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Dinheirama Entrevista: Paulo Kretly, CEO da Franklin Covey Brasil

por Bruno Biscaia
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Dinheirama Entrevista: Paulo Kretly, CEO da Franklin Covey BrasilCaro leitor, hoje trazemos para você uma entrevista com Paulo Kretly abordando assuntos relacionados à gestão de mudanças organizacionais, gerenciamento do tempo, liderança, legado e sucesso. Paulo Kretly é presidente da Franklin Covey Brasil e reconhecido palestrante em liderança, gestão e produtividade pessoal e interpessoal. É especialista em gerenciamento do tempo e vem cativando milhares de pessoas e organizações que o procuram com o desejo de manter suas vidas pessoal e profissional equilibradas. Também é autor do livro “Deixe um Legado” (Elsevier).

Aproveite as dicas e tenha uma ótima leitura. Caso não consiga ler todo o artigo de uma vez só, sugiro que guarde-o com carinho e pratique a releitura. Aproveite também para participar do sorteio de um livro ao final do artigo. Desfrute do conhecimento de Kretly e aproveite para colocar a leitura em dia.

Paulo, muito se fala em mudança como uma constante e como um desafio para os profissionais no mundo corporativo. Sendo ela tão importante, mas tão difícil de ser conduzida, pergunto: qual a real importância de mudar e de liderar através da mudança de conceitos e de paradigmas? Qual a melhor forma de se alcançar o envolvimento de todo o grupo da empresa?

Paulo Kretly: O termo “mudança de paradigma” foi introduzido por Thomas Kuhn em seu livro “Estrutura das Revoluções Científicas” (Editora Perspectiva). Na obra, Kuhn mostra como praticamente todas as revoluções no campo da pesquisa científica começaram com rupturas com velhas maneiras de pensar. Ptolomeu, grande astrônomo egípcio, afirmava que a Terra era o centro do universo. Porém, Copérnico, o polonês, enxergou a realidade de outra maneira, colocando o sol como centro do nosso sistema solar. Foi uma quebra de paradigma mundial.

Um paradigma, em sentido geral, é a maneira como “vemos” o mundo – não no sentido visual, mas sim em termos de percepção, compreensão e interpretação. Stephen R. Covey, autor de “Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes” (Editora Best Seller), sugere que um modo simples de entender os paradigmas é o de “vê-los como mapas”. Todos nós sabemos que um mapa não é um território, mas a explicação de certos aspectos desse território. É exatamente o que um paradigma é: uma teoria, uma explicação, um modelo.

Contudo, quer nos levem a direções eficazes ou ineficazes, quer sejam instantâneas ou fruto de longos processos, as mudanças de paradigma nos conduzem a uma visão de mundo para outra. E essas mudanças promovem transformações poderosas. Nesse contexto, umas das dificuldades em liderar através da mudança de paradigmas é o fato de que muitos líderes ainda possuem a mentalidade da Era Industrial, quando as pessoas eram consideradas máquinas que precisavam ser controladas.

Hoje em dia vivemos a Era do Conhecimento, onde os trabalhadores têm mais bagagem intelectual e podem optar como trabalhar e para quem. O líder de hoje precisa enxergar os membros de sua equipe como “pessoas completas” – ou seja, pessoas com corpo, coração, mente e espírito – para poder gerenciá-las e liderá-las da melhor forma possível. Você pode comprar as mãos de um colaborador, mas a mente e o coração ele só dá de forma espontânea.

Grandes líderes se esforçam para criar e manter um local de trabalho onde as pessoas querem estar e no qual podem dar seu melhor. Um grande líder consegue bons resultados com o envolvimento de todo grupo se ele for capaz de: inspirar confiança; esclarecer propósitos; alinhar sistemas e liberar talentos. Esses são os 4 Imperativos dos Grandes Líderes. Devemos lembrar que o exemplo não é a melhor maneira de ensinar, mas sim a única.

Em seu livro “Deixe um Legado” (Campus), você lança perguntas provocativas para que cada um possa descobrir o seu potencial e, além disso, introduz um conceito chamado de Figura de Transição. O que é isso e como se relaciona com um profissional engajado que busca oportunidades e resultados?

PK: Em todos os períodos históricos, nações e áreas de atuação sempre existiram – e continuam existindo – pessoas que quando confrontadas com sistemas, crenças, tradições e hábitos injustos e preconceituosos, decidem não se conformar. Impelidas por uma poderosa convicção e pela força dos princípios que norteiam suas vidas, elas não se detêm diante de pensamentos do tipo “as coisas sempre foram assim” ou “o que eu posso fazer sozinha?”.

