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3 Regras de Ouro dos Investimentos

por Conrado Navarro
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3 Regras de Ouro dos Investimentos

Hugo comenta: “Navarro, recentemente vi que você falou das regras de ouro das finanças pessoais. Acho que seria legal publicar alguma falando das regras de ouro dos investimentos, será que é possível? Algo simples, para o leitor comum que quer começar a investir. Espero que a sugestão faça sentido. Obrigado”.

Quando escrevi sobre as 3 regras de ouro das finanças pessoais, confesso que não imaginei que a repercussão em torno do texto fosse ser tão grande. No texto mesmo eu comentei que as sugestões eram muito óbvias, como quase tudo que envolve dinheiro, mas ainda assim recebi muito feedback e mensagens de leitores. Todo esse interesse me deixou muito feliz.

A realidade dos investimentos no Brasil não é das melhores. Segundo uma pesquisa recente do Ibope e alguns dados do IndEF (Indicador de Educação Financeira), criado pelo Serasa, o número de brasileiros que poupou algum dinheiro caiu nos últimos 12 meses.

O grupo cuja renda é menor – até um salário mínimo e de um a dois salários – foi o que registrou o menor recuo no número de poupadores: de 18% para 17% e 26% para 25%, respectivamente. Ficou praticamente estável, mas o número de poupadores é baixo (a renda contribui muito, concordo!).

Entre aqueles que ganham entre cinco e dez salários mínimos, a porcentagem de pessoas que pouparam caiu de 59% em 2013 para 45% neste ano, a segunda maior queda. Na classe de pessoais que recebem de dois a cinco salários mínimos, a proporção de poupadores passou de 43% para 36% no período.

Agora a estatística mais emblemática: entre os mais ricos (brasileiros que ganham mais de dez salários mínimos), apenas 57% dos consumidores pouparam nos últimos doze meses, contra 76% em 2013, a maior queda entre as classes.

Muita gente simplesmente não conseguiu poupar? As coisas ficaram mais caras? Diante de uma realidade em que cada vez mais brasileiros aparecem endividados e com menor poder de compra, investir parece uma “coisa de outro mundo”. Felizmente, não é bem assim.

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3 regras de ouro dos investimentos

Sim, eu concordo que a realidade dos brasileiros pouco convida ao investimento. Desejos de consumo represados por muitos anos, novas possibilidades de compra via crédito (tudo parcelado, claro!) e renda média mensal baixa são obstáculos bastante claros. Mas há também o componente cultural e a questão do hábito.

Pensando especificamente nos leitores que desejam investir, tem condições, mas continuam achando que não são capazes e/ou que não possuem os conhecimentos para isso, decidi publicar o que, na minha opinião, são as três regras de ouro dos investimentos:

Regra 1: Invista todo mês

Investir sempre é muito mais importante do que ter muito dinheiro para investir. Essa afirmação não costuma convencer os investidores iniciantes, que preferem julgar o sucesso financeiro pela capacidade de investir muito dinheiro e não pela decisão consciente de investir sempre.

A lição a ser compreendida aqui é simples: a decisão de investir precisa fazer sentido a ponto de o investimento mensal se tornar um hábito, não interessando sua realidade financeira ou quanto é capaz de investir.

Você pode (deve) começar seus investimentos com pouco dinheiro e, ao fazer dessa atitude um hábito, será capaz de aumentar os aportes à medida que cresce na vida profissional (aumentando seus vencimentos com o tempo).

Prefira não trabalhar com valores absolutos, mas com percentuais. Defina, por exemplo, que você vai destinar 20% da sua renda para investir. Todo mês, religiosamente. Naturalmente, quanto maior for a renda, maiores serão os aportes destinados mensalmente aos investimentos.

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Regra 2: Associe os investimentos a objetivos de curto, médio e longo prazo

Sempre que converso com clientes e amigos sobre investimentos, faço uma pergunta aparentemente simples: quais são os seus objetivos ao investir? Respostas tipo “Ah, eu guardo sempre que posso e assim fico tranquilo” e “Ué, com o objetivo de guardar dinheiro” são comuns. E são perigosas!

Na prática, quem não associa seus investimentos a metas claras corre riscos desnecessários de ceder a tentações de consumo e às chamadas “oportunidades da vida”. De repente, alguém surge com um carro novo – tinha um dinheiro guardado, a ameaça de alta do IPI rondava o noticiário e o desconto no zero foi grande. Pronto, lá se foi o dinheiro poupado e sem objetivo.

