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Educação financeira: estamos mesmo aprendendo alguma coisa?

por Conrado Navarro
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Educação financeira: estamos mesmo aprendendo alguma coisa?Aprender a lidar com a gama de produtos e serviços oferecidos por bancos e instituições financeiras parece ser um desafio ainda impensável para um grupo enorme de brasileiros. Muito se fala sobre educação financeira, mas parece que pouco realmente se faz no sentido de transformar informação em conhecimento. Uma reportagem de ontem do jornal Folha de S. Paulo, assinada pelas jornalistas Sheila D’Amorim e Flávia Foreque, trouxe uma conclusão perigosa em relação aos hábitos financeiros de nosso país:

“Além de preferir tomar empréstimos nas lojas de varejo, a nova classe média tem ainda o hábito de comprar fiado, emprestar o cartão de crédito para parentes e amigos irem às compras e quer ter logo o bem desejado em vez de poupar para tê-lo apenas no futuro” – Matéria “Classe C eleva lucro de banco, mas toma empréstimo em loja”, Folha, 21/08/2011.

Contexto histórico
A mudança no quadro socioeconômico brasileiro é clara. Segundo dados da Febraban e do Banco Central, em 2010 o Brasil tinha 141,3 milhões de contas-correntes registradas. O número é praticamente o dobro do de oito anos atrás: em 2002, eram 77,3 milhões de contas-correntes. A chamada bancarização, acesso a serviços financeiros por cada vez mais brasileiros, veio acompanhada de mudanças no setor.

Os cinco maiores bancos brasileiros (Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Caixa e Santander) são maiores que os 50 principais bancos do final de 2002. A reportagem mostra que esses cinco grandes bancos têm 70% a mais em dinheiro e em bens e somam juntos 17 mil agências espalhadas pelo Brasil – número que representava a soma das agências dos 50 maiores bancos em 2002. A concentração bancária aumentou.

Educação financeira para os interessados?
Como aproveitar a ascensão social e permitir que nossa população use serviços financeiros de forma sustentável? Ora, seria natural imaginar um cenário em que o relacionamento entre bancos e clientes fosse cada vez melhor, com mais informação de qualidade e educação financeira. Apesar de melhorias significativas, não é o que acontece.

Uma pesquisa do Instituto Data Popular, feita com 5000 consumidores de todo país, revela que:

  • 73% dos consumidores preferem tomar empréstimos no varejo (lojas populares), ainda que a taxa de juros seja 5% maior;
  • 23% dos entrevistados têm o hábito de comprar fiado;
  • 20% emprestam cartão de crédito para amigos e parentes fazerem compras.

Cabe ressaltar que a mesma pesquisa identificou um total de 40% de consumidores que exprimiram dificuldades em entender os bancos e seus produtos/serviços. Ora, se observarmos que a maior parte das contas correntes (55%) refere-se a famílias da Classe C, uma conclusão vem à tona: a educação financeira não está chegando a quem mais precisa dela.

Que espaço a educação financeira merece?
As iniciativas de educação financeira corporativas são tímidas. O investimento neste sentido é crescente, é verdade, mas ainda longe do ideal. A padronização das tarifas, os serviços de comparação de taxas e a simulação dos benefícios são ferramentas importantes, mas que estão longe da população que mais se endivida no curto prazo.

Mas o brasileiro comum também tem culpa. São raros aqueles que procuram informar-se sobre preços, condições comerciais e diferentes taxas de juros. São ainda mais raros aqueles que leem sobre o tema com frequência e que buscam aprendizado por conta própria. São raríssimos os que lidam com a frustração de forma construtiva, vendo nela a chance de planejar e garantir um futuro melhor.

Empurrada, forçada, trabalhada, procurada ou simplesmente espontânea, a educação financeira precisa ser tema presente no cotidiano familiar. Ou isso ou um brasileiro cada vez mais consumista, rico aos olhos dos outros, mas ao mesmo tempo cada vez mais ansioso, estressado e endividado – e sempre em falta com os seus próprios anseios, de acordo com seu julgamento de ter cada vez mais.

Você pode fazer sua parte. Encare a situação de uma forma mais simples: adianta andar de carro financiado, sem entrada, e fazer questão de abastecer no posto mais barato? Como disse o Prof. Mauro Calil, “em finanças existem aqueles que pagam juros e aqueles que recebem juros”. A diferença? Educação financeira.

Foto de sxc.hu.

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