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Caso Neon: Quando a Fintech se torna maior do que um banco

por Ricardo Pereira
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Caso Neon: Quando a Fintech se torna maior do que um banco

Depois de anunciar na última quinta-feira (03) a maior rodada de investimentos série A da história do Brasil (com aporte de R$ 72 milhões), pouco mais de 24 horas, uma verdadeira bomba explodiu no Banco Neon. O Banco Central, determinou sua liquidação extrajudicial, alegando diversas irregularidades na instituição.

O caso trouxe a tona não só o susto que é pertinente aos acionistas e o mercado de uma forma geral, mas levanta uma grave questão, a saúde das fintechs brasileiras  que muitas vezes precisam se pendurar em instituições pra lá de tradicionais e que nem sempre apresentam a transparência necessária.

Para o leitor mais leigo entender o tamanho do problema, do caso Neon, é preciso explicar que existem duas empresas. O Banco Neon S. A. que até 2016 era o banco Pottencial sediado em Minas Gerais, que teve seu nome alterado. Foi esta instituição que quebrou nesta sexta-feira. Do outro lado, a ponta mais conhecida, seu braço digital, que é a Neon Pagamentos, fintech que até 2014 era a empresa de cartões pré-pagos Controly.

É importante salientar que a Neon Pagamentos não sofreu intervenção – mas também não tem nenhum cliente. Todos os seus 600.000 clientes baixaram o aplicativo da Neon Pagamentos, mas na verdade têm seu dinheiro atrelado ao Banco Neon, instituição que até esta sexta-feira era desconhecida pela imensa maioria de seus clientes.

O Banco foi liquidado a fintech não

Para diversos veículos da imprensa, Pedro Conrade, presidente da Neon Pagamentos, respondeu à mesma pergunta que vinha sendo feita desde o início da manhã de sexta-feira por seus correntistas: “Mas não é a mesma empresa?”. Não, esclarece Conrade. O Banco Neon S.A. é responsável pela operação: empresta dinheiro no cartão de crédito e tem 600.000 contas de clientes sob custódia.

Os clientes da Neon não conseguiram abrir seu aplicativo nesta sexta-feira – recebiam uma pouco transparente mensagem de que o aplicativo estava “temporariamente fora do ar para melhorias”. Quem tentou ligar no atendimento ao cliente era atendido por uma gravação semelhante. Na verdade, não puderam operar porque o dinheiro está numa instituição que teve sua liquidação extrajudicial decretada pelo Banco Central.

De acordo com as informações do Banco Central, não existem problemas com as operações das contas dos clientes que ingressaram no banco a partir da Neon Pagamentos. Ainda assim, os recursos depositados nessas contas estão bloqueados . Pelas regras do sistema financeiro, os correntistas que têm até 250.000 reais no Neon serão ressarcidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) num prazo de até dez dias. De acordo com o BC, todos os depósitos são inferiores a 250.000 reais.

Ainda segundo o BC, há um total de 22 milhões de reais nos cartões pré-pagos do Neon. Como esses recursos ficam depositados no Banco Central, estão à disposição dos clientes. O interventor responsável pela liquidação extrajudicial do Banco Neon é Cornelio Pimentel, ex-funcionário do Banco Central.

Um baque para as fintechs? Ou não é bem assim?

Não é novidade para o mercado a liquidação de bancos, o caso Neon, foi uma surpresa pois trouxe a tona justamente uma situação delicada, onde um banco que os clientes acreditavam ser totalmente digital e transparente trazia um extrato de problemas escondidos, misturado a um banco tradicional.

Esta mais do que claro que o Banco Central cumpriu seu papel, ainda assim, é fundamental que exista a partir de agora um olhar ainda mais importante para o sistema, afinal, até que ponto um modelo arcaico e engessado na figura de um banco tradicional pode emperrar toda a inovação que as fintechs podem oferecer?

É importante que desde já não confundamos burocracia com morosidade. A oportunidade de destravarmos um sistema que hoje está concentrado passa pelo crescimento e apoio as Fintechs.

O que vai acontecer com o Neon

O futuro do Neon está sendo construído agora. Nesse momento é difícil apontar os caminhos que serão tomados a partir desse momento.

O sucesso com os números da rodada de investimento são reveladores.

A série A é considerada a primeira grande rodada de uma startup e geralmente é capitaneada por fundos de capital de risco de maior porte. Antes dela, empresas em estágio inicial podem levantar dinheiro por meio de investimento anjo e capital semente. Uma boa rodada série A sinaliza que os investidores consideram o mercado de atuação da startup promissor. No Brasil, o valor médio desse tipo de aporte é de R$ 10 milhões.

Entre os investidores está o fundo brasileiro Monashees e o Omidyar Network, do fundador do eBay, o bilionário Pierre Omidyar.

Em poucos anos o Neon conseguiu ganhar uma legião de fãs. O aporte recebido, deixou claro o potencial de crescimento. É muito difícil recomeçar, mas é essa a única alternativa a partir de agora.

O caminho passa pela transparência, pelo dialogo constante com o ecossistema e com o olhar ainda mais aguçado para ouvir os clientes.

Por sorte (e competência) os profissionais que fazem parte da equipe do Neon têm feito um trabalho incrível, e precisam reconstruir a tênue estrada da confiança que é tão importante no mundo financeiro.

O primeiro passo para superar as dificuldades é encontrar um novo parceiro liquidante, no médio prazo o caminho pode ser o de criar um banco próprio. A morosidade do Banco Central não pode atrapalhar.

Vamos acompanhar.

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