Essas pessoas se dispõem a enfrentar qualquer desafio ou oposição para fazer a parte que lhes cabe. Por mais remotas que pareçam ser as chances de vitória, elas persistem. Por maiores que sejam os obstáculos, elas continuam confiantes. Por mais intensa que seja a pressão, elas não se rendem. E por suas ações e atitudes, elas triunfam, mudando para melhor suas vidas e as de muitos outros. Sua influência[bb] positiva pode, em muitos casos, ir além de seu círculo familiar, estendendo-se para a empresa, para a comunidade, para o país, para o mundo e até mesmo para gerações futuras.

Essas pessoas, nas quais denominamos figuras de transição, são exemplos porque não permitem que os deslizes aos quais todos estamos sujeitos se transformem em um padrão, nem deixam que as exceções se transformem em regra. Não é possível ser uma figura de transição sem cultivar o espírito empreendedor, ou seja, sem buscar em si mesmo iniciativas criativas para solucionar problemas, atingir objetivos e transformar aspirações em projetos, projetos em realidade e a realidade em algo melhor. É dessa forma que uma figura de transição se transforma em uma força criativa e empreendedora em sua própria vida – e também nas vidas de outros.

Figuras de transição agem proativamente, não se contentam com o determinismo. Somos nós que fazemos nosso caminho ou nossa estrada já nos foi preparada antes mesmo de nascermos? Podemos moldar nosso destino ou nossa sina já está irrevogavelmente traçada? Responder a essas perguntas equivale a refletir sobre até que ponto somos responsáveis por nossos atos e escolhas, bem como por suas conseqüências.

Sem dúvida, é muito sedutora a tentação de diluir toda essa responsabilidade e invocar causas e motivações genéticas, biológicas, sociais, psicológicas, econômicas, geográficas e muitas outras. De acordo com a Teoria Determinista, nossas ações são determinadas por fatores alheios à nossa vontade. Essa teoria afirma que o comportamento humano é condicionado por três fatores: genética, momento (psíquico) e meio (ambiental).

Do ponto de vista genético, temos uma predisposição para sermos como somos, para fazermos o que fazemos. Por isso, algumas pessoas dizem: “Isso é de família. Eu sou assim, meus avós eram assim, meus bisavós também.” No caso do fator psíquico, somos vistos como pessoas moldadas pelos pais e pelas experiências vividas na primeira infância, e isso determinará nossas vidas até o dia em que morrermos. Já o fator ambiental nos transforma em produto das influências que nos cercam: as condições econômicas e sociais, o trabalho, o chefe, o marido, a esposa. É o caso de pessoas que afirmam: “Como posso fazer algo diferente com o chefe que tenho?”, ou “De onde vim, as coisas são assim”.

Da mesma forma, pode-se recorrer a explicações econômicas, históricas, geográficas, etc., etc. É claro que todos esses fatores são importantes. Eles nos influenciam – e muito. Porém, ao contrário do que prega o Determinismo, eles não precisam ser determinantes em nossas vidas. Enquanto o Determinismo é visto cada vez mais como uma linha de pensamento limitada, e mesmo ultrapassada, ganha força entre os cientistas o Princípio da Incerteza, e uma das interpretações desse princípio é a que aponta o papel da consciência humana na determinação da realidade. Um perfil profissional engajado deve se basear no princípio de que somos livres para escolher e responsáveis por nossas escolhas.

A Franklin Covey é especialista mundial em Gerenciamento do Tempo, tendo inclusive uma ferramenta utilizada por mais de 15 milhões de executivos no mundo. Quando falamos de Gestão do Tempo, uma das frases mais ecoadas é “Primeiro o Mais importante”, do inglês “First Things First”. Penso que, ao invés de nos preocuparmos em gerir o nosso tempo, é mais correto pensarmos em gerir a nós mesmos, as pessoas, com relação às nossas prioridades. O que pensa a respeito disso? O que de mais importante e influente é apresentado aos alunos da Franklin Covey a respeito de gerenciamento do tempo?

PK: Acredito que produtividade está associada à mensuração de tempo, e essa produtividade pode tanto significar bons resultados profissionais como uma melhor qualidade de vida pessoal. E o melhor caminho para chegar lá é saber priorizar, organizar e desempenhar. Um dos problemas de hoje é a falta de tempo, ou melhor, a idéia de que devemos fazer tudo. De acordo com Stephen Covey[bb], é preciso saber dizer sim e não. Devemos dizer não para aquelas coisas que não são prioritárias e dizer um sim contundente para aquilo que é realmente importante.

Passamos a maior parte do tempo resolvendo questões urgentes. Para evitar esse comportamento, que não é produtivo, é preciso selecionar as ações. Os líderes eficazes sabem focar nos assuntos prioritários e realmente importantes, mas não necessariamente urgentes. Para agir desta maneira é preciso ter iniciativa, planejamento, manutenção preventiva e comunicação interpessoal. Em geral, as pessoas só tomam uma atitude diante de uma crise ou de um problema.

