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Três coisas que seu consultor financeiro nunca disse sobre estar endividado

por Paulo R. Ribeiro
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Três coisas que seu consultor financeiro nunca disse sobre estar endividadoEu tenho estudado bastante educação financeira já faz uns dois anos. Depois de ler o famoso livro “Pai Rico, Pai Pobre”, do Robert Kiyosaki, assumi que o lema para minha vida seria “fazer o dinheiro trabalhar para mim”.

Paralelamente, tenho estudado também maneiras possíveis de sair das dívidas, pois eu mesmo passei por essa situação. Sim, eu fiz uns investimentos de risco e ganhei muita experiência com isso (em outras palavras, perdi dinheiro!). Por isso, estou focando em minhas finanças pessoais para buscar a liberdade em termos financeiros.

O mais curioso nessa situação é que tenho visto a dívida do ponto de vista do endividado. Uma coisa é seu consultor financeiro te ajudar a decidir o que fazer, pois a visão de mundo dele é de uma pessoa com “as contas em dia”, equilibradas; outra é você conseguir colocar em prática todos os passos propostos, com todas as dificuldades que a restrição na renda te impõe (sair menos, corte de supérfluos etc.).

Por isso, venho aqui destacar três pontos importantes que você provavelmente não ouviu em nenhum outro lugar sobre como estar endividado e sair do buraco.

1. Você provavelmente está ganhando menos que o necessário
Vamos dizer que você tenha cansado perder dinheiro para o banco e operadoras de cartão de crédito todo mês. Daí você decide se educar financeiramente, procura livros sobre o tema, vai a encontros, frequenta blogs e começa a colocar os conceitos em prática. Mas, por mais que você corte supérfluos e faça sacrifícios, a conta do mês nunca fecha. Parece familiar?

Bem, as chances são grandes de que você esteja ganhando menos que o necessário para se manter com o mínimo possível. Veja, grande parte das dicas da educação financeira são voltadas para pessoas com maus hábitos de gasto, o que deixa implícito que as pessoas ganham o suficiente, mas gastam mal.

Mas, quase nenhum material é voltado para pessoas que ganham menos do que precisam, pois o problema deixa de ser de educação financeira e passa a ser de educação profissional. Então, o que você pode fazer? É um tema delicado, pois envolve suas aspirações e planos de vida. Algumas ideias de coisas que você pode fazer:

  • Trabalhar horas extras. De preferência, em um ritmo pesado (várias horas por semana), mas por um tempo limitado, de modo que possa levantar uma quantia que faça grande diferença no final do mês. Aqui, a ideia-chave é que você se sacrifique por um período determinado – ou corre o risco de virar escravo do emprego e prejudicar sua saúde/qualidade de vida;
  • Começar um negócio próprio nas horas vagas. Você não precisa investir dinheiro para começar o próprio negócio. Hoje, com a popularização da Internet e as várias ferramentas gratuitas de qualidade, você pode colocar um site no ar com menos de 100 reais por ano. As possibilidades são imensas: um blog sobre sua expertise, uma loja virtual, sites voltados a ganhar dinheiro com propaganda e por ai vai. Para mais informações, recomendo o livro “Vai Fundo”, do Gary Vaynerchuk;
  • Começar uma consultoria. Não importa em qual área você trabalhe, há sempre a possibilidade de fornecer consultoria. Quaisquer que seja sua expertise ou problemas que saiba resolver, com certeza há alguém lá fora inclinado a pagar por esse conhecimento. Aqui, o importante é ter uma grande rede de contatos e saber utilizá-la bem.

2. Você pode ter alcançado o limiar da miséria
É interessante como os conceitos mais curiosos vem de áreas de estudo que nem imaginamos. Por exemplo, em um livro sobre pôquer, o “Poker Tells”, do Mike Caro (ainda sem tradução para português), ele introduz um conceito interessante: o limiar da miséria.

Aqui não falo de miséria como “condição financeira extremamente desfavorável”, mas em um sentido psicológico de sofrimento. Quando estamos passando por uma situação desagradável, seja falta de condicionamento físico, problemas amorosos ou mesmo dívidas financeiras, há um limite de dor que podemos suportar. Ao romper esse limite, simplesmente paramos de sentir dor; a situação para de nos incomodar.

O problema é que, embora a situação não nos incomode mais, ela ainda existe. Então, a partir desse momento ela continua piorando, sem controle, pois sai de nossa supervisão. Por exemplo, vamos dizer que você esteja fora de forma e a barriga comece a crescer. Ela cresce, você fica preocupado, mas não age em cima disso, pois a solução requer um esforço muito grande para você (deixar de comer bobagem, se exercitar etc.).

Enquanto a situação piora, você vai ficando cada vez mais preocupado. Se você não age, em determinado momento seu cérebro começa a achar que a situação não tem mais cura e “entrega os pontos”. Mesmo sabendo que existe um problema, não há mais dor, não há mais preocupação. A barriga vai continuar crescendo e você não vai mais ficar tão chateado. Complicado, não?

O mesmo processo pode ocorrer com suas finanças. Se você não age no problema logo, por mais sacrifício que essa ação exija, você pode alcançar seu limiar e ver a situação sair do controle facilmente. Você terá pensamentos como: “Eu vou comprar isso, sim, afinal não vou conseguir pagar a dívida do banco mesmo”. E ai a coisa vai “ladeira abaixo”.

Caso você tenha achado tudo isso familiar, agora entende por que nunca conseguiu colocar seus programas e planilhas para funcionar. A questão é que você não acreditava ser possível. Agora que você conhece esse efeito, é importante estudá-lo a fundo e identificar as situações em que ele surge para que você corte os pensamentos assim que eles aparecerem.

3. Suas finanças podem ter se tornado seu campo cego
Um outro problema psicológico parecido que você pode estar enfrentando é a existência de “campos cegos” (tradução livre para “Ugh Fields”).

Voltemos ao exemplo da pessoa com má condição física. Outro cenário possível – e mais comum do que você imagina – é a pessoa começar a dieta/tratamento, mas perceber então que esse caminho requer um sacrifício muito grande. Assim, ela termina associando dor ao processo/solução. Com o tempo, apenas ao pensar em “não comer chocolate” ou “frequentar academia”, essa pessoa sentirá dor.

Assim, como um mecanismo de autodefesa, o cérebro dela simplesmente ignorará o condicionamento físico, de modo a fugir da dor. Sempre que alguém falar com ela sobre isso, ela irá fugir do assunto; se ela vir algo na TV, ela mudará de canal. Haverá o surgimento de um verdadeiro ponto cego.

Tudo isso pode acontecer com suas finanças. Por “sair do vermelho” ser um processo difícil, o surgimento do campo cego é algo possível. Faça uma reavaliação de como você se sente em relação à situação, como tem se comportado em direção a isso nos últimos tempos e obterá algumas respostas. Para leitura adicional, você pode ir aqui e aqui (em inglês).

Tomara que você consiga mudar. Eu consegui!
Despeço-me na expectativa sincera de que essas dicas te ajudem de alguma maneira. Se forem o vetor de mudança para te tirar do vermelho, você terá feito meu dia. O importante é agir e não deixar-se dominar pelo comodismo e pela “zona de conforto”.

Você, que já conseguiu sair de situações difíceis, que tipo de conselho gostaria de ter recebido na época? Compartilhe-o conosco no espaço de comentários. Até mais!

Foto de sxc.hu.

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