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Bolsonaro não deu o golpe por ter ficado ‘com medo de ser preso’

As conversas constam do relatório de 884 páginas no qual a Polícia Federal indiciou Bolsonaro e 36 aliados e militares de alta patente

por Redação Dinheirama
3 min leitura
Jair Bolsonaro

Além de revelarem a esperança de militares com um golpe de Estado na alvorada do governo Lula, mensagens trocadas entre investigados das Operações Tempus Veritatis e Contragolpe inquérito sobre tentativa de ruptura democrática mostram que aliados de Jair Bolsonaro estavam indignados com a falta de adesão do Exército e da Aeronáutica à intentona do ex-presidente e desejam a prisão de generais da cúpula do então governo.

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Eles também conversaram sobre a razão de Bolsonaro não dar um golpe sem o apoio das Forças Armadas. O ex-presidente teria ficado “com medo de ser preso”.

As conversas constam do relatório de 884 páginas no qual a Polícia Federal indiciou Bolsonaro e 36 aliados e militares de alta patente por supostos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. O documento foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República nesta terça, 26.

Os diálogos em que militares atacam as Forças Armadas foram mantidos após a tentativa de golpe do dia 15 de dezembro – que não ocorreu somente em razão da negativa do Exército e da Aeronáutica.

Eles reclamam que “infelizmente a FAB afrouxou e o EB agora também está afrouxando”. “…..somente o MB quer guerra …. o PR realmente foi abandonado…. (…)”.

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No dia 20 de dezembro, o tenente-coronel do Exército Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros atacou os integrantes do Alto-Comando. “Nossos líderes, formados naquela escola de prostitutas né, por escolherem um lado, o seu lado lado pessoal, em detrimento do povo.”

Em seguida, ele explica o motivo de Bolsonaro “não ter publicado o decreto golpista, que estava pronto”. “E o presidente não vai embarcar sozinho porque pode acontecer o mesmo que no Peru.

Ex-presidente Jair Bolsonaro
Ex-presidente Jair Bolsonaro (Imagem: Facebook/ jair Bolsonaro)

Ele está com decreto pronto, ele assina e aí ninguém vai, ele vai preso. Então não vai arriscar.”

No mesmo dia, Cavaliere relatou, em uma outra conversa, que havia falado com Mauro Cid. “(…) Acabei de falar com Cid, e ele falou que não vai ter nada, está pronto, só que não vai assinar por conta disso que te falei, o Alto-Comando tá rachado e não quer…. não quer encampar a ideia (…).”

O interlocutor de Cavaliere na ocasião, o coronel Gustavo Gomes, desabafou sobre a frustração do golpe de Estado.

Eles citam a participação dos generais Braga Netto e Augusto Heleno na trama e expressam o desejo de ver os dois presos, já que o golpe não se concretizou.

Mensagens entre os coronéis Fabrício Bastos e Correa Netto também mostram como o decreto estava pronto, mas não foi assinado por Bolsonaro pelo fato de não ter conseguido o apoio do Exército.

No dia 21 de dezembro, Correa Neto diz que falou com Cid: “Pô… pra esquecer que não vai rolar nada não. Ele falou ó….cara pode esquecer num…deve….o decreto não vai sair”.

Ele segue: “Só faria se tivesse o apoio das Forças Armadas… porque ele tá com medo de ser preso. (…)”.

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(Com Estadão Conteúdo)

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