A Boeing (BA; BOEI34) divulgou nesta quarta-feira queda de 8% na receita trimestral, para 16,57 bilhões de dólares, o primeiro recuo em sete trimestres, pressionada pela desaceleração na produção de seus jatos mais vendidos após falha de um deles em pleno ar em janeiro.
A Boeing entregou 67 unidades do jato 737 no trimestre até março, uma queda de 41% em relação ao ano passado. Os fabricantes de aviões recebem a maior parte do dinheiro na entrega das aeronaves aos clientes.
O prejuízo ajustado por ação diminuiu de 1,27 para 1,13 dólar.
A fabricante de aviões dos Estados Unidos disse que a queima de caixa no primeiro trimestre, uma métrica observada de perto pelos investidores, foi de 3,9 bilhões de dólares, em comparação com consumo de 786 milhões um ano atrás.
A Boeing previu que o uso do fluxo de caixa livre ficaria entre 4 bilhões e 4,5 bilhões de dólares, mais alto do que o planejado em janeiro, já que enfrenta a crise generalizada que levou a empresa a mudar sua gestão.
Desde o desprendimento de um pedaço da fuselagem de um jato da Boeing operado pela Alaska Airlines em 5 de janeiro, a agência de aviação dos EUA (FAA) impôs um limite à produção dos aviões 737 MAX, que são os mais vendidos da Boeing. A FAA também ordenou à Boeing a elaboração de um plano abrangente para tratar de “questões sistêmicas de controle de qualidade”.
O presidente-executivo da Boeing, Dave Calhoun, que deixará o cargo no final do ano, disse em uma carta aos funcionários nesta quarta-feira que a Boeing está “em um momento difícil” no curto prazo. No entanto, ele reiterou que a empresa está desacelerando para melhorar a qualidade e a segurança de seus produtos.
“Entregas menores podem ser difíceis para nossos clientes e para nossas finanças. Mas a segurança e a qualidade devem estar e estarão acima de tudo”, acrescentou.
A Reuters informou, no início deste mês, que a produção do 737 MAX, havia caído drasticamente em meio a uma intensificação dos controles de fábrica pelos órgãos reguladores dos EUA.
Analistas alertaram que o ritmo lento das entregas corre o risco de atrasar as metas financeiras e de produção da Boeing.
O diretor financeiro da empresa disse no mês passado que a companhia precisará de mais tempo para atingir a meta delineada em 2022 de ter fluxo de caixa anual de cerca de 10 bilhões de dólares até 2025 ou 2026.
A meta é vista como um marco importante no momento em que a Boeing trabalha para acelerar recuperação de uma crise anterior, após a queda de dois jatos MAX em 2018 e 2019 que mataram centenas de pessoas.
A Boeing também espera um aumento mais lento na taxa de produção e nas entregas do jato de corredor duplo 87, uma vez que a empresa enfrenta escassez de fornecedores “de algumas peças-chave”, segundo um memorando divulgado na segunda-feira.
A demanda por novos aviões continua forte em meio à produção restrita da Boeing e de sua rival Airbus, embora a fabricante de aviões europeia tenha aumentado a liderança no mercado de corredor único no primeiro trimestre.
Calhoun disse que a Boeing terá “em grande parte entregue” as unidades de 737 e 787 em estoque até o final do ano.