Home Finanças Pessoais E essa história de que as profissões X e Y vão acabar, outras vão surgir? Faz sentido?

E essa história de que as profissões X e Y vão acabar, outras vão surgir? Faz sentido?

por Emerson Weslei Dias
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E essa história de que as profissões X e Y vão acabar, outras vão surgir? Faz sentido?

Emerson, quais profissões estão sumindo do mapa? Esta foi a pergunta da repórter.

Pensei: difícil fazer essa lista, pois eu acredito que as profissões acabam migrando de nome, mas essencialmente se mantem existindo. Por exemplo:

Antigamente tínhamos office-boy (meu primeiro cargo numa empresa em 1991), que entregava memorandos, correspondências, documentos, ia ao banco fazer pagamentos e etc.

Hoje não conheço nenhuma empresa que mantenha um office-boy, mas todas elas, no entanto, se valem do trabalho dos motoboys. Estes essencialmente fazem a mesma coisa que faziam os office-boys.

É verdade que não vão mais tanto ao banco, pois as próprias empresas gerenciam esta tarefa por internet e aplicativos, mas de qualquer forma realizam atividades muito semelhantes às que fazia um office-boy, apenas com algumas adequações à realidade atual.

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Ainda com relação a esse exemplo, vale dizer que antes os office-boys eram garotos menores de idade, enquanto hoje essa profissão restringe-se aos maiores de 18 anos, por exigir habilitação para dirigir (nova competência exigida).

Além disso, motoboys entregam também muita pizza nas residências e escritórios, coisa que há 25 anos não existia. Hoje já existem entregas sendo feitas por drones. Ih, olha ai os motoboys perdendo suas profissões.

Em 2016, o Career Cast, site americano de empregos, listou como profissão número 1 a de Cientista de Dados e a última colocada foi repórter de Jornal escrito.

Bom, analisando somente estes dois dados, já dá para a gente perceber para onde vai a coisa… Cada vez mais high-tech e menos off-line, para usar a linguagem moderna.

Embora eu não conheça nenhum cientista de dados, não posso ignorar essa informação, pois a pesquisa indica uma tendência de futuro.

Da mesma forma, analisando a situação do repórter de jornal escrito, podemos antecipar que, provavelmente e muito rapidamente, ele perderá seu emprego, pois os jornais estão cada vez mais online.

Ainda assim, seu trabalho será necessário e ele terá a chance de usar a sua expertise, sua experiência da mesma forma que antes, apenas mudando seu instrumento de trabalho do papel para online – a essência jornalística, a capacidade investigativa e saber narrar a história permanecerão aspectos importantes. Tem sido assim desde Heródoto (século V a.C).

E o que quero dizer com isso é que cada caso é um caso. Não é porque o segmento desaparece que eu, o profissional (ou a profissão) também desaparecerei. Antes de me desesperar, preciso saber quais são minhas competências e analisar se elas servem para outros mercados, outras funções ou outras profissões que talvez ainda nem existam.

No site do Ministério do trabalho tem a CBO, que é a Classificação Brasileira de Ocupações, que segue uma orientação da OIT (Organização Mundial do Trabalho). Se você olhá-la com cuidado, vai ver que muito do que está lá não bate com a realidade, seja no descritivo do que faz a ocupação, seja pela própria ocupação que já não mais existe.

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Eu diria que as profissões são como os idiomas, elas vão se fundindo, podem até se extinguir, claro, mas é sempre um movimento migratório.

Outro exemplo: não existem mais ascensoristas em elevadores já há algum bom tempo; os elevadores hoje são operados pelo próprio usuário e já estão ficando “inteligentes”, com casos em que não precisamos dar nenhum comando, certo?

Aposto que você concorda comigo. Não existem mais ascensoristas, certo? Eu te digo que recentemente visitei uma empresa onde o dono mantém suas ascensoristas porque ele quer que o visitante seja bem tratado… Olha aí, dá para dizer que a profissão se extinguiu? Reduziu sim e muito, mas não deixou de existir – ah, nessa empresa eles também tem mordomo…

Os agentes de viagem estão com os dias contados, afinal quase ninguém compra seus serviços, pois é possível comprar tudo pela internet. Aliás, por meio dela e das redes sociais é possível verificar se o lugar é legal ou não. Bora fazer as malas!

De fato, o número de agências de viagens vai reduzir, como já reduziu o número de vagas de trabalho como agente de viagem. O efeito já é sentido há algum tempo, mas por outro lado eu conheço gente que não abre mão de ter uma consultoria especializada em viagens e, pasmem, pagam muito por isso!

O mesmo vale para muita gente que diz que não precisa dos meus serviços de coaching de carreira enquanto estão empregados (aliás, coaching nem é uma profissão regulamentada no Brasil, ainda não deu tempo, o mercado é sempre mais ágil que qualquer ministério, primeiro surge a demanda depois se pensa na regulamentação).

No entanto, eles recorrem aos meus serviços quando estão em busca de uma nova oportunidade ou quando acabaram de perder seus empregos. Neste momento, pedem ajuda para a revisão do Curriculum, assessments, coisas pontuais e etc. – a demanda gera trabalho, o trabalho feito e consolidado vira profissão.

