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Dinheirama Entrevista: Henrique Carvalho, fundador do site HC Investimentos

por Conrado Navarro
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Dinheirama Entrevista: Henrique Carvalho, fundador do site HC InvestimentosQuando o assunto é decidir como e onde investir, é normal notarmos uma certa confusão. Afinal, escolher entre as diversas alternativas de investimento disponíveis hoje em dia não é uma tarefa tão simples – ela pode, inclusive, paralisar o pequeno investidor e simplesmente colaborar para que ele não invista nada.

Para tentar abordar a tão importante questão de como devemos investir, conversamos com Henrique Carvalho, que é o fundador do site HC Investimentos, autor do eBook “Alocação de Ativos” (clique para conhecer), Investidor, tendo participado de entrevistas no Valor Econômico e O Globo. Ele também é corredor amador.

Veja como foi nosso papo:

Henrique, vivemos um momento particular em relação aos investimentos conservadores. Os juros caíram e com eles caiu a rentabilidade da renda fixa em geral. Gostaria que falasse da importância da alocação de ativos em um cenário assim. O que o investidor deve pensar e fazer?

Henrique Carvalho: Infelizmente, a época de ganhar 15% ao ano investindo em renda fixa parece ter ficado para trás e o investidor agora precisa adequar sua carteira de investimentos a esse fato. Assim, a estratégia da alocação de ativos é valiosa porque ela permite modificar facilmente seus investimentos para que eles se tornem adequados para o seu próprio perfil como investidor.

No atual cenário, é inevitável que o investidor tenha de aumentar a sua alocação em ações para manter o mesmo padrão de retorno de tempos atrás. Porém, o risco de sua carteira (volatilidade) também irá aumentar. Esse conceito de risco versus retorno é um dos principais pilares para entender a Alocação de Ativos.

Em termos práticos, o investidor precisará mudar a sua tríade financeira. Esse nome é originado pela composição de três tipos de investimentos:

  1. Renda fixa;
  2. Fundos Imobiliários;
  3. Ações.

Logo, se antigamente ele possuía uma alocação de 60% em renda fixa, 20% em Fundos Imobiliários e 20% em Ações é provável que em um futuro não muito distante ele precise ajustar sua alocação para 40% | 20% | 40%, respectivamente.

Dependendo da dinâmica futura dos juros, poderá ser possível encontrar anos em que a poupança ou até mesmo um título público tenha retornos abaixo da inflação. Ou seja, mesmo poupando o investidor perderia poder de compra. Portanto, acredito que a solução será mesmo aumentar a parcela de investimento em ativos mais arriscados do que a renda fixa.

Sempre que tocamos em assuntos relacionados a investimentos mais arrojados, como bolsa de valores, fundos multimercado, fundos de investimento imobiliário, entre outros, há uma sensação de que o tema é só para investidores experientes. Como desmistificar e garantir a importância do assunto?

H. C.: Investir não é complicado. O que assusta muita gente é a quantidade de informações que são transmitidas para nós investidores – o que nos faz pensar que é preciso ser um expert no mercado para começar a investir.

Gosto de lembrar de uma frase que diz o seguinte: “Knowledge is of two kinds. We know a subject ourselves, or we know where we can find information on it” (Samuel Johnson). Ou seja, nós não precisamos ser especialistas em tudo, mas se soubermos identificar as pessoas mais inteligentes e confiáveis em um assunto estaremos em um bom caminho.

Um conceito que tenho o costume de citar é grande diferença entre ruído e informação. Ruído são todos os dados que você recebe e não aproveita. Informação é tudo aquilo que será útil para você.

É como os melhores momentos transmitidos no intervalo do futebol. Você não precisa rever todos os lances para saber como foi o jogo (ruído). Basta analisar os melhores momentos para entender qual time está jogando melhor do que o outro (informação).

