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Independência financeira, uma questão de opção

por Conrado Navarro
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Independência financeira, uma questão de opçãoCostumo sempre defender que a diferença entre as pessoas financeiramente bem sucedidas e aquelas que lutam para manter-se em dia com suas despesas está na definição e sustentação de metas e objetivos inteligentes e capazes de motivar toda a família a ver, no controle financeiro, o suporte necessário para manter seu padrão de vida e garantir um futuro tranqüilo. Mas, é claro, isso já não é novidade para o leitor que há muito tempo me conhece.

Não raro, ao levar a discussão para ambientes onde a presença de poupadores, consumistas e investidores[bb] se mistura de forma amistosa, tenho a impressão de que muitos ainda não compreenderam bem a simples e eficiente lógica da auto-motivação proveniente do esforço pessoal em busca de uma meta – ato que muda totalmente a frágil relação entre o que se pretende ter e aquilo que realmente se faz necessário.

Logo que a conversa esfria e os argumentos passam a ser interpretados de forma mais ou menos racional, questões inteligentes aparecem para elevar o envolvimento de todos:

  • Que significado o objetivo deve ter para significar tanto a ponto de incutir disciplina e motivação para respeitá-lo?
  • Por que é difícil associar uma meta à necessidade de poupar dinheiro?
  • Como resistir aos apelos de consumo enquanto se investe nos projetos futuros?

Juntos podemos debater as questões por horas a fio. Você certamente tem argumentos suficientes para justificar inúmeras de suas decisões financeiras[bb] e eu outros tantos para questioná-lo sobre janelas onde parte dos esforços poderia estar sendo destinada a projetos de médio e longo prazo. Portanto, as questões levantadas devem servir apenas como pontos pessoais de reflexão. Quero dizer, não há certo e errado.

Abordemos então a questão prática. Como sugestão, falarei um pouco sobre as atitudes e hábitos que mudaram minha vida financeira e garantiram, em pouco tempo, a liberdade advinda da independência financeira. Antes, porém, um alerta: não se trata de uma fórmula de abundância ou riqueza, mas de coragem para quebrar a rotina e incluir, definitivamente, o dinheiro no seu dia-a-dia.

1. Eu não sou vítima!
Comecei assim, ainda jovem e enfrentando os estudos na universidade. Decidi, então, que nada na minha vida seria uma simples coincidência ou golpe de sorte. Assimilei a filosofia tão insistentemente trabalhada por minha família de que sucesso significa ver na sorte uma combinação de talento, vontade e oportunidade.

Em suma, assumi que jamais poderia culpar alguém ou algo por estar sem dinheiro ou sem poder realizar este ou aquele objetivo. Minha situação financeira é uma conseqüência de meus atos e decisões. Então por que pagar caro por qualquer produto? Por que comprar o momento enquanto é possível investir para garanti-lo por muito tempo? Eu tinha muitas perguntas, mas pouco dinheiro[bb]. Faltavam metas concretas e inteligentes.

2. O que eu quero?
Motivado, eu precisava de razões fortes para deixar de consumir. Duas importantes lições mudaram minha maneira de administrar minha vida financeira e, principalmente, minhas decisões de investimento, até então muito conservadoras:

  • Senso de urgência. Compreendi que nem tudo precisa ser realizado e vivido agora, na hora, e que o futuro chega.  A sensação de realização e tranqüilidade que acompanha o bem trabalhado senso de urgência é fundamental para que os esforços no presente não disputem atenção com os objetivos futuros;
  • Prioridades. Lidar com a frustração também foi uma importante herança familiar. Ouvir “não” dos pais em momentos cruciais contribuiu para que eu me acostumasse a conviver com a realidade dos negócios e da profissão. Finalmente compreendi que abrir mão de alguns desejos momentâneos não é grande coisa.

Só depois dessas mudanças consegui definir claramente metas e objetivos para a vida que passava efetivamente a controlar. Tudo escrito, revisto, discutido e priorizado. Faltava ainda o dinheiro e as ferramentas.

3. Quanto custa?
Sabendo o que queria, decidi que era hora de “precificar” cada uma das metas. A idéia era simples: eu precisava trazer o desejo para a vida real, sabendo em detalhes quanto de trabalho seria necessário para chegar lá. Nada de dinheiro emprestado, eu queria ver cada centavo sendo usado para vencer, convencer a mim mesmo de minha capacidade de respeitar meu dinheiro.

Decidi simplificar ainda mais. Listei cada um de meus objetivos e, ao lado, apontei quanto cada um deles custava. Em uma terceira coluna, classifiquei a prioridade. Faltava alguma coisa. Então me perguntei: quanto terei que trabalhar para atingir cada um destes objetivos? Vejam um exemplo de curto prazo, de 2001:

Exemplo de objetivos de curto prazo

Como você pode perceber, a tabela tem significado pessoal, mas serve de registro para tudo aquilo que se deseja conquistar. A idéia de avaliar quanto de trabalho será necessário, esquecendo as possibilidades dadas pelo crédito fácil, cria o comprometimento necessário para respeitar de forma definitiva o poder que passei a exercer sobre minhas decisões econômicas.

4. Com que dinheiro? Em quanto tempo?
Com o objetivo bem definido, corretamente avaliado e respeitado, fica faltando o essencial: disciplina[bb]. Ah, você pensou que o fundamental era o dinheiro? Nada disso! Ele é importante e faz parte do processo, mas para que se transforme em algo de valor é importante que você compreenda seu poder – especialmente quando usado ao lado do tempo.

Aprendi a respeitar o poder dos juros compostos e incorporei o investimento mensal voltado para meus objetivos. Desde então, em todo mês invisto pelo menos 30% das minhas receitas em projetos e metas pessoais (de curto, médio e longo prazo). Independente do que aconteça, este plano continuará sendo respeitado. Sempre.

Ufa! O artigo ficou longo, mas eu decidi publicá-lo mesmo assim. Falei com sinceridade das mudanças de atitude que possibilitaram a sustentabilidade de minha vida e as alegrias de desfrutar da liberdade que a independência financeira é capaz de proporcionar. Espero, sinceramente, que as palavras possam motivá-lo.

——
Conrado Navarro
, educador financeiro, tem MBA em Finanças e é mestrando em Produção, Economia e Finanças pela UNIFEI. Sócio-fundador do Dinheirama, autor do livro “Vamos falar de dinheiro?” (Novatec),  Navarro atingiu sua independência financeira antes dos 30 anos e adora motivar seus amigos e leitores a encarar o mesmo desafio. Ministra cursos de educação financeira e atua como consultor independente.

Crédito da foto para stock.xchng.

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