Eu faço a mesma coisa quando digo a muitos educadores financeiros (profissão também ainda não regulamentada) que não preciso dos serviços deles, pois considero que tenho uma boa consciência para lidar com dinheiro.

De repente recorro aos consultores financeiros (profissão regulamentada) quando quero saber sobre os melhores investimentos do momento. Educador financeiro é uma coisa, consultor financeiro é outra, o mercado e as competências individuais são distintas.

Então, dizer que as profissões irão sumir pode ser algo não 100% verdadeiro, pois elas migram, se adaptam. Sempre existirá quem pague para continuar recebendo os serviços, seja uma profissão regulamentada ou não, portanto, elas (profissões) sempre existirão.

Mercado de trabalho é uma combinação de duas coisas que ninguém entende na sua integralidade: Economia e Psicologia. Perdoem-me os economistas e psicólogos que, apesar de serem profissões regulamentas, com anos de background, não respondem a grande parte das dúvidas das áreas em que atuam.

Quem acerta os prognósticos para a economia no próximo ano ou produz um plano econômico infalível, ou ainda interpreta sem margem de dúvidas os efeitos gerados hoje na economia? São tantas variáveis.

E do mesmo modo, quem entende a nossa psique ou interpreta a mente humana? Assim, as profissões surgem das oportunidades geradas na economia somadas às capacidades psíquicas dos humanos de gerar necessidades e buscar satisfazê-las.

Ah, sim, muitas vezes necessidades criadas por nós mesmos, sem qualquer possibilidade real de satisfação, o que por exemplo Platão e Sidharta Gautama chamaram de desejo, Schopenhauer de vontade, Freud de libido, Jung de Energia Psíquica e minha mãe de “fogo no rabo” – o que não nos deixa quietos e nos faz sempre ir atrás do novo, de inventar moda.

Existia no passado a profissão de leitor profissional, pessoas contratadas para ler para os trabalhadores; era comum encontrar esses leitores profissionais em fábricas e sindicatos, mas hoje eles não existem mais.

Nada impede que algum empresário queira fazer isso na sua fábrica e pode até virar um sucesso de modo que outros queiram copiar, e olha aí o profissional leitor revivendo, “retrô-vibe”.

Do mesmo modo que o disco vinil voltou com tudo, recentemente o novo proprietário do Jornal do Brasil decidiu publicar a versão impressa novamente na praça do Rio de Janeiro (desde 2010 só havia a versão online).

Aliás a título de curiosidade, diziam que a TV quando inventada iria acabar com o cinema, o cinema acabaria com o teatro, o CD com o vinil e por aí vai.

Hoje escrevemos mais mensagens em um ano que nossos avós em toda sua existência escreveram cartas, adoramos comida japonesa apesar da descoberta do fogo e compramos tempero pronto e industrializado, depois de tantas guerras por conta das especiarias.

Ah, tiramos mais selfies com o telefone do que de fato telefonamos e o super inovador Uber já está ameaçado pelos carros autônomos e pelas fortes e tradicionais leis trabalhistas mundo a fora.

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Tem mais: jovens sem qualquer conteúdo científico, mas com um smartphone na mão produzem dois minutos de vídeos e competem com emissoras poderosas que bancam estruturas gigantescas e custosas.

O novo convive com o velho por algum tempo, depois o velho ainda pode se tornar um nicho, ou não, quem ousa fazer previsões?

Quando eu era criança, nos anos 80, assistia muito aos Jetsons e ficava sonhando com o mundo no ano 2000. Pensava eu: “Terei 25 anos, voarei com meu carro e o meu robô Rose fará a minha cama, tão logo eu levante de manhã. Além disso, vou comer pílulas de café da manhã e serei o chefe da fábrica”.

Hoje tenho 40 anos, não tenho carro, mas também não vejo nenhum deles voando por aí. Aliás, onde moro eles mal se locomovem de tanto trânsito.

Se eu não arrumar minha cama, ela continuará desarrumada; se eu não fizer minha comida, terei que a comprar e a fábrica em que eu sonhava ser o gerente nem existe mais. Para eu escrever esse texto, eu uso um smartphone conectado à internet, coisa que os Jetsons não tinham.

Em geral, as profissões que tendem a desaparecer são as que são manuais, repetitivas, não envolvem interação, empatia, criatividade e solução de problemas, e isso desde a Revolução Agrícola 12 mil anos atrás.

A coisa ainda deu uma acelerada com a Revolução Industrial, um pouco mais recente na história (século XVIII), e agora muito mais acelerada pela tão falada Indústria 4.0. O fenômeno já impactou seus antecedentes, não é novidade, se a sua profissão/atividade se encaixa aqui, CUIDADO! É sempre bom buscar novas competências.

Eu tenho trabalhado muito estes temas na palestra “Reflexões sobre Carreira no mundo atual: a naturalização da adversidade”. É divertido e a reação das pessoas é sempre muito interessante. O que você acha disso tudo? Comenta aí embaixo. Até a próxima!

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