E como combater o ruído e encontrar a informação? Acompanhe, siga e leia somente os meios de comunicação que você julgar importantes para você. Não é preciso assinar 10 revistas ou ler 100 sites sobre finanças e investimentos. Escolha aqueles que prezam por distribuir um conteúdo de qualidade, já “mastigado” para você.

Voltando à analogia anterior, você captura os melhores momentos sem precisar saber de toda a partida. Você terá mais tempo livre, menos informação repetida e poderá tomar decisões melhores por conseguir guardar melhor as informações.

Resumindo, encontre pessoas que já sejam experientes, em quem você confia e que saibam transmitir o conteúdo de uma forma muito simples, mesmo que o assunto seja complexo.

Você é um profissional jovem, que preferiu empreender e lançar-se com o excelente eBook “Alocação de Ativos”. Por que tomou essa decisão? Conte-nos como teve a ideia e o que aprendeu até agora com essa empreitada.

H. C.: Eu gosto dessa pergunta porque tudo o que fazemos na vida é guiado por uma motivação. Não é incomum ver pessoas bem-sucedidas hoje que já passaram por muitas dificuldades (e não falo apenas financeiramente), mas que tiveram de se esforçar bastante para chegar até onde chegaram.

Antigamente, eu passava horas na frente de um computador com o home broker aberto, olhando o sobe e desce das ações. As informações que lia em fóruns de investimentos me mostravam ser possível ganhar 10% ao mês constantemente. A bolsa de valores parecia confirmar isso, já que no meu primeiro mês foi possível ganhar 20%.

Esse evento me transmitiu a (falsa) impressão de que era fácil enriquecer em pouco tempo, apenas investindo. Entretanto, com menos de três meses de experiência investindo, uma forte crise ocorreu no mercado e eu já me via com uma perda de 30% na carteira. Foi quando parei para refletir sobre a estratégia que estava utilizando.

Eu havia perdido minha liberdade, meu tempo e praticamente minha saúde de tanto ficar preso acompanhando o mercado financeiro. Nessa época, eu acreditava que para ser bem-sucedido eu deveria ler todos os jornais, revistas e sites para estar bem informado. Bem diferente da sugestão que dei na resposta anterior.

O tempo é nosso bem mais precioso. Afinal, nós podemos vendê-lo, mas não podemos comprá-lo de volta. Foi nesse ponto que eu parei tudo o que estava fazendo para estudar de verdade o mercado financeiro. O prazer ao ler um livro esteve sempre comigo e em menos de três meses eu já havia lido mais de 30 livros sobre o mercado financeiro. A maioria livros estrangeiros sobre um assunto muito pouco divulgado aqui no Brasil: Alocação de Ativos.

Após utilizar a estratégia de Alocação de Ativos nos meus investimentos, minha maneira de encarar o mercado melhorou bastante. Não ficava mais preocupado em momentos de crise e havia recuperado meu tempo, já que não precisava acompanhar o mercado diariamente.

Minha saúde melhorou porque tinha mais tempo para praticar esportes e, não poderia deixar de citar, o retorno de minha carteira aumentou – tudo isso na contramão do risco (volatilidade), que caiu. Parece até exagerado quando falo, mas até coloquei no eBook: “A alocação de ativos salvou minha vida”. É o breve capítulo de introdução em que conto melhor esse difícil caminho em busca da liberdade.

Falando sobre o eBook, ele foi uma consequência natural do assunto Alocação de Ativos ser praticamente desconhecido no Brasil e ter me ajudado tanto na formação como investidor. O resultado desse caminho é um esforço em reunir as melhores informações sobre o tema e montar um guia para investidores que pretendem ter um controle maior sobre seus investimentos, mas que não desejam passar todo dia na frente do home broker.

O maior aprendizado que tive nessa empreitada foi saber escutar com atenção e muita humildade os problemas que diversos investidores enfrentam e me dedicar ao máximo para entregar um trabalho que ajude de verdade a melhorar, de pouquinho em pouquinho, a cultura de investir aqui no Brasil.

