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Não, meu caro, a sua geração não tem nada de especial

por Plataforma Brasil
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Não, meu caro, a sua geração não tem nada de especial

Por Gustavo Chierighini, publisher da Plataforma Brasil Editorial.

É antiga (e cansativa) a retórica que envolve os conflitos de gerações na condução dos negócios e na vida empreendedora. O “lero lero geracional” não reconhece limites.

Repleta de chavões e clichês, essa retórica embala uma ruptura perigosa de diálogo, potencializando preconceitos, desconhecimento e fatalmente emitindo uma mensagem subliminar que desmerece as gerações mais maduras.

Valorizar uma geração em especial, subtrai os prodígios anteriores. Desconectada da realidade, míope e sedenta por reconhecimento, desconhece exemplos de prodígios sempre presentes em todas as gerações, com muitos remanescentes ainda bem ativos com mais de sete décadas bem vividas.

E pior, sua prática é recorrente e cíclica, sempre promovendo a geração mais recente como a mais preparada e melhor talhada para o presente e “futuro”. Neste ritmo, você será o próximo a ser descartado.

Mas isso não é de hoje; sempre foi assim. O resultado disso é o equívoco onde a “geração do momento” em breve será a “geração ultrapassada” e “velha”, cuja contribuição “obsoleta” deve ser esquecida.

Recentemente visitei um pretenso fundo de venture capital focado em startups, que entoava logo na recepção a seguinte inscrição: “Aqui não valorizamos a experiência”. Caso perdido.

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Entendendo o iludido geracional

Já que nem todos as pessoas são providas da astúcia suficiente para identificar essas armadilhas, destaco abaixo algumas características típicas do iludido geracional, seja a sua geração a A, X, Y, Z, ou W.

  • Ele acredita na excepcionalidade da sua geração. Por qual motivo? Porque presenciou caras na faixa dos trinta anos fazerem um bom dinheiro vendendo seus empreendimentos (sempre foi assim, a excepcionalidade não é exclusividade de nenhuma geração. Thomas Edison, o inventor da lâmpada elétrica, já era mundialmente reconhecido aos 29 anos de idade, e isso foi em 1876);
  • Ele acredita que o fato de dominar uma prática ou tecnologia recente, o capacita para “conquistar o mundo”.“Conquistar o mundo” demanda coragem, energia além do comum, astúcia e resistência ao sofrimento inerente ao percurso das grandes ambições;
  • Ele acredita que toda startup necessariamente é uma empresa de tecnologia, ou de games;
  • Ele renega a experiência, no lugar de tentar acumulá-la e ser capaz de absorvê-la a partir de profissionais com mais anos de estrada;
  • Ele possui o senso crítico atrofiado. Não consegue observar nas entrelinhas da sua geraçãoas mesmas características que deplora nas gerações anteriores;
  • Ele é desprovido do conhecimento da história como ciência (afinal ele deplora a experiência), e observa nisso uma vantagem;
  • Ele não gosta de enfrentar a realidade.Quando sua empresa sucumbe ao endividamento ou aos conflitos de sociedade, ele não quebrou ou faliu, apenas passará para uma nova “hipótese” no negócio;
  • Ele esquece que a história é cíclica. Não entende que os negócios são sempre submetidos aos ciclos econômicos, e por isso mesmo fica eufórico com períodos de bonança, esquecendo-se de que o abismo sempre nos espreita;
  • Ele não aceita o próprio envelhecimento e não abre espaço para as gerações mais novas, bloqueando a sua própria capacidade de reciclagem.

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Como lidar com a realidade que requer o convívio de tantas gerações?

  • Sempre que for encarar uma discussão ou debate com profissionais de uma geração muito diferente da sua, prepare-se com argumentos concretos.A racionalidade vale por mil palavras;
  • Saiba escutar com paciência os argumentos que aparentemente são divergentes. E com o mesmo cuidado exponha a sua discordância. Neste contexto, fique livre de emoções ou de retóricas cansativas;
  • Evite estigmatizar seus interlocutores e ofereça no lugar disso maturidade e empatia. Compreenda que a experiência vale muito sim, mas que as novidades que as gerações mais recentes trazem são imprescindíveis para processos e dinâmicas de trabalho;
  • Cultive a sua autoconfiança de forma a ter coragem estocada suficiente para voltar atrás ou reconhecer equívocos na sua abordagem. Essa atitude suaviza os inevitáveis embates profissionais e ajuda a construir laços sólidos de parceria.
  • Deixe a vaidade de lado, sendo grande aos 21 ou aos 70 anos.

 

Por fim, atue com respeito e consideração, absorvendo a experiência e alimentando-se do novo em um processo contínuo de crescimento. Até o próximo.

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