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Nossos empregos estão sendo eliminados. A culpa é da tecnologia?

por Leonardo Reis
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Nossos empregos estão sendo eliminados. Culpa da tecnologia?

Escutamos há décadas que a ciência e a tecnologia eliminariam os empregos, porém observamos na prática que, ao mesmo tempo em que a tecnologia tem corroído diversos empregos ao redor do mundo nas últimas décadas, ela mesma possibilitou o surgimento de outras oportunidades de trabalho.

Mas será que continuaremos a vivenciar esta tendência, com empregos eliminados pela tecnologia e novos sendo criados justamente por ela?

Acreditávamos que com o surgimento do e-mail, os serviços de correio e postais em breve estariam extintos. Sem dúvidas, bilhões de cartas deixaram de ser enviadas nos últimos anos em função do e-mail, porém esta mesma tecnologia também colaborou com o desenvolvimento de novos mercados. Só o comércio eletrônico gerou bilhões de encomendas e demandas em todo o sistema de transportes e logística mundial.

De fato a tecnologia passará a eliminar mais postos de trabalho do que será capaz de criar. Ou seja, estamos fadados a ver milhares de empregos sumindo nos próximos anos. Seria uma catástrofe ou mais uma oportunidade para a humanidade repensar seus modelos de vida, negócios e trabalho?

Segundo o relatório publicado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF) em janeiro de 2016, o processo de desenvolvimento e avanço da tecnologia em diversas áreas como robótica, inteligência artificial e tecnologia deve eliminar 7,1 milhões de empregos nos próximos cinco anos nas maiores economias do mundo.

O estudo publicado pelo WEF nos permite entender que a tecnologia provocará não apenas um impacto nos modelos de negócios das empresas – gerando disrupção, oportunidades e novos modelos de negócios – mas principalmente no mercado de trabalho, com a substituição de pessoas por serviços automáticos e robôs.

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A tecnologia abre novos mercados e possibilidades de negócios. O economista Brian Arthur, em seu artigo The Second Economy (“Segunda Economia”), publicado em outubro de 2011 pelo Instituto Santa Fe, prevê que em duas décadas haverá uma nova economia do tamanho da economia real que conhecemos hoje. Ele a chama de “segunda economia”, se referindo a economia criada por negócios digitais, sistemas, servidores e sensores.

Esta segunda economia poderá ser do tamanho da economia real em margem de lucro gerado ou até mesmo nas receitas. Brian ainda complementa que essa economia autônoma já automatizou diversas tarefas anteriormente manuais, como gestão de passageiros de companhia aérea (reservas, check-in, segurança, bagagem, faturamento) e transporte internacional (registro, acompanhamento e encaminhamento).

O economista austríaco Joseph Schumpeter em seu livro “Capitalismo, Socialismo e Democracia” (1942), descreve o processo de inovação, que tem lugar numa economia de mercado em que novos produtos destroem empresas velhas e antigos modelos de negócios.

Para Schumpeter, as inovações e empreendedorismo são a força motriz do crescimento econômico sustentado a longo prazo, apesar de que poderia destruir empresas bem estabelecidas e empregos. Ele chama este processo de “inovação destrutiva”.

Já no artigo Race Against the Machine (“Corrida contra as máquinas”), publicado em 2011 pelo MIT, Erik Brynjolfsson observa que os softwares estão corroendo os baixos e médios postos de trabalho como contabilidade e atendimento a clientes. Porém, os postos de trabalho de nível mais altos como engenharia e até mesmo medicina também poderão ser colocados em xeque.

Na área de atendimento a clientes não é difícil percebermos que milhares de postos de contact centers que atendiam ligações de clientes no modelo de 1 atendente para 1 cliente, agora trabalham no atendimento de até 8 ou 12 clientes por posto de trabalho, adotando atendimentos digitais por chat ou serviços eletrônicos.