Outro exemplo comum? Um dinheiro guardado, um amigo que aparece com uma “chance fantástica de ficar rico trabalhando pouco e de casa” e a ausência de objetivos podem fazer qualquer um enxergar uma oportunidade onde não existe nada. O dinheiro vai ser gasto sem preocupação, porque as prioridades não estão claras e ele não está associado a nada relevante.

Portanto, é preciso sentar com a família e definir objetivos de curto, médio e longo prazo. Lembrando que curto prazo corresponde a 12 meses; médio prazo de um a cinco anos; e longo prazo a partir de cinco anos (eu gosto de pensar em 10 anos ou mais). O que você quer realizar e conquistar em até um ano? E em cinco anos? E depois?

A lição aqui tem a ver com suas prioridades de vida e a necessária motivação para mantê-las à frente das tentações de consumo. Seus objetivos precisam fazer sentido e serem fortes o suficiente para permitir que você, na jornada para realiza-los, seja capaz de adiar consumo de forma consciente.

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Regra 3: Diversifique, mas com inteligência e bom senso

Se não investir é uma decisão perigosa, investir de qualquer jeito também é. Por “investir de qualquer jeito” entenda escolher de maneira preguiçosa os produtos financeiros, não atentar-se para seu perfil e diversificar investindo em produtos de mesma característica de risco.

Aquele que ouviu falar do investimento tal, depois viu alguém mais comentar sobre o mesmo produto e só com isso formou sua opinião é um exemplo de investidor preguiçoso. Deixar que o gerente invista para você também é perigoso. Escolher assim é sempre mais rápido e cômodo, sobra mais tempo para o Facebook, mas os resultados serão baixo retorno e insatisfação.

Seu perfil é importante porque sua idade, seu tempo livre para dedicar-se aos investimentos, seu interesse pelo tema e seu grau de aversão ao risco geralmente definem bem que classes de ativos você deve ter em carteira e quanto de exposição ao risco você consegue suportar.

Investir em diversos produtos parecidos, mas de bancos diferentes, não é diversificar. Atendi um investidor com diversas aplicações em fundos de ações de instituições diferentes, mas de mesma estratégia, e que defendia ter diversificado corretamente seu patrimônio. Errado!

Depois dos alertas, algumas sugestões práticas para investidores iniciantes:

  • Tenha sempre a maior parte de seu patrimônio (de 60% a 90%) em ativos de baixo risco, como títulos públicos (Tesouro Direto), LCI, LCA, CDB e fundos de renda fixa. Investimentos de curto e médio prazo devem estar majoritariamente nestas alternativas;
  • Para os objetivos de longo prazo, tenha sempre uma parcela de investimentos (de 10% a 40%) com alguma exposição ao risco, considerando ai fundos multimercado, investimento direto em ações e/ou fundos de ações;
  • Ao diversificar, preocupe-se com o percentual em cada tipo de ativo (renda fixa, multimercado, renda variável) e seu perfil de risco (cauteloso, moderado e agressivo), e não com a quantidade de produtos financeiros mantidos em diferentes instituições;
  • Procure sempre entender e estudar as opções de investimento disponíveis, mas não faça disso uma celeuma. Comece investindo em alternativas de baixo risco, seguras e com bom retorno (Tesouro Direto e LCI são minhas preferidas) enquanto aprende mais sobre outras modalidades.

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Conclusão

A decisão de investir todo mês não pode mais ser negligenciada diante da perspectiva de mais expectativa de vida e um sistema previdenciário que carece de reformas profundas (a idade para se aposentar deve aumentar e os benefícios devem ser revistos).

Defendo que investir deve ser uma decisão corriqueira, quase que como gastar, mas sei que falar assim parece uma loucura. Se o alerta para a importância dos investimentos sensatos não encontra tanto eco, apelo para as prioridades de vida: você está fazendo o que realmente quer? Investir pode aproximá-lo dessa realidade.

Encerro o texto de hoje convidando-o para uma reflexão importante sobre suas decisões financeiras. Pense em suas atitudes recentes envolvendo dinheiro e investimentos e responda sinceramente: seu comportamento condiz com os objetivos de vida que traçou e deseja alcançar?

Deixo aqui meu agradecimento pela companhia em mais uma leitura. Ficarei feliz se o texto for capaz de provocá-lo, no bom sentido é claro. Obrigado e até a próxima.

Foto “Plant shaped like dollar”, Shutterstock.

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