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Boulos tenta estilo ‘Marçal’ contra Nunes, mas tiro sai pela culatra

Candidato do PSOL tentou ligar Nunes ao PCC, porém levou o mesmo golpe neste domingo após uma denúncia do governador Tarcísio

por Gustavo Kahil
3 min leitura
Guilherme Boulos

O candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, movimentou as pesquisas eleitorais entre o primeiro e o segundo turnos das eleições ao adotar uma postura mais proativa, tanto em apresentação de propostas, quanto em acusações contra o seu adversário, Ricardo Nunes (MDB), ao estilo “Pablo Marçal”. No entanto, apesar de as pesquisas terem mostrado que a diferença entre os dois poderia ficar abaixo de 2 dígitos, Nunes terminou o segundo turno com 59,35% e Boulos 40,65%, com 100% das urnas apuradas.

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A principal denúncia seria a ligação de Nunes com o PCC (Primeiro Comando da Capital), já que a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb), é liderada por Eduardo Olivatto, ex-cunhado de Marcola, líder da facção criminosa.

O ápice dessa estratégia “Pablo Marçal” contra o atual prefeito – agora reeleito – aconteceu durante o último debate entre os dois, realizado pela TV Globo na sexta-feira (25). O psolista pediu aos espectadores que pesquisassem a relação do atual prefeito com Marcola, do PCC.

“Vou aproveitar esse pedido para pedir para pesquisarem no Google: ‘Nunes’, ‘rachadinha’ e ‘Marcola’. Vai sair a reportagem e um vídeo estarrecedor para comprovar o que estou falando”, provocou Boulos. O resultado da pesquisa cai em uma notícia da revista Fórum, que publicou uma denúncia feita por um servidor público de São Paulo que acusa o Nunes de supostamente praticar “rachadinha” antes mesmo de assumir a prefeitura.

O esquema envolveria a secretaria de Olivatto. Nunes teria oferecido cargos para que os beneficiados devolvessem parte de seus salários, ou teria nomeado funcionários fantasmas.

Segundo o denunciante, o esquema ganhou força com a chegada de Olivatto, que supostamente contratou pessoas próximas para controlar contratos emergenciais milionários. Ele relata que o acesso a esses contratos foi restrito a poucos servidores de confiança, e que houve um aumento de contratos superfaturados no final do ano para zerar o caixa da secretaria. Ainda no debate, Boulos se posicionava no caminho de Nunes, quando o prefeito tentava andar pelo estúdio.

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Entrevista com Marçal

Apesar de ter sofrido com acusações falsas sobre um suposto uso de drogas, Boulos aceitou ser entrevistado por Pablo Marçal (PRTB), que foi o terceiro colocado na disputa pela prefeitura de São Paulo no primeiro turno. A expectativa de Boulos era conseguir uma parte dos votos da direita para ele, o que parece não ter funcionado.

Durante a sabatina, Boulos disse que estava havendo uma invasão de loteamento clandestino em São Paulo, voltando a fazer uma menção ao PCC.

“Tem um tipo de invasão que está acontecendo em São Paulo que não tem nada a ver com o movimento social: é invasão de loteamento clandestino ligado ao tráfico de drogas nas periferias da cidade. Os caras vão lá, invadem, desmatam, exploram a pessoa que está lá necessitada, vende o lote e ganha dinheiro com isso. Está acontecendo debaixo do nariz do prefeito”.

“Bandido que usa o sofrimento do povo para ganhar dinheiro, se vierem no meu governo fazer isso, não vai ser a mamata que tem sido com Nunes, não”, dispara Boulos.

Marçal questionou Boulos se ele estaria “copiando” seu estilo de campanha e suas ideias de divulgação. “Teve uma ideia sua (de Marçal) que eu assumi, das escolas olímpicas”, respondeu o candidato.

PCC e Boulos

Apesar das tentativas de ligar Nunes ao PCC, o que aconteceu neste domingo (27) foi justamente o contrário.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que a inteligência do Governo interceptou mensagens do PCC incentivando votos em Boulos. Até o momento da publicação deste texto, contudo, Tarcísio não tinha apresentado provas ou se aprofundado sobre o assunto.

Veja as 2 cartas do PCC sobre Boulos e 1 sobre Santos

De acordo com Tarcísio, “providências foram tomadas para a tranquilidade da eleição. Policiamento foi reforçado nas cidades com segundo turno”, afirmou em coletiva à imprensa, após votar no Colégio Miguel de Cervantes, no Morumbi.

O governador estava acompanhado do prefeito da Capital e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), do candidato a vice Mello Araújo (PL) e do filho do ex-prefeito Bruno Covas, Tomás Covas.

Em resposta, o candidato Boulos afirmou que “o candidato que ele apoia (Ricardo Nunes) que botou o PCC na Prefeitura de São Paulo”. De acordo com o candidato, Tarcísio será processado.

(Com Estadão Conteúdo)

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