Apesar de estar perto das máximas e do nível de 137 mil pontos, o Ibovespa (IBOV) está sendo negociado com um desconto significativo, conforme a análise feita pela Inter Research.
O analista Matheus Amaral questiona se as empresas brasileiras estão realmente em situação tão ruim para justificar esse desconto na bolsa.
“Eu acho que não. Isso porque o nível de lucro das empresas só cresceu nos últimos anos a um CAGR (taxa de crescimento anual composto) de 13% a.a. nos últimos 10 anos. Enquanto o Ibovespa em pontos só cresceu 8,7% a.a. e a relação P/L para os próximos 12 meses sofreu um desconto de 32% de 2014 para cá.”
A análise sugere que, apesar das incertezas, o atual nível da bolsa é insuficiente diante das perspectivas de lucratividade das companhias. Amaral enfatiza que “as estimativas de crescimento do LPA (Lucro Por Ação) do Ibovespa são de crescimento de 13% para 2024 e 19% para 2025”, o que aponta para um potencial de valorização que o mercado ainda não está precificando adequadamente.
No início desta semana, a bolsa apresentou um desempenho positivo, impulsionado pela alta de ações como Petrobras (PETR3; PETR4) e pelos ganhos em commodities como o petróleo e o minério de ferro. Esse movimento contrastou com os mercados internacionais, que tiveram um tom misto. A Petrobras disparou, sustentada por uma recomendação de compra do Morgan Stanley e pela alta do petróleo, que foi influenciada por tensões geopolíticas na Líbia e no Oriente Médio.
Mercados eficientes
Amaral também comenta sobre o valor justo do Ibovespa, refletindo sobre a teoria dos mercados eficientes. Ele sugere que, embora o mercado possa incorporar informações de forma eficiente nos preços, há fatores comportamentais que podem causar distorções. “Quem sou eu para discordar do senhor mercado? Se o investidor está pagando há uns 3 anos 8x lucros para o Ibovespa e tudo mais constante, o fundamento das companhias não tende a piorar para o ano que vem.”
O analista aponta que o crescimento contínuo dos lucros das empresas brasileiras deveria levar a uma valorização maior do índice. No entanto, o desconto atual pode estar relacionado a incertezas econômicas e políticas. Ainda assim, Amaral acredita que o mercado está subestimando o potencial de valorização, dadas as perspectivas atuais.
Enquanto investidores aguardam dados econômicos importantes dos EUA, como o PIB e o índice de preços ao consumidor (PCE), Amaral sugere que há espaço para crescer, independentemente das influências externas. “Os atuais 136 mil pontos são pouco para o que o Ibovespa deveria e pode alcançar dado as perspectivas atuais de lucratividade das companhias.”