As ações dos shoppings brasileiros são vistas como boas alternativas para momentos de incerteza econômica e recessão, de acordo com uma análise publicada nesta semana pelo Santander, assinada pelos analistas Fanny Oreng, Antonio Castrucci e Matheus Meloni.
Eles destacam que, em tempos desafiadores, os shoppings oferecem uma combinação de fundamentos fortes, aluguéis vinculados à inflação e níveis de valuation excessivamente descontados, tornando-se uma opção atrativa para os investidores.
Os analistas atualizaram suas estimativas para os operadores de shopping centers no Brasil, incorporando os resultados do quarto trimestre de 2023 e do primeiro trimestre de 2024, além de novas projeções macroeconômicas.
“Aumentamos a nossa estimativa de custo de capital próprio em cerca de 40 bps em média, à luz da deterioração das perspectivas macroeconômicas”, afirmam Oreng, Castrucci e Meloni.
Eles ressaltam que os shoppings brasileiros são seu tema preferido para investir em tempos desafiadores. A combinação de fundamentos fortes, aluguéis vinculados à inflação e o fraco desempenho do setor, mesmo quando comparado à última recessão econômica, estão entre os motivos da visão positiva sobre o setor.
“Iguatemi (IGTI11) é a nossa top pick, seguida de perto pela Multiplan (MULT3)”, destacam os analistas.
Acredita-se que tanto Iguatemi quanto Multiplan oferecem uma combinação defensiva de valuation excessivamente descontado e forte qualidade de ativos, que se mostraram resilientes durante outros períodos macroeconômicos desafiadores.
“Um aumento nos rendimentos da curva longa de juros sempre foi um motivo para ações que são proxy de juros apresentarem underperformance”, afirmam os analistas.
Shoppings: queda exagerada
No entanto, a magnitude do declínio que as ações brasileiras de shoppings experimentaram recentemente, juntamente com níveis de valuation extremamente descontados em relação aos padrões históricos, levou os analistas a comparar essa underperformance recente com outros momentos desafiadores para avaliar sua validade.
“Contratamos o desempenho das ações do setor em 2024 com o apresentado de junho de 2013 até o fim da recessão econômica de 2014-16”, explicam Oreng, Castrucci e Meloni.
Em 2024, as ações brasileiras de shoppings caíram 21,5%, em média, para cada aumento de 100 bps nas taxas de juros reais, o que é o dobro do declínio médio por 100 bps observado durante a recessão econômica de 2014-2016.
“Os fundamentos dos shoppings brasileiros estão mais fortes agora, em nossa opinião, do que durante a última recessão econômica”, afirmam os analistas.
Poder de barganha
Além disso, as empresas relatam balanços patrimoniais e crescimento do AFFO (Adjusted funds from operations) mais fortes. A oferta limitada de ABL (Área Bruta Locável) deve continuar a fortalecer o poder de barganha dos proprietários com os varejistas, especialmente ativos premium.
“Prevemos uma oferta limitada de ABL, o que deve continuar a fortalecer o poder de barganha dos proprietários com os varejistas”, destacam Oreng, Castrucci e Meloni.
A recomendação de compra para Allos (ALOS3) vem com um preço-alvo de R$ 29,50, ajustado de R$ 31,00 anteriormente. Para Iguatemi, a recomendação de compra é acompanhada de um preço-alvo de R$ 32,50, reduzido de R$ 34,00. E para Multiplan, a recomendação de compra traz um preço-alvo de R$ 33,50, ajustado de R$ 36,00.