Gostaria que você explicasse com um exemplo simples o papel da alocação de ativos diante de um investidor que deseja maximizar seus ganhos de forma inteligente. O leitor encontrará mais exemplos em seu ebook caso queira praticar?

H. C.: A alocação de ativos é fantástica porque permite que você tenha, por exemplo, um resultado positivo em sua carteira mesmo ela possuindo um ativo com rentabilidade de -90%. Seria perder R$ 90.000 em um investimento de R$ 100.000, sobrando apenas R$ 10.000.

Essa é uma queda que poderia acabar com qualquer tipo de investidor, já que para recuperar esse investimento ele precisaria de um retorno de 900%, ou multiplicar por 10 vezes o seu capital. Porém, note que em momento algum dizemos qual era a alocação desse ativo na carteira.

Imagine que ela fosse de 2% de todo o dinheiro disponível. Logo, dos R$ 100.000 originais, ele investiu apenas R$ 2.000 nesse ativo. Com a perda de 90% ele ficaria com R$ 200 desses R$ 2.000.

Só que agora esses R$ 200 perdidos sobre os R$ 100.000 originais representam uma perda total da carteira de apenas 0,2% (200/100.000) ao invés dos 90% (90.000/100.000). Melhor ainda, se ele tivesse os 98% restantes alocados em um ativo que teve uma rentabilidade de 10% no período veja como ficaria o resultado final:

  • 98% * 10% = 9,8%
  • 2% * -90% = -1,8%
  • Total: 9,8% + 1,8% = 8,0%.
  • Portanto, mesmo com um ativo caindo 90% ele ainda poderia ter um retorno total na carteira de 8%.

Perceba que não há segredo algum aqui. O método da alocação de ativos tem seu foco na quantidade de dinheiro que você coloca em cada ativo (alocação de ativos) e não no momento que você comprou o ativo ou qual é esse ativo. E diversos estudos comprovam os seus benefícios, como esses três selecionados:

  • 90% da variação do retorno de uma carteira de investimentos está atrelada a sua alocação de ativos – clique aqui para ler;
  • 66% dos fundos ativos em ações perdem para o Ibovespa e 78% tem risco maior do que o Ibovespa – clique aqui para ler;
  • O investidor médio em ações obteve uma rentabilidade de 3,9% ao ano, enquanto o índice teve retorno de 11,9% no mesmo período (Asset Allocation, Balancing Financial Risk, página 4).

Esses são dados do capítulo 1 que estão apresentados de forma ainda mais simples no eBook, mais organizados e com um passo-a-passo de como montar sua alocação de ativos na amostra grátis que você pode baixar no site do ebook: www.alocacaodeativos.com.

Como decidir entre investir mais ou menos em renda fixa e/ou variável? Apesar do apoio matemático na otimização de uma carteira, também devemos considerar o perfil do investidor, certo? Idade, aversão ao risco, tempo disponível para cuidar dos investimentos, como lidar com essas variáveis?

H. C.: Sim, prazo de investimento e aversão ao risco são os principais fatores quando devemos analisar o tipo de alocação montado em uma carteira. Por exemplo, se você deseja investir em um período menor do que três anos, não seria recomendável investir mais de 70% de sua carteira em ações, já que o alto risco desse tipo de aplicação poderia fazer com que você tivesse um prejuízo nesse período.

Se esse investidor ainda for um investidor conservador, ou seja, avesso ao risco, ele poderia investir no máximo em torno de 30% em ações para esse período de três anos. Simplificando todas as variáveis, poderíamos sugerir a seguinte tabela para diferentes tipos de investidores, baseando-se pelo seu perfil de risco e pelo prazo de investimento.

Perfil e Alocação de Ativos

Gostaria que você comentasse sobre a decisão de investidores de usar fundos de investimento na composição de suas carteiras. Muita gente é contra e acha que tudo deve ser feito diretamente, mas se o gestor for bom, não é interessante usá-lo para, assim, concentrar-se no trabalho e na família?

