Problemas de toda ordem irão afetá-lo e, adivinhe, dinheiro será um deles. Direta ou indiretamente, você terá que recorrer a alguma quantidade de dinheiro para sanar ou mediar uma emergência. Pouco ou muito dinheiro, não importa. Você prefere ter o dinheiro ou pagar caro para sair de um problema e entrar em outro? Deixe a visão romântica dos super-heróis para os quadrinhos e a TV.

2. Só se surpreende quem não planeja. A esta altura, acredito que você já aceite que alguma eventualidade poderá apresentar-se em sua vida. Planeje-se para enfrentá-la e torça para que eu esteja errado. Se algo acontecer, você tira de letra e ainda pode se dedicar a melhorar enquanto pessoa e profissional (estudar mais, viajar etc.). Se nada ocorrer, você tem reserva para um futuro ainda mais tranqüilo. Em ambos os casos, você cresce.

3. Não somos obrigados a aprender somente pela dor. As pessoas adoram dizer que só aprende mesmo quem sofre. Considero isso uma grande bobagem. Você quer esperar o banco lhe tomar tudo para então aceitar e compreender a necessidade de se planejar e evitar o endividamento excessivo? Creio que não. Logo, você também não quer ver sua vida mudar drasticamente por conta de uma eventualidade. Ou quer?

4. Criar uma reserva é simples. Já disse e repito: se você vive confortavelmente, criar uma reserva será tarefa deveras fácil. A disciplina para sustentar seu padrão de vida passa pela necessidade de construir seu futuro com investimentos, mas também garantir seu presente através de fundos emergenciais. Portanto, comece a poupar pequenos valores e conte com a “mágica” dos juros compostos.

5. Sua reserva pode ser a porta de entrada para a verdadeira liberdade. Alguns demitidos confessam que não gostavam muito do lugar onde trabalhavam. Com uma reserva financeira adequada para uma emergência (como a tão temida demissão), alguns deles podem finalmente se lançar e trabalhar com algo que realmente gostam ou ainda se dedicar a um período de estudos e melhor qualificação. Isso significa que, mesmo desempregado, você pode construir seu futuro e lutar por sua empregabilidade.

O lado operacional da sua reserva financeira e seu otimismo

Tomara que você já tenha se convencido da necessidade de pensar e agir em prol do futuro. Assim, uma observação muito importante merece destaque: lembre-se de estudar as possibilidades disponíveis para a criação de sua reserva e mantenha-a em investimentos de alta liquidez – onde ela possa ser facilmente convertida em dinheiro. Você pode ler meu artigo “Relacionando-se com a liquidez” para compreender melhor o que o termo representa.

Isso significa que possuir um apartamento não é sinal de que sua reserva financeira está em dia. Imagine quanto tempo você levaria para se desfazer dele. Aliás, onde moraria se o vendesse? “Ok, então se surgir um imprevisto, eu vendo o carro”. Errado! Carro também não é reserva financeira. Poupe e invista parte do seu dinheiro em aplicações seguras (ainda que menos rentáveis) e simples, cuja operação e a retirada do dinheiro sejam imediatas.

Você vai encontrar muitos especialistas que são contra a reserva financeira, portanto interprete este texto de forma independente. Alguns defendem que a velocidade do dinheiro é tudo; outros, como eu, acreditam que nem sempre as coisas vão dar certo e que, muitas vezes, mudar de rumos pode ser uma saída interessante. Sou muito no pé no chão, apesar de agressivo nos planos de longo prazo. Como exemplo, só consegui ser mais feliz e independente porque mudei; e só mudei porque tinha tenho uma reserva bem confortável.

Por fim, um alerta: não pense que o dinheiro vai ficar “parado demais” (rendendo pouco), que você não vai usá-lo ou que emergências não surgirão. A desculpa de que manter uma reserva, um dinheiro “parado”, não condiz com a necessidade de conquistar e crescer só faz crer que ainda não estamos preparados, como população, para sermos um país mais desenvolvido. A mentalidade pobre valoriza demais o otimismo, o que só faz o tombo ser maior. Entre ser otimista e estar preparado, prefira os dois. Afinal, shit happens!

 

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