Os profissionais bem-sucedidos trabalham naquilo que mais importa e conduzem suas ações a resultados sustentáveis. Todos dispõem da mesma quantidade de tempo, porém uns aproveitam melhor que outros. Novamente, estamos diante da necessidade de se quebrar paradigmas. É preciso ter coragem para mudar. À medida que alguém muda seu comportamento, descobre que sobra mais tempo para realizar trabalhos importantes e criativos. As mudanças não são complicadas e sempre vale a pena tentar. O segredo está em ter disciplina para adotar uma nova rotina.

Nas soluções FranklinCovey, mostramos que existem quatro passos para que você consiga focar o seu tempo naquilo que mais valoriza e nas metas que deseja realizar. Esses passos o ajudam a guiar suas ações diárias sob uma fundação estável e construída sob seus valores mais importantes. São eles: Identifique valores; Estabeleça metas; Planeje-se semanalmente; e Planeje-se diariamente.

Esses passos, juntamente com ferramentas exclusivas, auxiliam as pessoas a desenvolverem a habilidade de planejar sua semana e organizar seus dias para que seu tempo esteja dirigido a tarefas realmente importantes. Elas aprendem a definir metas e dividi-las em tarefas executáveis e importantes, como reduzir o stress diário ao eliminar as atividades desnecessárias, ter a habilidade de gerenciar informações importantes com o sistema de planejamento que você citou, além de equilibrar suas prioridades pessoais e profissionais.

Você disse uma vez em seu blog pessoal que “As pessoas bem-sucedidas têm o hábito de fazer coisas que os que falham não gostam de fazer”. Qual a real ideia por de trás dessa frase? Gostaria de deixar uma mensagem final com dicas a respeito de carreira e de produtividade pessoal para os nossos leitores?

PK: Albert PT Gray diz: “Uma pessoa de sucesso tem o hábito de fazer tudo o que é necessário, mesmo que seja algo de que não goste. Pois o seu gosto está subordinado à força da finalidade daquela ação”. Quais são as coisas que sabemos que temos que fazer, mas estamos evitando por ser algo desagradável? Sempre sabemos quando estamos evitando fazer algo, mas muitas vezes só damos atenção àquilo quando estamos prestes a pagar um preço alto pela negligência.

Um bom exemplo é quando se trata de nossa própria saúde, como não comer direito ou não dormir o suficiente. No fundo, ninguém se arrepende quando se disciplina e realiza o planejado, obtendo resultados satisfatórios. Quando finalmente subordinamos nossas aversões à força do objetivo, o sucesso vem como conseqüência, seja em qualquer esfera da vida.

Gostaria de deixar aos leitores do Dinheirama a importância de se perceber que cada um tem em suas mãos a escolha de deixar uma contribuição realmente significativa na vida. Está nas mãos de cada um de nós a decisão de se tornar uma Figura de Transição ou simplesmente ser mais um na multidão. E nos deparamos com essa decisão a cada dia, a cada hora, a cada minuto. Sempre que temos que escolher entre fazer o que é mais fácil ou fazer o que é certo, entre agir ou procrastinar, entre ajudar ou dar as costas. E é essa decisão que fará a diferença em todos os aspectos de sua vida, seja na carreira ou na vida pessoal.

Nessa jornada, não existem atalhos nem fórmulas mágicas. Como disse Aristóteles, “nós adquirimos virtudes quando primeiro as colocamos em ação. Tornamo-nos justos ao praticar ações justas, equilibrados ao exercitar o equilíbrio e corajosos aos realizar atos de coragem”, e isso é um processo que pode durar a vida toda. Mas o esforço vale a pena. Seja a força determinante de sua vida! Ao encarar esse desafio, você ganha em troca a liberdade de traçar seu próprio destino e o poder de mudar gerações, por meio do legado que deixará. Sucesso!

Livro "Deixe um Legado" (Campus)Sorteio do livro “Deixe um Legado” (Campus)
Quer ganhar um exemplar do livro “Deixe um Legado”? Para concorrer ao sorteio deste livro peço que você escreva, aqui no espaço de comentários, duas coisas: 1) uma frase que indique a sua impressão sobre a entrevista que acabou de ler; e 2) uma frase falando sobre como o Dinheirama está contribuindo para que você deixe um legado cada vez maior e mais significativo.

Lembre-se de usar nome e e-mail verdadeiros para que possamos entrar em contato com você caso seja o sorteado nesta promoção. Valerão as respostas e comentários publicados até 20 de fevereiro, quando faremos o sorteio e divulgaremos o vencedor.

Deixo aqui os meus agradecimentos a Paulo Kretly pela disponibilidade de nos conceder esta entrevista e por nos fornecer um exemplar de seu livro para sorteio. Os leitores interessados podem encontrar o Paulo no Twitter – http://twitter.com/paulokretly. Um abraço e até a próxima.

Crédito da foto: divulgação.

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