H. C.: Esse é um ótimo ponto. Desde que comecei a estudar, a praticar e a ensinar o método da Alocação de Ativos, o foco ao investir concentrou-se em gerar mais renda passiva sem precisar se dedicar extensivamente a essa atividade, sobrando mais tempo.

Afinal, todo investimento está ligado a uma motivação, seja ela a casa própria, uma viagem, uma liberdade de escolha. Nós não investimentos apenas pela razão de gerar mais dinheiro. Compartilho da visão de que ser rico é ter mais liberdade de escolher o seu futuro, de buscar realizar sonhos e não apenas ter mais de R$ 1 milhão na conta.

Portanto, o tempo é um bem extremamente valioso. Porém, sou a favor da ideia de, se for possível, utilizar o mínimo de fundos de investimentos nas carteiras. Reconhecer a qualidade de um gestor não é fácil e até mostro um exemplo no eBook de um gestor de ações nos EUA que bateu (conseguiu um rentabilidade superior) o índice SP500 por 15 anos consecutivos. Pois é, 15 anos!

Você poderia pensar que ele tem o dom para essa atividade e que é garantido que continuará apresentando melhores resultados. Afinal, foram 15 anos sem perder em um único ano para o índice. A verdade é que logo após o seu 16º ano, o fundo despencou e, considerando todo o período de existência do fundo, ele perde para o índice hoje. Nos últimos seis anos o retorno dele foi de -33,67%, enquanto o do SP500 foi de 17,22%.

Essa é uma história real e o famoso fundo é o Legg Mason Trust Fund (LMVTX). Você pode acompanhar o gráfico compartivo dele com o SP500 clicando aqui. Logo, diferenciar sorte de habilidade é complicado. Confiar seu capital somente em fundos significa estar sujeito a esse tipo de risco.

Portanto, a minha sugestão é tentar indexar ao máximo os seus investimentos. E por indexar, eu me refiro a buscar seguir um índice. Por exemplo, não sou favorável ao investimento em ações individuais (como PETR4, VALE5 e etc.). Prefiro os fundos de índices (ETFs), sendo BOVA11 (segue o Ibovespa) e SMAL11 (segue o índice de small caps SMLL) meus favoritos.

Obrigado pela participação e parabéns pelo trabalho. Por favor deixe um recado para os investidores que nos lêem e diga como podem conhecer mais sobre o ebook “Alocação de Ativos” e seu trabalho. Até a próxima.

H. C.: Família Dinheirama, muito obrigado pela oportunidade! É sempre um prazer compartilhar informações aqui com todos os leitores desse ótimo site, referência em educação financeira no Brasil. Acredito que não existe um caminho único para alcançar um objetivo. Entretanto, é a decisão de qual caminho tomar e o seu esforço durante esse caminho que fará você chegar até onde deseja.

O método da alocação de ativos não é definitivamente nenhuma forma de ficar rico da noite para o dia ou que não requer esforço algum. Entretanto, também não faz parte dos métodos tradicionais de investimentos no Brasil em que você precisar olhar todas as notícias, analisar inúmeros gráficos, balanços financeiros e assim por diante.

O objetivo do eBook “Alocação de Ativos” sempre foi apresentar uma estratégia simples, sólida e baseada em estudos acadêmicos que pudesse proporcionar a você mais tempo fora do mercado, livrando-se do estresse de se debruçar em frente ao computador para poder trocar seu tempo por dinheiro.

Se essa entrevista trouxe pelo menos uma nova informação útil, convido você a conhecer melhor o eBook “Alocação de Ativos” acessando nossa página oficial: www.alocacaodeativos.com. Espero que sua leitura e as planilhas que o acompanham mostrem um novo caminho para investir com qualidade e que você possa aproveitar melhor o seu precioso tempo com o que de fato importa.

Crédito da foto: divulgação.

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