O governo da Bolívia anunciou o rompimento de laços diplomáticos com Israel nesta terça-feira, acusando o país de cometer crimes contra a humanidade em seus ataques à Faixa de Gaza.
A Bolívia “decidiu romper relações diplomáticas com o Estado israelense em repúdio e condenação da agressiva e desproporcional ofensiva militar israelense que ocorre na Faixa de Gaza”, anunciou o vice-ministro das Relações Exteriores, Freddy Mamani, em entrevista coletiva.
Mamani acrescentou que a Bolívia pede um cessar-fogo e o fim “do bloqueio que impede a entrada de alimentos, água e outros elementos essenciais à vida”.
A ministra interina das Relações Exteriores, Maria Nela Prada, disse que a coletiva de imprensa foi convocada “em referência aos crimes contra a humanidade cometidos na Faixa de Gaza contra o povo palestino”.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
A Bolívia está entre os primeiros países a romper ativamente relações diplomáticas com Israel por causa da guerra em Gaza, em retaliação ao ataque de 7 de outubro no sul de Israel por militantes palestinos do Hamas que, segundo Israel, matou 1.400 pessoas e fez 240 reféns.
O país sul-americano já havia cortado relações diplomáticas com Israel em 2009, durante o governo do presidente de esquerda Evo Morales, também em protesto contra as ações de Israel em Gaza.
Em 2020, o governo da presidente interina Jeanine Áñez, de direita, restabeleceu os laços.
O anúncio desta terça-feira ocorreu horas depois de Morales ter pressionado nas redes sociais o atual presidente, Luis Arce, para condenar Israel e declará-lo um Estado terrorista.
Na segunda-feira, Arce se reuniu com o embaixador palestino na Bolívia.
“Rejeitamos os crimes de guerra cometidos em Gaza. Apoiamos iniciativas internacionais para garantir a ajuda humanitária, em conformidade com o direito internacional”, disse Arce nas redes sociais na segunda-feira.
As autoridades de saúde de Gaza dizem que 8.525 pessoas, incluindo 3.542 crianças, foram mortas em ataques israelenses desde 7 de outubro. Autoridades da ONU dizem que mais de 1,4 milhão da população civil de Gaza, de cerca de 2,3 milhões, ficou desabrigada.
Os militares israelenses acusam o Hamas, que governa o estreito território costeiro, de utilizar edifícios civis como cobertura para combatentes, comandantes e armamento, acusações que o grupo nega.