Na área médica, a IBM lançou o Watson, um supercomputador desenvolvido para diagnósticos clínicos. Em 2014, a empresa anunciou que seu supercomputador passaria a ser utilizado no New York Genome Center (EUA) para fornecer tratamento personalizado a pacientes com câncer no cérebro. O supercomputador tem reconhecimento de linguagem natural – isto significa que a máquina é capaz de comunicar diretamente com pessoas por meio desta linguagem.

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Em outro estudo recentemente publicado, o Instituto Gartner prevê que em 2018 cerca de 20% do conteúdo gerado sobre negócios serão criados por software. Tecnologias transformarão dados e informações analíticas em escrita de linguagem natural.

Sem aprofundar muito no estudo, podemos avaliar que softwares poderão eliminar trabalho de redatores, profissionais de comunicação, escritores e jornalistas.

Além das previsões já citadas, quando olhamos para o que está acontecendo ao nosso redor no setor de transportes, percebemos ainda Uber, Google e diversos outros fabricantes desenvolvendo tecnologias para carros autômatos. Isso significa que até mesmo os empregos de taxistas e motoristas estarão em xeque em determinado momento.

Em resumo, não importa o setor analisado – em todos, teremos evidências de que a tecnologia está eliminando empregos e dificilmente iremos encontrar empresas de tecnologia com dezenas de milhares de empregados como vemos hoje nas indústrias. Portanto, qual será o fim de tantos trabalhadores?

Acredito que o fim será uma tremenda revolução na maneira com que lidamos com o trabalho e como empreendemos. Vivemos um processo irreversível de transformação do emprego e da economia. John Chisholm, que escreve sobre empreendedorismo, liberdade e inovação na Forbes, acredita que a saída para a eliminação de tantos empregos será cada um criar o seu próprio – ou seja, que cada um comece a empreender.

Ele citou, em um amplo artigo escrito na própria Forbes em 2013, Robots And Software Eating Jobs? Let Them, You Can Create Your Own, uma entrevista concedida por Muhammad Yunus, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2006, economista, pai do microcrédito e de negócios sociais. Eis um trecho:

“Todos os humanos são empreendedores. Quando estávamos nas cavernas, todos éramos empregados por conta própria. Procurávamos nossa própria comida para nos alimentar. Foi assim que a história da humanidade se iniciou. Com o surgimento da civilização, deixamos isto de lado e surgiu o trabalho… Assim, a gente se tornou o próprio trabalho e fomos sendo carimbados como Você é o trabalho. E então, esquecemos que nós éramos empreendedores.” – Muhammad Yunus

Se os postos de trabalho deixarem de existir, a única alternativa será criarmos nossos novos empregos. Pra isso, precisamos voltar às origens e retomar a capacidade de empreender. E neste ponto, retomamos à forte aliada do empreendedorismo: a tecnologia. Conseguimos empreender sem ela? O que fazer então?

Qualquer um pode criar negócios na internet para vender ou prestar algum serviço online para qualquer outra pessoa, usando redes sociais, por exemplo. Estas pessoas não fazem isto simplesmente porque é um negócio altamente rentável, mas porque muitas já tiveram seus tradicionais empregos corroídos pela tecnologia.

Se observarmos os séculos XIX e XX, podemos avaliar como cada onda de automação eliminou trabalhos rurais e aumentou a produtividade no campo. No entanto, trabalhadores aprenderam novas habilidades, novos trabalhos foram criados e estes, realocados.

Mas como sabemos, no século 21, a transformação tecnológica é mais rápida, penetrante e profunda. Os computadores são 30 vezes mais poderosos que 30 anos atrás e são máquinas generalistas, que podem resolver problemas em qualquer setor da economia.

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Não temos dúvidas de que a tecnologia e a aceleração tecnológica estão criando valor e aumentando a produtividade. Porém, este progresso não beneficia automaticamente todos em uma sociedade. Os empregos tradicionais serão reduzidos.

Se você já é impactado pela falta de emprego, talvez seja o momento de voltar à origem da humanidade: cada um ser seu próprio empregador.

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